Correio Braziliense
postado em 17/03/2020 04:19
O temor causado pelo coronavírus no mundo inteiro faz os preços de itens de proteção subirem, principalmente do álcool em gel e de máscaras. A reportagem percorreu drogarias e constatou que muitos desses produtos estão em falta. Alimentos nos supermercados também sofrem reajustes, e os consumidores reclamam dos valores. Diante de possíveis aumentos abusivos, Procons de todo o Brasil ficarão de olho para coibir essas práticas.
O Correio esteve ontem em 16 farmácias da capital federal. Apenas duas tinham álcool em gel à venda. Em uma drogaria de Ceilândia, só havia potes de 60ml, encontrados por até R$ 7,69. “Só estamos tendo esse pequenininho mesmo, os maiores estão em falta. Ontem mesmo, quando colocamos aqui para vender, nem duraram cinco minutos. E acredito que, até o fim do dia, esses também acabarão”, comentou um balconista, que não quis se identificar. Em outro local, um farmacêutico informou que o produto precisou ser reajustado em 30%.
No Riacho Fundo 2, o pote de álcool em gel de 440g era vendido por R$ 19,99. Na mesma cidade, uma drogaria criou uma lista de espera. Uma folha de caderno em cima do balcão estava quase totalmente preenchida, com nomes e telefones de clientes à espera do próximo lote de álcool em gel.
De todos os locais visitados, só quatro tinham máscaras de proteção em estoque. O item foi encontrado em drogarias com uma média de R$ 2 por unidade. No local com maior preço custava R$ 2,50. “Antes, podíamos comprar várias caixas de álcool em gel, mas, agora, eles (fornecedores) apenas vendem uma caixa de cada vez, com 12 unidades. E estão cobrando mais caro. Estão fazendo o mesmo com as máscaras”, disse um funcionário. A uma quadra dali, outra balconista confirmou a informação: “Antes, vendíamos um pote de 500ml por R$ 14. Agora, com essa limitação e preços mais altos, estamos repassando por R$ 23”.
A farmacêutica Gabriele Reis frisou que, por causa dos recentes decretos que proíbem aglomerações e suspensão de aulas e shows, o comércio onde trabalha calcula prejuízos. Ela também reclamou do exagero dos clientes. “Até a vitamina C está em falta. Álcool em gel, mesmo, tem nem previsão para repor. Acabou na última sexta-feira. As pessoas estão passando dos limites e comprando até demais. Fizemos reuniões e, se isso continuar, vamos limitar a compra por cliente”, revelou.
Vendedora de açaí no centro de Ceilândia há seis anos, Edna Tomás, 54 anos, estava desde as 8h de ontem à procura do álcool em gel e das máscaras, mas não conseguiu encontrá-los. A ambulante contou que acontece o mesmo em Samambaia. “Esta semana não estou achando, mas, na passada, os preços estavam bem abusivos. Pelo álcool em gel de 500ml, tive de pagar R$ 30. Antigamente, comprava por, no máximo, R$ 10 ou R$ 12”, queixou-se.
Reserva
Situação semelhante acontece nos supermercados de várias regiões do DF. Consumidores denunciam aumento abusivo de alimentos como arroz e macarrão. Suzana Xavier, 50, reclamou dos preços. “Estou indo ao mercado duas vezes por semana, pois estou fazendo estoque e, depois do que vi hoje, vou estocar mais ainda. Os valores estão cada vez mais altos e preciso ter uma reserva antes que suba mais ainda”, preocupou-se a servidora pública, que usa máscara em locais com aglomerações.
* Estagiários sob a supervisão de Guilherme Goulart
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