Correio Braziliense
postado em 13/03/2020 04:16
A quantidade de casos suspeitos do novo coronavírus no Distrito Federal cresceu. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que 82 casos estão em investigação — 44 foram descartados. Na manhã de ontem, cinco pessoas recém-chegadas dos Estados Unidos desembarcaram no Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek e seguiram para unidades de saúde, quatro delas direto para o Hospital de Base. Todos apresentavam sintomas da Covid-19: tosse seca, febre e coriza. À tarde, dois receberam alta.
Inicialmente, dois passageiros receberam atendimento em uma sala reservada do hospital, enquanto outros dois esperaram na ambulância. Um funcionário do Hospital de Base informou que os quartos destinados ao tratamento para coronavírus não estão prontos. Essas unidades especiais são usadas como zona de isolamento. A recomendação no local é de que todos os servidores usem máscaras. Um quinto passageiro vindo dos Estados Unidos, mas em outro voo, também foi levado do aeroporto a um hospital. De acordo com a Inframerica, concessionária que administra o aeroporto, ele não informou às autoridades nem à companhia aérea a respeito do estado de saúde, mas um funcionário do terminal notou os sintomas.
Ele passou pelo posto médico do terminal aeroviário, e exames constataram a suspeita. Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o interrogaram e solicitaram transporte ao Corpo de Bombeiros. A Inframerica não informou para qual hospital o passageiro foi levado, mas garantiu que tomou precauções, como utilização de máscaras e luvas para todos que trabalham na área de desembarque internacional.
Além dos casos no aeroporto, um homem passou mal e desmaiou na Estação Concessionárias, do metrô, em Águas Claras. O passageiro é funcionário de um laboratório particular do DF e informou que teve contato com a primeira paciente diagnosticada com coronavírus na capital, há duas semanas. Ele foi socorrido às 7h45 e levado ao Hran em um dos veículos de pronto-atendimento da empresa de transporte.
Templos religiosos
Mesmo com o cancelamento de eventos, templos religiosos manterão as portas abertas. Ontem, a Arquidiocese de Brasília informou, em nota oficial, que missas, mutirões de confissões e demais atividades pastorais estão mantidas. O pároco do Santuário Dom Bosco, padre Jonathan Costa, explicou que a orientação aos fiéis é de higienizar as mãos, suspender o abraço da paz (momento de afeto nas celebrações) e, na comunhão, receber a hóstia em mãos. “Estudamos a possibilidade de ter mais missas. Suspensão, por enquanto, não.”
O Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal (Copev/DF) fez uma reunião de emergência na noite de quarta-feira e orientou os pastores de igrejas de grande porte, com mais de 100 fiéis, a realizar mais cultos, na tentativa de diminuir o volume de pessoas em cada celebração. O presidente do conselho, Josimar Francisco da Silva, explicou que o uso de álcool em gel é outra recomendação. “Também orientamos para que pessoas gripadas evitem o culto. Fiquem em casa. Já tem muita igreja transmitindo ao vivo pelas redes sociais. É bom que façam isso, ao menos aos domingos, quando o público é maior”, explicou.
Os cumprimentos também deverão ser reduzidos. “Toda hora, a gente abraça, pega na mão, fala com o irmão ao lado. Vamos evitar, para esse período, esse apego todo.” Por hora, os cultos não serão cancelados. “Se a coisa agravar, teremos de ter uma ação mais forte. São mais de 5 mil igrejas, e estimamos mais de 1 milhão de evangélicos no Distrito Federal. Não sabemos ainda qual seria o impacto de fechá-las”, ressaltou.
Entre as religiões de matriz africana, a principal orientação é quanto à troca de bênçãos, gesto simbólico em que duas pessoas seguram e beijam as mãos um do outro. Luiz Alves, coordenador dos Defensores do Axé, recomenda que se evite o cumprimento. “Fazemos uma reverência em vez disso. Não vai diminuir em nada o respeito”, argumentou. “No momento, não há nada discutido sobre cancelar eventos, até porque as casas são independentes e cabe a cada dirigente definir se fará isso ou não”, disse.
Colaboraram Darcianne Diogo e Agatha Gonzaga
Hran tem troca de comando
Em meio à crise do coronavírus, Leonardo Ramos, diretor do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade de saúde referência no tratamento da Covid-19, pediu demissão. A exoneração foi publicada ontem no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). De acordo com a Secretaria de Saúde, o pedido de saída do médico não tem relação com a doença. “Ele recebeu um convite de trabalho — pelo excelente desempenho — de um hospital da rede particular, no início de fevereiro. O médico formalizou o pedido de exoneração do cargo em 16 de fevereiro”, informou o texto. No lugar dele, assume Fabiana Binda, médica pós-graduada em gestão clínica pelo Hospital Sírio-Libanês.
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