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Crônica da Cidade

Museu da República

Correio Braziliense
postado em 19/02/2020 04:08
A visitação ao Museu Nacional da República cresceu 88% entre fevereiro e julho de 2019 em relação a 2018. Em 2018, foram 246 mil visitantes; em 2019, o número subiu para 463 mil, em 13 exposições. Como os números são levantados por mostra e algumas ocorreram simultaneamente, em espaços diferentes, é possível que o cômputo geral inclua a visita das mesmas pessoas mais de uma vez, informa Luiza Garonce, em matéria para o G1.

Em 2018, a mostra que recebeu mais público foi Imagens impressas: um percurso histórico pelas gravuras da Coleção Itaú Cultural, com 46.266 pessoas, entre 22 de maio e 22 de julho. Na sequência, figura a mostra JK — O silêncio que grita, com 32.377 visitantes. Charles Cosac assumiu a coordenação do Museu da República em 2019. E, sob a sua direção, a mostra mais visitada foi O ritmo do espaço, de Yutaba Toyota, de 2 de abril até 16 de junho, com 67.190 pessoas. Em segundo lugar, ficou Ato, teatro e dança —Artes cênicas das décadas de 1980 e 1990 sob o olhar de Mila Petrillo, com 59.664 visitantes.

O caso do Museu da República merece estudo. Em princípio, ele teria tudo para se tornar um fracasso monumental. É uma das obras menos inspiradas de Niemeyer. Já apelidaram o espaço de cuscuz e de iglu. Pode ser que componha com outros elementos da paisagem. Mas é um bloco monolítico sem nenhuma relação de leveza e transparência de outras obras de Niemeyer. Além disso, é muito árido, não se vê ali nenhum jardim ou árvore para mitigar a incandescência do sol nos dias mais quentes.

No entanto, o Museu se tornou pista de skate, espaço para shows à luz das estrelas, cenário para batalhas épicas de rima e roteiro de exposições. As apropriações são surpreendentes e imprimiram vida ao lugar. O iglu virou encosto para beijos intermináveis. É um dos territórios mais frequentados da cidade. Porque é um ponto de passagem de quem vem da Rodoviária ou de quem volta da Esplanada. De qualquer maneira, é muito alentador constatar o interesse dos brasilienses pela cultura, quando lhes é dado acesso. E, também, que a exposição de uma fotógrafa sobre a produção de artes cênicas das décadas de 1980 e 1990 tenha sido vista por quase 60 mil pessoas. Revela o reconhecimento da cidade pelo trabalho do fotógrafo e pelos artistas de Brasília.

A maioria das fotos foram tiradas quando ela era repórter fotográfica do caderno de cultura do Correio Braziliense. As imagens da Mila nos ajudam a perceber que, com todas as condições adversas, Brasília construiu um vigoroso movimento de artes cênicas nas décadas de 1980 e 1990, que se estende até hoje. Os mandatários precisam perceber que é a cultura que confere dignidade a Brasília.

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