Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 04:06
No último dia da folia de Momo, os brasilienses não deixaram o samba morrer, tampouco os inúmeros outros ritmos que agitaram o público ao longo dos quatro dias de festa. Para a alegria dos carnavalescos, a chuva deu uma trégua na terça-feira e, em diferentes partes do Distrito Federal, os foliões encontraram opções variadas para aproveitar o último dia do carnaval. No Plano Piloto, não faltou gente nas ruas e, em Planaltina, o 11º ano do Bloco do Seu Júlio levou milhares de pessoas ao estacionamento do Restaurante Comunitário da cidade.
Com uma programação extensa e diversificada, o Setor Comercial Sul (SCS) se consolidou como o principal ponto de encontro dos jovens neste carnaval. Segundo a organização do evento, cerca de 30 mil pessoas passaram pelo local em cinco dias de festa. Ontem, não foi diferente. Por volta das 20h, a região atingiu a capacidade máxima de 12,5 mil pessoas, momento em que a entrada de novos foliões foi barrada.
Para dar conta de tanta animação, 10 blocos se apresentaram, ontem, nos palcos do Setor Carnavalesco Sul, entre eles, Batida do Morro, Três Vilãs, Pop Up Drag, Fela e Saci Werê. As amigas Nathália Santos, 23 anos, e Karolayne Mota, 22, estiveram no local pela manhã. “Trabalhei o carnaval todo. Hoje (ontem), foi meu único dia de comemoração. Então, quis aproveitar bastante e gastar toda minha energia”, contou a jovem, fantasiada de Mulher-Maravilha.
Cerca de 100 seguranças revistavam os foliões para se certificar de que nada perigoso entrasse no local. As filas, no entanto, acabaram atrasando a festa de muitos brasilienses. “Infelizmente, a lógica estrutural da cidade acaba provocando essas filas, mas precisamos, sobretudo, garantir a segurança de todos”, explicou Ian Viana, um dos idealizadores do evento. “Foi uma festa linda, e quem participou sabe que valeu a pena”, completou.
Pífanos
Na comercial da quadra 205/206 Norte, o último dia de festa teve chuva, sol e muito maracatu. O bloco Ventoinha na Tesourinha trouxe o ritmo nordestino à celebração, que contou com apresentações da banda Vivendo e Batucando, além do conjunto musical Ventoinha de Canudo. A concentração começou às 16h e, em menos de uma hora, lotou o espaço reservado para o desfile.
Alguns bares e restaurantes das quadras abriram normalmente, e se juntaram aos ambulantes e foodtrucks que atenderam ao público. A jornalista Adriana Franzin, 36, apostou em uma indumentária mais em conta. “Temos de aliar a crítica social, a crítica política e a sustentabilidade. Esta roupa custou R$ 5, o preço da tinta e dos jornais, para me fantasiar de fake news”, explicou.
Os amigos Esdras Pinto, 28, e João Ávila, 28, não conheciam o bloco, mas caíram na folia. “Vim andando com meu amigo, porque é perto de casa, e me deparei com essa aglomeração de pessoas. Vim ver como era e achei bastante bonito, muito tranquilo, bem família”, avaliou. O grupo se apresenta desde 2004, sempre com a banda Ventoinha de Canudo. Eles são reconhecidos como a primeira formação de banda de pífanos genuinamente brasiliense. O repertório abrange estilos variados e temas representativos da cultura popular brasileira.
Tradição
A cultura popular deu aula de sobrevivência, ontem, em Planaltina. O Bloco do Seu Júlio, tradicional na cidade, saiu às ruas para levar o carnaval a quem mora fora do Plano Piloto.
A programação começou às 9h, com atividades de recreação para o público infantil, e teve o maior número de participantes por volta das 16h. Segundo os organizadores, cerca de 30 mil pessoas estiveram no estacionamento do Restaurante Comunitário para prestigiar a festa.
Teve até quem nem saiu da barriga ainda, mas aproveitou o carnaval da região. Grávida há oito meses de Catarina, a maquiadora Thais Henriques Viera, 27, marcou presença na folia. A gravidez não a impediu de comemorar. “O bloco é especial, pois é tranquilo, organizado, e o clima é ótimo. Mesmo com chuva, ficou lotado”, observou. “Nunca fui aos blocos do Plano Piloto, mas aqui tem tudo de uma boa festa”, celebrou.
De acordo com a Polícia Militar, não houve registro de ocorrências graves. Para o organizador do bloco, Júlio Paixão, o ambiente em volta do evento foi de paz e harmonia. O servidor público e professor de francês deu início ao grupo em 2010, com alguns amigos próximos, na intenção de realizar uma festa carnavalesca na cidade. “Fazemos isso com muito amor e carinho para o povo daqui, que merece eventos culturais. Antes do bloco, não tínhamos uma festa dessas em fevereiro. O povo gosta muito, e fico com uma satisfação imensa”, comemorou Júlio.
Colaborou Jéssica Eufrásio
"Fazemos isso com muito amor e carinho para o povo daqui, que merece eventos culturais”
Júlio Paixão, organizador do Bloco do Seu Júlio, de Planaltina
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