Cidades

2º caso de coronavírus no DF: marido de paciente circulava pela cidade

GDF havia recorrido à Justiça para forçá-lo a obedecer ao protocolo de isolamento de pessoas sob suspeita

Correio Braziliense
postado em 11/03/2020 05:55
Imagens feitas no Hran mostram divisórias na área onde estão a paciente com caso confirmado e suspeitosO resultado do exame de coronavírus para o marido da paciente que está com Covid-19 deu positivo. As informações são de integrantes da Secretaria de Saúde. Trata-se do segundo caso da doença no Distrito Federal. A suspeita sobre a condição do advogado de 45 anos existia havia dias. Tanto que o Governo do Distrito Federal (GDF) recorreu à Justiça para que o homem passasse a obedecer ao protocolo de isolamento estabelecido pelo Ministério da Saúde. Ele deveria estar recluso em casa e passar por exames que comprovassem a patologia, mas se recusou a seguir as exigências das autoridades epidemiológicas e continuou a circular pela cidade.

Como o Correio apurou, o advogado desobedecia às orientações para não acompanhar a mulher, internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desde quinta-feira. De acordo com a Secretaria de Saúde, o advogado havia feito o exame em um laboratório particular. Na segunda-feira, a pasta proibiu visitas à paciente com a Covid-19. A comprovação mostra que a Justiça e a Procuradoria-Geral do DF estavam certas em forçar o exame do homem. A decisão saiu nesta terça-feira (10/3) pela manhã, expedida pela juíza Raquel Mundim de Oliveira, da 8ª Vara de Fazenda Pública do DF, com base no entendimento de que um direito individual não se sobrepõe a uma questão de saúde pública. Agora, técnicos da Secretaria de Saúde vão avaliar a necessidade de internação ou apenas de uma quarentena domiciliar.

Antes do resultado, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reforçou a necessidade de o caso ir à Justiça. “O problema é que, se tem a doença e pode contaminar, o sistema de saúde precisa saber. A decisão judicial está absolutamente correta, e as regras de isolamento domiciliar e de quarentena devem ser medidas adotadas”, comentou. O casal mora no Lago Sul, viajou para a Inglaterra e para a Suíça e voltou para Brasília em 26 de fevereiro.

Piora

No início da tarde desta terça-feira (10/3), a companheira do advogado apresentou piora no estado de saúde. A paciente está com síndrome respiratória aguda severa, com agravamento do quadro respiratório, teve “um pico febril” e segue em situação grave. Além disso, a condição dela passou a ser considerada instável. A mulher está internada desde a última sexta-feira e continua com suporte ventilatório e hemodinâmico, que monitora pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e saturação periférica de oxigênio.

A paciente tem comorbidades (quando duas doenças afetam alguém) que agravam o quadro clínico e está sob cuidados intensivos de uma equipe multidisciplinar e de suporte técnico-científico no Hran. Ela recebeu o diagnóstico da doença no Hospital Daher, no Lago Sul, e foi transferida para a unidade de saúde pública no dia seguinte. Em 26 de fevereiro, ela e o marido chegaram ao Distrito Federal após uma viagem à Suíça e ao Reino Unido.

Além do caso confirmado, o Distrito Federal tem 59 notificações de coronavírus em investigação, segundo levantamento do Ministério da Saúde, divulgado nesta terça-feira (10/3). De acordo com o monitoramento, 55 registros foram excluídos, e 24, descartados por meio de exames. À reportagem, uma fonte do governo informou que um paciente internado no Hran passou por exame para atestar a presença da Covid-19, mas não teve acesso ao conteúdo da análise.

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