Cidades

Casos suspeitos de Covid-19 são detectados no aeroporto e no metrô

Cinco passageiros que chegaram dos Estados Unidos com sintomas da Covid-19 seguiram para hospitais assim que desembarcaram no terminal aeroviário de Brasília. Uma pessoa desmaiou em estação de Águas Claras e também recebeu atendimento

Correio Braziliense
postado em 13/03/2020 06:00

Segundo a Inframerica, responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Brasília, funcionários do desembarque internacional usam máscaras e luvas como prevençãoA quantidade de casos suspeitos do novo coronavírus no Distrito Federal cresceu. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que 82 casos estão em investigação — 44 foram descartados. Na manhã desta quinta-feira (12/3), cinco pessoas recém-chegadas dos Estados Unidos desembarcaram no Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek e seguiram para unidades de saúde, quatro delas direto para o Hospital de Base. Todos apresentavam sintomas da Covid-19: tosse seca, febre e coriza. À tarde, dois receberam alta.


Inicialmente, dois passageiros receberam atendimento em uma sala reservada do hospital, enquanto outros dois esperaram na ambulância. Um funcionário do Hospital de Base informou que os quartos destinados ao tratamento para coronavírus não estão prontos. Essas unidades especiais são usadas como zona de isolamento. A recomendação no local é de que todos os servidores usem máscaras. Um quinto passageiro vindo dos Estados Unidos, mas em outro voo, também foi levado do aeroporto a um hospital. De acordo com a Inframerica, concessionária que administra o aeroporto, ele não informou às autoridades nem à companhia aérea a respeito do estado de saúde, mas um funcionário do terminal notou os sintomas.

Ele passou pelo posto médico do terminal aeroviário, e exames constataram a suspeita. Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o interrogaram e solicitaram transporte ao Corpo de Bombeiros. A Inframerica não informou para qual hospital o passageiro foi levado, mas garantiu que tomou precauções, como utilização de máscaras e luvas para todos que trabalham na área de desembarque internacional.

Além dos casos no aeroporto, um homem passou mal e desmaiou na Estação Concessionárias, do metrô, em Águas Claras. O passageiro é funcionário de um laboratório particular do DF e informou que teve contato com a primeira paciente diagnosticada com coronavírus na capital, há duas semanas. Ele foi socorrido às 7h45 e levado ao Hran em um dos veículos de pronto-atendimento da empresa de transporte.

Templos religiosos

Mesmo com o cancelamento de eventos, templos religiosos manterão as portas abertas. Nesta quinta-feira (12/3), a Arquidiocese de Brasília informou, em nota oficial, que missas, mutirões de confissões e demais atividades pastorais estão mantidas. O pároco do Santuário Dom Bosco, padre Jonathan Costa, explicou que a orientação aos fiéis é de higienizar as mãos, suspender o abraço da paz (momento de afeto nas celebrações) e, na comunhão, receber a hóstia em mãos. “Estudamos a possibilidade de ter mais missas. Suspensão, por enquanto, não.”

 


O Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal (Copev/DF) fez uma reunião de emergência na noite de quarta-feira e orientou os pastores de igrejas de grande porte, com mais de 100 fiéis, a realizar mais cultos, na tentativa de diminuir o volume de pessoas em cada celebração. O presidente do conselho, Josimar Francisco da Silva, explicou que o uso de álcool em gel é outra recomendação. “Também orientamos para que pessoas gripadas evitem o culto. Fiquem em casa. Já tem muita igreja transmitindo ao vivo pelas redes sociais. É bom que façam isso, ao menos aos domingos, quando o público é maior”, explicou.

Os cumprimentos também deverão ser reduzidos. “Toda hora, a gente abraça, pega na mão, fala com o irmão ao lado. Vamos evitar, para esse período, esse apego todo.” Por hora, os cultos não serão cancelados. “Se a coisa agravar, teremos de ter uma ação mais forte. São mais de 5 mil igrejas, e estimamos mais de 1 milhão de evangélicos no Distrito Federal. Não sabemos ainda qual seria o impacto de fechá-las”, ressaltou.

Entre as religiões de matriz africana, a principal orientação é quanto à troca de bênçãos, gesto simbólico em que duas pessoas seguram e beijam as mãos um do outro. Luiz Alves, coordenador dos Defensores do Axé, recomenda que se evite o cumprimento. “Fazemos uma reverência em vez disso. Não vai diminuir em nada o respeito”, argumentou. “No momento, não há nada discutido sobre cancelar eventos, até porque as casas são independentes e cabe a cada dirigente definir se fará isso ou não”, disse.

