Cidades

A folia no Distrito Federal é democrática com espaço para todas as gerações

A diversidade do carnaval de Brasília está em alta. Na festa, tem espaço para todos!

Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 06:00
A tia Mercês Parente ensinou a família toda a gostar dos festejos de momoMúsica, brilho e muita festa de rua. Carnaval é tempo de tirar todo mundo de casa e dar espaço a foliões de diversas idades. Para muitos, a festa começou desde janeiro, nos pré-carnavais, e deve se estender até depois do feriado, em tradição que passa de geração em geração.

É o caso da família Amâncio. O patriarca, Antônio Amâncio, 70 anos, todos os anos vira o Roberto Carlos do bloco de rua mais tradicional de Brasília: o Pacotão. Servidor público aposentado, natural de Recife (PE), Antônio pula carnaval desde os 10 anos de idade, por influência dos pais. “Sou pernambucano e tenho o sangue na veia do frevo e do carnaval de rua. Esse costume veio das minhas origens nordestinas e da influência dos meus pais, que me levavam para a festa desde a minha infância”, relembra Amâncio.

Morador do Distrito Federal há 25 anos, o Roberto Carlos do Pacotão diz preferir o carnaval candango ao de Recife. “Apesar de eu ser pernambucano, prefiro passar o carnaval em Brasília. Já virou minha tradição”, comenta. Antônio frequenta serestas até hoje, para dançar valsa com a mulher, Marluce Carmelita, 69, também servidora pública aposentada. A prática é um resquício dos bailes de carnaval em Recife, que o casal frequentava na juventude.

Há quatro anos, eles vivem também o bloco familiar do Sapecoso, criado em homenagem a Heitor, neto caçula da família. A mãe de Heitor, Nádia Fernandes, 38, não frequentava as festas até começar a namorar o filho mais novo de Antônio. Hoje, a servidora pública é fã de carnaval e mais ainda de seu sogro. “Na nossa família, fazemos tudo juntos, e no carnaval não é diferente. O Heitor nasceu e nós queríamos criar nossa brincadeira, então, surgiu o bloco”, diz.

União

O feriado é sinônimo de união para muitos brasilienses. A secretária e mãe de duas meninas Jéssica Caetano, 27, reúne as amigas que são mães e vão para o carnaval. “Nós sempre nos juntamos e embarcamos na folia com a criançada”, conta. Há três anos, a secretária leva uma de suas filhas, Cecília, 6. Helena, a caçula, de 2 anos, caiu na folia pela primeira vez no ano passado e adorou. O bloco da Baratinha é o preferido da família Caetano. “O evento sempre acontece no domingo ou na terça. Sempre as levo de fantasia, passo glitter, compro espuma, confete... Minhas filhas amam”, conta Jéssica.

Um costume ensinado pelo pai na década de 1960 fez com que Mercês Parente, 68, vivesse desde pequena a paixão pelo carnaval. A piauiense adotou Brasília como lar desde que a família se mudou para capital, à época da fundação. De lá para cá, teve inúmeras passagens por bloquinhos, festas e, claro, os tradicionais desfiles que deram origem ao carnaval brasiliense.

Mercês, que sempre brinca ao afirmar que “não nasceu, mas chegou acontecendo”, realmente o faz, em cada mês de fevereiro, como quando foi eleita a “perfeita” do Bloco do Amor — reconhecimento semelhante à rainha do bloco — no ano passado. A animação é tanta que influenciou sobrinhos e amigos, em diferentes gerações, a também gostarem da festa.

“Quem ensinou a amarmos carnaval foi meu pai. Ele sempre tinha o costume de levar os filhos para brincar. Tínhamos uma caminhonete e um jipe, e íamos com ele participar do desfile de Corso — em que carros fazem parte do cortejo, e as pessoas vão em cima. Quando chegamos a Brasília, também passamos a ir para os carnavais. No começo, eram principalmente festas em clubes”, relembra a também funcionária pública aposentada. O hábito foi o mesmo reproduzido pela “tia Mercês”, aos sobrinhos. No carnaval de Brasília dos anos1980, era ela quem colocava as crianças em um Fusca e parava ao longo de festas para brincar.

Mercês tem 12 sobrinhos que vivem em Brasília, que em sua maioria carregam a paixão pela festa, assim como a tia. As irmãs Emanuela Parente, 41, e Monique Parente, 43, por exemplo, contam com alegria as histórias que viveram com a tia na infância. “A gente subia no carro com o porta-mala aberto e ia andando pela cidade. Ela levava a gente para o Pacotão. Era uma delícia”, conta Monique. “Ela tinha toda a energia de levar para bailinho, matinê, tudo de criança. Até hoje, quem sabe o que tem no carnaval e faz o convite é ela”, completa Emanuela.

Em 2020, a família esteve em diferentes festas do pré-carnaval, e a expectativa é marcar presença em mais uma série de bloquinhos, com fantasias e elementos que defendem a cultura e outras questões, como a preservação do meio ambiente.  “O carnaval é um momento de afirmação, as pessoas precisam de referências e modelos, e meu viés político é muito forte. Eu sou uma ‘velha’ que o pessoal diz: quando crescer, eu vou ser igual à senhora, mas não tem idade. É ir para o carnaval, rir e brincar”, diz Mercês.
 
* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer

Troféu #CBFolia elege o melhor do carnaval 

Atenção, foliões e carnavalescos: preparem a purpurina e as fantasias. O Correio Braziliense promove, neste ano, a 5ª edição do Troféu #CBFolia, que vai premiar os blocos de rua de destaque no carnaval 2020. O objetivo é ressaltar a importância da cultura do carnaval de blocos no Distrito Federal, da diversidade musical e da relação de pertencimento do brasiliense com a cidade.

Os ganhadores serão escolhidos por uma comissão do Correio, que visitará os concorrentes, avaliando quatro critérios básicos: sustentabilidade, estrutura, animação e respeito ao próximo. Além disso, a fantasia mais descolada receberá um prêmio. Quem quiser participar, basta compartilhar imagens dos eventos pelo Instagram, usando a hashtag #cbfolia.

A comissão julgadora vai levar em conta critérios como criatividade, originalidade e contemporaneidade. As melhores fotos serão divulgadas no jornal impresso, ao longo do feriado, e no site do jornal. O concurso terá início nesta sexta-feira (21/2) e terminará na quarta-feira de cinzas. A premiação ocorre em 6 de março, data de divulgação dos resultados. A cerimônia de entrega do Troféu #CBFolia será aberta ao público e feita no edifício-sede do Correio Braziliense, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).

Edições anteriores

No ano passado, quem levou o troféu foi o Bloco das Montadas, que desfilava pelo segundo ano. A festa, com temática LGBTQ%2b, contou com desfile de drag queens e muita alegria no Setor Bancário Norte. O público estimado em 45 mil pessoas superou as expectativas dos organizadores. Neste ano, as Montadas se concentram no mesmo local, no sábado.

A medalha de prata de 2019 e campeão de 2018, o bloco Eduardo e Mônica, está agendado para o Setor de Clubes Sul, no domingo. Eles repetem o local do ano passado, quando 18 mil pessoas se reuniram no Yurb. O grupo é figurinha carimbada no DF, trazendo no repertório musical muito do rock feito em Brasília nos anos 1980.

Para 2020, o Governo do Distrito Federal espera um público de 1,2 milhão de pessoas nas ruas. Os maiores blocos serão concentrados no Polo Funarte. Por lá, passarão Raparigueiros, Galinho e Pintinho de Brasília. A Baratona deve se concentrar próximo à Torre de TV. Outros locais de festa no Plano Piloto serão o Parque da Cidade, Praça dos Prazeres, e os setores Bancário e Comercial Sul.

Os vencedores

Veja quais blocos levaram o Troféu #CBFolia nos anos anteriores:

2019
Montadas (1º)
Eduardo e Mônica (2º)
Bloco do Seu Júlio (3º)
Divinas Tetas (menção honrosa)

2018
Eduardo e Mônica (1º)
Agoniza mas não morre (2º)
Raparigueiros (3º)
Pacotão (menção honrosa)

2017
Babydoll de Nylon (1º)
Raparigueiros (2º)
Eduardo e Mônica (3º)
Divinas Tetas (menção honrosa)

2016
Galinho de Brasília
Baratona
Suvaco da Asa
Babydoll de Nylon (menção honrosa)

Programe-se com alguns blocos de rua gratuitos

Sábado (22 de fevereiro) 

Asé Dudu

Praça dos Prazeres (201 Norte)
A partir das 19h. Bloco de carnaval para as comunidades afro-descendentes. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Portadores da Alegria 

Parque da Cidade (Estacionamento 12)
A partir das 14h. Bloco de carnaval para todos. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Galinho de Brasília

Estacionamento da Funarte (Polo de Carnaval)
A partir das 17h. Bloco criado por amigos pernambucanos inspirado no Galo da Madrugada, que arrasta milhares de pessoas da capital, há 28 anos, com um dos desfiles mais tradicionais da cidade. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 
 
Bloco As Leis de Gaga

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 11h. Bloco de carnaval LGBTQI com pop nacional e internacional no palco 24. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Bora pra Cuba

