Cidades

Da liberdade à diversidade

Blocos transformaram lugares como a Praça dos Prazeres e o Setor Carnavalesco Sul em grandes palcos, com diferentes opções de festas para todos os públicos e idades, do axé ao samba

Correio Braziliense
postado em 23/02/2020 04:06
Ana Júlia Melo e as amigas Giovana Dachi  e Sabrina Menezes curtiram o carnaval na Praça dos Prazeres


A rua foi o palco. Blocos tradicionais de Brasília aproveitaram os espaços da cidade para celebrar o primeiro dia de carnaval com festas que mesclaram diferentes idades, cores e estilos. A Praça dos Prazeres e o Setor Carnavalesco Sul se consolidaram como exemplos desta identidade e atraíram multidões. Na praça, a festa começou às 17h e atraiu mais de cinco mil pessoas, segundo a organização do evento. Com fantasias diversificadas, os foliões se divertiram ao som do bloco de matriz africana Asé Dudu, Comboio Percussivo e o Dona Imperatriz. “Trabalhamos há 14 anos para fazer um carnaval bonito e alegre, com respeito e diversidade como lemas”, afirmou a coordenadora do evento, Juliana de Andrade. 

A empresária Ana Júlia Melo, 30 anos, participa no carnaval da Praça dos Prazeres pela quarta vez consecutiva. Com a palavra “feminista” escrita no peito, Ana considera que a folia vai além da dança. “O carnaval envolve ato político e é uma expressão cultural e ideológica. É hora de tirar algumas máscaras. Para mim, a festa na praça é uma das melhores”, contou. Os múltiplos sons também agradaram. A artista plástica Auana Borem, 27, é presença constante no bloco e gostou da diversidade. “Adoro as músicas que o pessoal toca, que vão do axé ao samba. Isso com segurança e tranquilidade. Pena que acaba cedo”, brincou.

Folião assíduo dos bloquinhos de carnaval brasilienses, o economista Rodrigo Stuckert, 24, destaca a evolução dos eventos. “Eu achei que ia me sentir mais inseguro, afinal começamos o carnaval com uma morte. Mas o policiamento está maior, parece que há mais investimento. A folia brasiliense está cada dia melhor, é sempre uma experiência bem legal”, opinou. Para a advogada Giulia Martins, 24 anos, a segurança também é a principal preocupação. “Eu vim com dois homens, meu namorado e meu amigo, mas mesmo em bloquinhos LGBT fico preocupada com o assédio, que infelizmente também só aumenta”, declarou.






Filas e comércio

O fluxo de pessoas no Setor Carnavalesco Sul foi tão intenso que gerou longas filas para entrada. Organizadores contaram que esperavam cerca de 15 mil pessoas, e o número praticamente dobrou. Mas quem ia entrando aproveitava facilmente o tempo perdido. Foi o caso das colegas Maiara Santos, 29, e Almiraci Silva, 27. “Ficamos uma hora aguardando para entrar, não imaginávamos que demoraria tanto. Acho que podiam ter feito uma entrada para cada bloco. Mas continuamos animadas, pois carnaval é para se divertir sempre”, disse Almiraci. 

Quem não ficou nada chateada com a fila foi Thais Souza, 25. Assim como vários ambulantes que aproveitaram a aglomeração de foliões, ela viu uma oportunidade de negócio com a venda de bebidas. “Teremos um lucro de 100%, pois compramos por um valor mais barato em Ceilândia. É longe, mas compensa”, diz. Ela foi acompanhada de Marcos Ferreira, 22, que também enxergou uma ótima oportunidade na celebração. “Como LGBT, não tenho oportunidades fáceis de emprego, por conta do preconceito. Por isso, planejamos conseguir um dinheiro agora. Mas também conseguimos aproveitar. Conversamos com muita gente e dançamos um pouco. Depois que acabarem os produtos, vamos pular o carnaval!”, admitiu. 


Programe-se

Confira a programação de alguns dos blocos do Distrito Federal:

Domingo, 23 de fevereiro

» Plataforma, Carnaval da Diversidade e Carnapati
Das 8h às 15h
Estacionamento 4 do Parque da Cidade

» Bloco Mamãe me Carrega
Das 9h às 13h
Parque da EQS 104/105

» Carnaval no Parque
Das 10h às 3h
Área Externa do Ginásio Nilson Nelson

» Carnaval do Bem e Bloco Eduardo e Mônica
Das 11h às 2h
Yurb — SCES, Trecho 2, orla do Clube de Engenharia

» Bloco Baratinha 2020 — A Criança Longe das Drogas
Das 14h às 21h
Estacionamentos 12 e 13 do Parque da Cidade

» Carnaval de Rua Bloco Menino de Ceilândia
Das 14h às 21h
CNM 1, Estacionamento do BRB/Fórum, Via N1 — Ceilândia Centro

» Montadas — O Bloco da Diversidade
Das 14h às 21h
Setor Bancário Norte

» Bloco Fio Desencapado
Das 15h às 21h
SRES, AE 8, Estacionamento em frente à Aruc

» Rota 400: o Caminho do Rock no Carnaval
Das 15h às 22h
CLN 407, Bloco D, Bar Amigos das 400

» Bloco Hip Hop In House
Das 17h às 23h
Conjunto Cultural da República, Setor Cultural Sul, Lote 2

» Bloco dos Raparigueiros 2020
Das 17h às 23h
Polo Carnavalesco na Funarte

» Carnaval Bloco Groove do Bem
Das 17h às 23h
Estacionamento 2 do Centro Cultural Taguaparque

» Subterrâneas Degeneradas — Bloco Eixão 44 Carnaval Black!
Das 17h à 0h
SCS Galeria Nova Ouvidor, Quadra 5 (Buraco do Rato)

» After Carnaval no Parque
Das 2h às 6h
Ginásio Nilson Nelson

Confira a programação completa, sujeita a alterações, no site do Correio
 
 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags