Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 06:00
No último dia da folia de Momo, os brasilienses não deixaram o samba morrer, tampouco os inúmeros outros ritmos que agitaram o público ao longo dos quatro dias de festa. Para a alegria dos carnavalescos, a chuva deu uma trégua na terça-feira e, em diferentes partes do Distrito Federal, os foliões encontraram opções variadas para aproveitar o último dia do carnaval. No Plano Piloto, não faltou gente nas ruas e, em Planaltina, o 11º ano do Bloco do Seu Júlio levou milhares de pessoas ao estacionamento do Restaurante Comunitário da cidade.
Com uma programação extensa e diversificada, o Setor Comercial Sul (SCS) se consolidou como o principal ponto de encontro dos jovens neste carnaval. Segundo a organização do evento, cerca de 30 mil pessoas passaram pelo local em cinco dias de festa. Nesta terça-feira (25/2), não foi diferente. Por volta das 20h, a região atingiu a capacidade máxima de 12,5 mil pessoas, momento em que a entrada de novos foliões foi barrada.
Para dar conta de tanta animação, 10 blocos se apresentaram, nesta terça-feira (25/2), nos palcos do Setor Carnavalesco Sul, entre eles, Batida do Morro, Três Vilãs, Pop Up Drag, Fela e Saci Werê. As amigas Nathália Santos, 23 anos, e Karolayne Mota, 22, estiveram no local pela manhã. “Trabalhei o carnaval todo. Hoje (esta terça-feira — 25/2), foi meu único dia de comemoração. Então, quis aproveitar bastante e gastar toda minha energia”, contou a jovem, fantasiada de Mulher-Maravilha.
Cerca de 100 seguranças revistavam os foliões para se certificar de que nada perigoso entrasse no local. As filas, no entanto, acabaram atrasando a festa de muitos brasilienses. “Infelizmente, a lógica estrutural da cidade acaba provocando essas filas, mas precisamos, sobretudo, garantir a segurança de todos”, explicou Ian Viana, um dos idealizadores do evento. “Foi uma festa linda, e quem participou sabe que valeu a pena”, completou.
Pífanos
Na comercial da quadra 205/206 Norte, o último dia de festa teve chuva, sol e muito maracatu. O bloco Ventoinha na Tesourinha trouxe o ritmo nordestino à celebração, que contou com apresentações da banda Vivendo e Batucando, além do conjunto musical Ventoinha de Canudo. A concentração começou às 16h e, em menos de uma hora, lotou o espaço reservado para o desfile.
Alguns bares e restaurantes das quadras abriram normalmente, e se juntaram aos ambulantes e foodtrucks que atenderam ao público. A jornalista Adriana Franzin, 36, apostou em uma indumentária mais em conta. “Temos de aliar a crítica social, a crítica política e a sustentabilidade. Esta roupa custou R$ 5, o preço da tinta e dos jornais, para me fantasiar de fake news”, explicou.
Os amigos Esdras Pinto, 28, e João Ávila, 28, não conheciam o bloco, mas caíram na folia. “Vim andando com meu amigo, porque é perto de casa, e me deparei com essa aglomeração de pessoas. Vim ver como era e achei bastante bonito, muito tranquilo, bem família”, avaliou. O grupo se apresenta desde 2004, sempre com a banda Ventoinha de Canudo. Eles são reconhecidos como a primeira formação de banda de pífanos genuinamente brasiliense. O repertório abrange estilos variados e temas representativos da cultura popular brasileira.
Tradição
A cultura popular deu aula de sobrevivência, esta terça-feira (25/2), em Planaltina. O Bloco do Seu Júlio, tradicional na cidade, saiu às ruas para levar o carnaval a quem mora fora do Plano Piloto.
A programação começou às 9h, com atividades de recreação para o público infantil, e teve o maior número de participantes por volta das 16h. Segundo os organizadores, cerca de 30 mil pessoas estiveram no estacionamento do Restaurante Comunitário para prestigiar a festa.
Teve até quem nem saiu da barriga ainda, mas aproveitou o carnaval da região. Grávida há oito meses de Catarina, a maquiadora Thais Henriques Viera, 27, marcou presença na folia. A gravidez não a impediu de comemorar. “O bloco é especial, pois é tranquilo, organizado, e o clima é ótimo. Mesmo com chuva, ficou lotado”, observou. “Nunca fui aos blocos do Plano Piloto, mas aqui tem tudo de uma boa festa”, celebrou.
De acordo com a Polícia Militar, não houve registro de ocorrências graves. Para o organizador do bloco, Júlio Paixão, o ambiente em volta do evento foi de paz e harmonia. O servidor público e professor de francês deu início ao grupo em 2010, com alguns amigos próximos, na intenção de realizar uma festa carnavalesca na cidade. “Fazemos isso com muito amor e carinho para o povo daqui, que merece eventos culturais. Antes do bloco, não tínhamos uma festa dessas em fevereiro. O povo gosta muito, e fico com uma satisfação imensa”, comemorou Júlio.
Colaborou Jéssica Eufrásio
Folia sem crimes graves
Após a morte de um jovem de 18 anos no pré-carnaval e o reforço no policiamento, o Distrito Federal encerrou as festividades sem ocorrências graves. De acordo com levantamento prévio do Correio, com base em informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), entre sexta e segunda-feira, foram registradas 306 ocorrências pelas polícias Militar e Civil e pelo Corpo de Bombeiros, além de 73 casos de alcoolemia autuados pelo Departamento de Trânsito (Detran) na área central de Brasília. A análise preliminar deve ser complementada hoje, com o balanço geral dos cinco dias de folia. O tipo de crime mais comum foi o de furto, principalmente de celulares. Outra ocorrência constante foi o porte de drogas para consumo próprio.
Mesmo com esses dados, a população percebeu o esforço da segurança do carnaval deste ano. É isso que afirma o coronel Alexandre de Souza, chefe da comunicação da PMDF. “Foi comum ver nas festas os foliões abordando os policiais e agradecendo pelo trabalho feito, algo que eu nunca tinha visto assim, com tanta frequência”, diz. Para ele, a força operacional utilizada foi eficaz em vários pontos. “Por todo o país, há registros de violência nesta época; então, aumentamos a presença policial e atuamos em diversas estratégias. Abordamos pessoas na saída do metrô, no caminho para os blocos, dentro das festas”, detalha. “Vimos brigas, furtos, mas atuamos no início dos tumultos para que não aumentassem de proporção.”
Outro problema constante registrado pela PM e pelo Detran foi a combinação entre álcool e direção. Mais de 400 motoristas foram flagrados embriagados em todo o DF. “No total de todos os dias de carnaval, devemos fechar esse número em mais de 500 autuações. Isso é muito importante, porque são vidas salvas com essa prevenção”, avalia o coronel. “Pela quantidade de motoristas e pelo fluxo de veículos, percebemos que o cidadão está conscientizado. É importante ressaltar também que esse carnaval não registrou nenhum acidente de trânsito com óbito relacionado ao feriado, até nossos últimos levantamentos da noite de terça-feira”, ressalta.
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