Colaboraram Darcianne Diogo e Agatha Gonzaga

Hran tem troca de comando

 

Em meio à crise do coronavírus, Leonardo Ramos, diretor do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade de saúde referência no tratamento da Covid-19, pediu demissão. A exoneração foi publicada nesta quinta-feira (12/3) no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). De acordo com a Secretaria de Saúde, o pedido de saída do médico não tem relação com a doença. “Ele recebeu um convite de trabalho — pelo excelente desempenho — de um hospital da rede particular, no início de fevereiro. O médico formalizou o pedido de exoneração do cargo em 16 de fevereiro”, informou o texto. No lugar dele, assume Fabiana Binda, médica pós-graduada em gestão clínica pelo Hospital Sírio-Libanês.

 

Três perguntas para Luciano Lourenço, clínico geral, médico intensivista e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia 

Que cuidados a população deve ter para evitar contágio e transmissão do coronavírus em ônibus e metrôs?
Se o paciente tem alguma queixa respiratória, se está tossindo, espirrando, com falta de ar e tiver febre, ele não tem que estar dentro de metrô ou de ônibus. Uma vez que você tem uma pessoa infectada no transporte, se ela coçar o olho ou tossir na mão e colocar a mão nos apoios, no encosto de braço, no suporte de sustentação, essas são superfícies em que o vírus vai ficar. Portanto, não leve a mão ao rosto. Se está segurando no poste, ele pode estar infectado. Então, lave as mãos com água e sabão abundante por, no mínimo, 20 segundos. Quando não for possível, álcool em gel acima de 70% tem também ação protetiva muito boa. Esteja atento também aos cumprimentos. Coronavírus tem transmissão relacionada a contato físico. Se você abraça, beija, aperta mão, a probabilidade do vírus chegar às mucosas aumenta. Quebra essa característica de brasileiro, mas nesse momento é uma medida importante para conter o contágio.

Se o transporte está lotado, a chance de contágio é maior?

Sempre que você compartilha o mesmo ambiente com um número maior de pessoas, aumenta a chance. Se você tem 100 pessoas em um espaço, a probabilidade de contágio é maior do que se tivessem apenas 15. Em locais lotados, o contato próximo de vias aéreas aumenta o risco de que as gotículas com coronavírus se espalhem, caso haja alguém infectado.

É aconselhável o uso de máscaras nesses locais para  evitar o contágio?
Os pacientes devem ficar atentos aos sintomas clássicos das infecções virais: tosse, espirro, coriza e febre. Uma vez que você tem algum desses sintomas, a primeira providência é que, se precisa usar o transporte público, utilize a máscara. O uso dela é indicado principalmente para conter que a infecção saia do organismo e chegue em outro indivíduo. A utilização para se proteger é duvidosa. Não tem uma efetividade muito grande. Se a pessoa tem os sintomas, mas a máscara não está disponível, ela deve proteger o rosto para que as gotículas da tosse e espirros não se alastrem. Para isso, não use a mão, mas a dobra do cotovelo.

 

Medidas preventivas no transporte 

Com o aumento de casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus no Distrito Federal, os meios de transportes da capital começaram a adotar medidas para evitar o contágio da doença. A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô/DF) informou que os trens circulam normalmente e não há previsão de mudanças. Entretanto, reforçou medidas de higiene nos vagões.

Antes, os trens passavam por limpeza profunda diariamente entre as viagens na Estação Central. Por causa do coronavírus, as ações passaram a ocorrer também nos terminais de Ceilândia e Samambaia. Além disso, a partir de hoje, os vagões atenderão a população com as janelas basculantes abertas para melhor fluxo de ar. O sistema de som das estações e dos veículos transmitirão informações de cuidados e prevenção da Covid-19.

O Correio entrou em contato com a Secretaria de Mobilidade (Semob), questionando sobre ações de higienização nos ônibus da capital, entretanto, em nota oficial, a pasta informou que “orienta os passageiros a adotarem os procedimentos previstos no Plano de Contingência da Secretaria de Saúde”.

A Inframerica, responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek, comentou que segue as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que orienta os passageiros e funcionários sobre os procedimentos a serem seguidos por painéis e áudio em quatro idiomas (português, inglês, espanhol e mandarim). Além disso, álcool em gel em pontos específicos do terminal e espaços administrativos estão à disposição para os usuários do terminal aéreo. 

Cuidados


De acordo com a Avisa, o comandante da aeronave deve comunicar a autoridade sanitária caso tenha alguma suspeita de coronavírus no voo. Também é de responsabilidade dele a adoção de medidas para isolar o passageiro. Os funcionários de aeroportos também podem impedir o embarque de pessoas com sinais da doença, informando o Centro de Operações de Emergência (COE) do Ministério da Saúde.

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