Correio Braziliense
postado em 20/02/2020 06:00
A possibilidade de ampliação de uso e ocupação do Setor de Indústrias Gráficas (SIG) leva otimismo aos empresários da região. O projeto de lei complementar (PLC), aprovado na terça-feira pela Câmara Legislativa, prevê a diversificação de atuação, com atividades industriais, comerciais, de serviços e institucionais. Com a norma, o Executivo local aposta na geração de emprego e renda. Entre as mudanças está a previsão de prédios de até 15 metros de altura. O PLC segue agora para sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB).
O empresário Alexandre Matias Rocha, 48 anos, enxerga a mudança como um avanço para o SIG. “A cidade mudou, e surgiram novas necessidades. Com a regularização e a liberação dos alvarás, vamos conseguir gerar mais empregos e movimentar a economia local”, destaca. Dono de uma construtora e incorporadora que atua também na geração de energia limpa, Alexandre espera criar mais de 70 empregos diretos com a alteração prevista pela futura legislação.
A empresa dele, a Cygnus, fica no Edifício City Offices desde 2014. De acordo com o empresário, além de regularizar a atividade, a mudança possibilita o investimento com parcerias com empresas estrangeiras. “Antes, não podíamos trazer investidores de fora (do Brasil), porque não tínhamos alvará. Isso dificultava muito”, relata. Alexandre também é proprietário de 22% do prédio. “Estamos reformando todas as salas e criando espaços para abrigar as seis empresas parceiras do grupo. Queremos concentrar todos os escritórios aqui”, adianta.
Para o gerente de restaurante Fogão Nativo, Heitor Vasconcelos, 36, a chance de ter o estabelecimento regularizado é uma ótima notícia. “Não só para a gente, mas para muitas empresas que estão irregulares aqui. Para o setor, será muito bom. Até os prédios que, atualmente, estão desocupados terão movimento e mais pessoas vão querer vir para cá”, avalia. Há 20 anos na região, o restaurante recebe, em média, 200 pessoas por dia. O espaço deve passar por uma reforma para aumentar a capacidade de público e obter o alvará com nova identidade visual.
O empresário Caio Melo, 61, mantém uma empresa de comunicação no SIG há 40 anos. “Tenho acompanhado de perto essas mudanças. Antigamente, não achava uma loja para alugar aqui, era tudo ocupado. As lojas foram fechando, as salas ficaram desocupadas. Então, essa ampliação será ótima”, acredita. Para ele, o que ficará ruim é o trânsito. “Principalmente no horário de pico, pois acredito que não vai poder mexer na rua. Além da questão do estacionamento, que tem pouco”, alega.
Além da empresa de produção gráfica, Caio administra um café no térreo da loja. “Consegui abrir a cafeteria há dois anos, com o mesmo CNPJ da empresa de comunicação, mas, se precisar mudar e separar as duas coisas, eu faço”, diz. Ele também espera a valorização do comércio, assim como o aumento de clientes.
Para Cauciano Tonello, dono do Bar Serpentina, existe a expectativa de aumento do público. “Eu ainda não li o texto aprovado, não sei dizer muita coisa. Mas pelo que fiquei sabendo vai facilitar muito. Principalmente por saber o que pode ou não pode ter. Com certeza, é uma melhoria para a gente”, pontua.
Desenvolvimento
Durante agenda pública na manhã desta quarta-feira (19/2), o governador Ibaneis Rocha (MDB) comentou a aprovação da proposta. Ele destacou que é preciso pensar em soluções e que o projeto recebeu aval de entidades como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Aquela área se tornou ociosa. Nós temos de pensar no desenvolvimento da cidade. É uma área muito valorizada e da qual o DF precisa para se desenvolver. Vai ajudar também os moradores do Sudoeste, que carecem de serviços, e tenho certeza de que a população vai assimilar”, comentou.
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços, e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF), Francisco Maia, o principal ganho com o projeto de lei será a valorização dos lotes no Setor de Indústrias Gráficas. “O SIG é uma região em que quase tudo está irregular. Muitos empresários começaram atividades que não eram condizentes com a destinação do espaço. Precisava dessa mudança de destinação para atender as necessidades do setor. E isso, com certeza, vai mexer com a economia local”, argumenta.
Colaborou Alexandre De Paula
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