Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 16:49
“A minha vida parou. Estou dentro de casa durante quase dois meses, com medo, sem receber visitas”, conta a brasiliense Juliana Lima, 31 anos. Ela é DJ e está morando em Pequim, capital da China. O país presenciou o primeiro surto de coronavírus no mundo e acumula os números mais drásticos da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, a China tem 93% dos casos confirmados e 97% do total de óbitos no mundo. São quase 3 mil mortes.
É neste cenário que a brasiliense tenta ter forças para continuar, mudando completamente as rotinas. “Quando compramos qualquer coisa, desinfetamos tudo. A gente não tem ido a lugar nenhum e a cada dia novas medidas são tomadas”, diz Juliana. Muitas ruas estão vazias, áreas de entretenimento de condomínios e prédios, fechadas e o preço das máscaras disparou.
Diversos estabelecimentos comerciais ficaram sem opções. “Alguns lugares continuam abertos. Outros, sem ventilação adequada ou com muita gente aglomerada, estão fechados. Também existem alguns que encerraram as atividades porque ficaram sem dinheiro para continuar operando. Muita gente não consegue se manter com essa situação. Eu mesma estou sem trabalho há dois meses”, lamenta.
A brasiliense detalha ainda que alguns comércios criaram regras de circulação de pessoas, como só aceitar a entrada de metade dos clientes e limitar o número de três por mesa. “Em todos os lugares, seja uma lojinha de conveniência, restaurantes ou supermercados, o uso da máscara é obrigatório”. As escolas devem reabrir em abril, de pouco em pouco, segundo ela. “Ainda não há previsão de as atividades voltarem à normalidade. Elas são adiadas a cada semana”, relata.
Limpeza
Para evitar a transmissão do vírus, a China reforçou os cuidados com a higienização dos locais e passou a recomendar que a população evite ao máximo o toque em superfícies como corrimões, por exemplo. Há muitos elevadores com guardanapos para que a pessoa não tenha contato direto com os botões, e a limpeza desses locais é feita com mais frequência. “No meu condomínio, as medidas não são tão drásticas como em outros. Aqui, duas pessoas por apartamento recebem um cartão para sair e entrar. Em outros, a entrada e saída chega a ser proibida e a administração se responsabiliza pela entrega de comida”, explica.
A DJ brinca ainda que os novos amigos dos últimos meses têm sido os desinfetantes. Ela passou a postar vídeos no YouTube contando o dia a dia na capital chinesa. “Nunca tinha passado por uma experiência como essa. Com certeza está sendo um aprendizado para todo o mundo, em muitos sentidos. O medo de ter uma febre é grande, mas graças a Deus e aos cuidados extras que estamos tomando, estamos bem, acompanhando as notícias e fazendo o melhor para ajudar com informações valiosas a quem precise”, concluiu Juliana.
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