Cidades

Mergulhadora morre afogada

O corpo da médica veterinária Patrícia Arrais, 46 anos, foi visto boiando no espelho d%u2019água por um funcionário da Caesb perto das comportas. O caso é investigado pela 6ª Delegacia de Polícia, que fará perícia no equipamento usado por ela para a prática

Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 04:14
Quando militares do Corpo de Bombeiros retiraram Patrícia, ela estava sem os sinais vitais e não foi possível tentar reanimá-la. Um colega a acompanhava no local

A Polícia Civil investiga a causa da morte da médica veterinária e mergulhadora Patrícia Arrais Rodrigues, 46 anos. O corpo dela foi encontrado próximo às comportas do Lago Paranoá, por volta das 12h de ontem, por um funcionário da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), que o avistou no espelho d’água e acionou o Corpo de Bombeiros. Assim que a equipe chegou, viu que a vítima usava equipamento de mergulho e que estava sem os sinais vitais, o que impediu as tentativas de reanimação.
 
Agentes da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) apuram se o cilindro de oxigênio utilizado por Patrícia estava vazio. De acordo com a delegada-chefe da unidade policial, Jane Klébia do Nascimento Silva, o equipamento passará por perícia para verificar se esta teria sido a causa da morte da mergulhadora. O corpo não tinha ferimentos.
 
Ainda segundo a delegada, Patrícia teria levado outros três cilindros reservas, que também estariam sem oxigênio. Os itens, no entanto, não foram encontrados no local onde o corpo da médica veterinária foi resgatado. Investigadores buscam os equipamentos, com o objetivo de apreendê-los e periciá-los. De acordo com Jane Klébia, Patrícia estava acompanhada de um colega de mergulho, que foi ouvido pelos investigadores.
 
A testemunha disse que chegou por volta das 8h40 no Lago Paranoá com Patrícia, onde costumam praticar mergulhos autônomos. Ela teria entrado na água sozinha para realizar mergulho de 4 horas. Havia um acordo entre eles de que, se a atividade durasse mais de 5 horas, o outro deveria acionar o Corpo de Bombeiros.
 
O professor Alexandre Motta, 40, marido de uma prima da vítima, conta que Patrícia  foi dona de uma escola de mergulho e que a família ainda não sabe com detalhes o que aconteceu. “Temos apenas informações preliminares de que ela teria ido fazer um mergulho solo. Porém, esse tipo de prática é feito com sinalizadores, que estavam faltando”, detalhou o familiar.
De acordo com Alexandre, Patrícia era veterinária e  tentava lidar com a perda do namorado, assassinado no Lago Paranoá durante um latrocínio. “Ela é um anjo e só tenho que desejar o bem dela. Minha ficha não caiu e nossa família está em prantos”, lamentou.
 
Por volta das 17h de ontem, familiares de Patrícia estavam no local onde o corpo foi encontrado. Trata-se de uma propriedade privada, que dá acesso às margens do lago. Desolados e sem muitas informações, os parentes não falaram com a imprensa. Às 19h, o corpo foi levado pelo Instituto de Medicina Legal (IML).

Namorado morto
Em 8 de dezembro do ano passado, o namorado de Patrícia, Luciano Heusner, 41, foi vítima de latrocínio — roubo seguido de morte. O casal estava mergulhando na Ermida Dom Bosco quando foi abordado por um criminoso, que ameaçou os dois com um revólver e uma faca, os amarrou e os levou para uma área isolada às margens do Lago Paranoá, na altura da QL 32. O autor do crime esfaqueou o mergulhador no pescoço e depois fugiu, levando o carro e os pertences das vítimas.
Patrícia estava presa numa área diferente de Luciano. Ela conseguiu desatar o nó e se soltar. E, ao ouvir o barulho do carro, correu pela mata à procura do companheiro. Ao encontrá-lo, ele ainda estava com vida. Ela acionou o socorro, mas o rapaz não resistiu e morreu antes de ser atendido. Em março de 2019, um dos acusados pela morte de Luciano, Romário Alves de Sousa Silva, foi encontrado, em São Luís, no Maranhão. Além do latrocínio, ele teria cometido outros crimes.

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