Cidades

Fiéis no combate ao coronavírus

Arquidiocese de Brasília orienta que religiosos evitem abraços da paz e a comunhão na boca durante celebrações. Intenção é conscientizar população de medidas que podem ser tomadas

Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 04:06
Aos 89 anos, Doralice Dutra (direita) frisa a necessidade de ter precaução

A luta contra o coronavírus está unindo o mundo todo no combate à doença. Medidas de prevenção são os principais meios para evitar o risco de pandemia. Ações têm sido realizadas em todas as partes. Comércios, empresas públicas e privadas, escolas e, até mesmo, igrejas espalham informativos sobre os cuidados com o vírus. A Arquidiocese de Brasília emitiu um comunicado orientando os fiéis e sacerdotes sobre como agir durante as celebrações religiosas. Entre as orientações estão: evitar o abraço da paz e a comunhão — hóstia — na boca.
 
O comunicado reforçou a necessidade da higienização das mãos e de seguir as orientações do Ministério da Saúde. O intuito do texto, segundo destacou dom Sérgio da Rocha, cardeal arcebispo de Brasília, é não gerar pânico na população. Além disso, a Arquidiocese de Brasília ressaltou que, em caso de agravamento da doença no país, a medida poderá se tornar obrigatória na capital.
 
Para a assistente social Brenda Santos, 28 anos, a iniciativa é válida. Frequentadora da Paróquia Miguel Arcanjo, no Recanto das Emas, ela acredita que, quanto mais informação e orientação, melhor. “Quando o anúncio vem de um representante como um padre, as pessoas têm mais facilidade de acatar. Por isso, acho que esse anúncio é importante, não só na igreja, como em todos os lugares”, disse.
 
Brenda conta que sempre teve cuidados com a higienização das mãos. Antes mesmo do aparecimento do coronavírus, ela já tinha o costume de lavá-las com frequência. “Agora, para reforçar na prevenção da doença, ando com álcool em gel na bolsa. Também passo orientação para outras pessoas. Todos precisam ter esse cuidado”, afirma a assistente social.
Aos 89 anos, Doralice Dutra tem cuidado diários com a saúde. Ela conta que lava as mãos cerca de 20 vezes ao dia. “Faço isso quando desço na portaria do prédio, quando aperto o botão do elevador, sempre. Preciso fazer isso, principalmente porque sou idosa e não tenho imunidade para aguentar algo como o coronavírus”, destaca. Na igreja onde frequenta, Nossa Senhora da Esperança, na Asa Norte, os fiéis não dão mais o abraço da paz nem recebem mais a hóstia das mãos dos padres. “Além da prevenção de doenças, é uma questão de higiene também. Acho importante”, completa.

Costume
O padre João Firmino, da Catedral de Brasília, ressaltou que não há proibição no contato dos fiéis. Por ora, são apenas orientações vindas da arquidiocese como medidas preventivas para evitar o medo entre os participantes das missas. Segundo ele, no templo, os religiosos não têm mais o costume de dar as mãos durante a oração do Pai-Nosso desde a pandemia do H1N1, em 2009.
 
“É importante a gente reforçar que os cuidados não devem ser só nas missas, mas em casa, no ambiente de trabalho, na rua. Lavar as mãos, usar o álcool em gel. Nossa missão é levar informação e consciência dessa realidade, que pode assolar a todos”, disse o padre. Para ele, a medida dá sentido ao tema da campanha da fraternidade deste ano, que é Vida, Dom e Compromisso. “Nesse caso, é um compromisso não apenas consigo mesmo, mas com o próximo também”, completa o sacerdote.
 
Até o fechamento desta edição, nenhum caso de coronavírus tinha sido confirmado no Distrito Federal. Atualização mais recente da Secretaria de Saúde, na sexta-feira, informou que seis pacientes estavam em observação com suspeita da doença. Dois deles estavam no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e os demais, em outras unidades de saúde.
O GDF decretou situação de emergência na saúde do por causa do coronavírus. De acordo com o Executivo, há risco de pandemia da doença na capital. A decisão, publicada no Diário Oficial do DF da última sexta-feira, fica vigente por 180 dias.

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