Praça dos Prazeres (201 Norte)
A partir das 20h. Bloco de carnaval compartilhando o que há de melhor na cena cultural e barrando preconceitos/xenofobias. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Deus ajuda quem Seu Madruga

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 5h. Bloco de carnaval com brasilidades, ragga e eletrônico em um trio no SCS. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco do Patubatê

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 13h. Bloco de carnaval com o grupo percussivo Patubatê, 3 no Brega e o cortejo do Afoxé Omó Ayó. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

 
Bloco Triângulo das Brejeiras

Parque da Cidade (Estacionamento 4)
A partir das 9h. Bloco de carnaval. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Rebu

Parque da Cidade (Estacionamento 4)
A partir das 15h. Bloco de carnaval LGBTQI com a banda Rebu. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

Domingo (23 de fevereiro) 


Bloco Baratinha

Parque da Cidade (Estacionamentos 12 e 13)
A partir das 14h. Bloco com músicas infantis e antigas marchinhas de carnaval. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco dos Raparigueiros 

Eixo Monumental (Altura da Torre de TV)
A partir das 17h. Bloco fundado em 1992 com o objetivo de desenvolver projetos musicais, atrações e eventos junto com empresários e órgãos governamentais. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Brega & Rosas

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 12h30. Bloco de carnaval com clássicos do brega em versões inusitadas no palco 23. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 

Bloco das Montadas

Setor Bancário Norte (SBN)
A partir das 14h. Bloco de carnaval LGBTQI com Performances de artistas drags, Djs e atrações musicais com a banda brasiliense Contém Dendê, a drag queen Pikineia, a funkeira Pepita, e a banda carioca Candy Bloco. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 

Bloco é de Nãnan

Praça dos Prazeres (201 Norte)
A partir das 20h40. Bloco de carnaval com cultura afro-brasileira e ritmos como afoxé, samba-reggae e afro-brasilidades. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 

Bloco Vai Virado Viado

Setor Comercial Sul (Via S2)
A partir das 5h. Bloco de carnaval after com o Dj Edu Corelli e intervenções artísticas das drags queens e performers Joana Darkroom, Shayennie Aparecida e Cerradynho. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Confronto Soundsystem

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 17h. Bloco de carnaval com música eletrônica no palco 23. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Ventoinha na Tesourinha

Asa Norte (205/206 Norte)
A partir das 16h20. Bloco de carnaval com a Orquestra Alada Trovão da Mata e Bonecos gigantes. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

Segunda (24 de fevereiro) 


Bloco das Divinas Tetas

Asa Norte (207 Norte)
A partir das 12h. Bloco de carnaval com Djs e show Divino tocando brasilidades e tropicalismo. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco das Barbadas

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 18h. Bloco de carnaval LGBTQI com house music em um trio na via S2. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 

Bloco Filhos de Gueta

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 05h. Bloco de carnaval com eletrohits em um trio no SCS. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Maria Fumaça

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 18h. Bloco de carnaval com sons jamaicanos em um trio no SCS. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

 
Bloco Rainhas do Babado

Praça dos Prazeres (201 Norte)
A partir das 17h. Bloco de carnaval LGBTQI com rap, trap, funk, brega funk e outros estilos. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Segura o Grave Aê

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 18h. Bloco de carnaval com black music no palco 23. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Vai que Cola

Praça dos Prazeres (201 Norte)
A partir das 15h. Bloco de carnaval com diversidade musical. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Oxente, Véi

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 12h. Bloco de carnaval com trio na via S2. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

Terça (25 de fevereiro)


Bloco das Caminhoneiras

Parque da Cidade (Estacionamento 4)
A partir das 15h. Bloco de carnaval LGBTQI . Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

 
Bloco Na Batida do Morro

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 9h. Bloco de carnaval com funk em um trio no SCS. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Pega Ninguém

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 15h. Bloco de carnaval com música popular de vários estilos no palco 23. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Saci Weré e Bloco Fela

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 12h. Bloco de carnaval com brasilidades e tropicalista no palco 23. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 

Bloco Santo Pecado

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 19h. Bloco de carnaval com grupo de percussão que toca músicas afro como samba-reggae, axé, ijexá, afoxé e entre outros no palco 23. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 
 

Bloco SKA Niemeyer

Praça dos Prazeres (201 Norte)
A partir das 17h. Bloco de carnaval com marchinhas, frevos e outros estilos com Sací Weré, Muntchako e SKA Niemeyer. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 


Bloco Super Saia Jeans

Setor Comercial Sul (SCS)
A partir das 14h. Bloco de carnaval com forró em um trio na via S2. Entrada franca. Classificação indicativa livre. 

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