Correio Braziliense
postado em 17/03/2020 04:19
Morreu ontem Wéverton Leonardo Elias, 31 anos, baleado na cabeça por um policial militar aposentado durante briga de trânsito, na avenida Elmo Serejo, em Taguatinga. O crime aconteceu em 2 de agosto do ano passado. Na última madrugada, ele não resistiu aos ferimentos e teve falência múltipla dos órgãos. O autor do disparo, Francisco Cipriano Vieira, de 49 anos, responde ao processo em liberdade. Ele era instrutor de tiro da PM e afirmou, na ocasião, que não tinha a intenção de balear o motorista e que não sabia se o disparo o tinha atingido.
Técnico de TI, Wéverton começou o tratamento no Hospital de Base, mas estava internado no Hospital Albert Sabin, da Asa Norte. Na última quinta-feira, ele foi levado para a unidade de terapia intensiva (UTI) com uma infecção, como contou a irmã. “O Wéverton passou por quatro cirurgias recentes, chegou a receber três bolsas de sangue e teve essa infecção que não sabiam se era no pulmão ou no rim. No domingo, minha mãe me ligou dizendo que ele estava nos momentos finais”, lamentou Asline Glenda Elias, 45.
Para a família, Wéverton sempre será lembrado como uma pessoa sensível ao próximo. “Meu irmão era uma pessoa de coração generoso, que não media esforços para fazer o bem. Ele era família, querido por amigos e fazia caridades para quem nem conhecia. Mensalmente, organizava caravanas de entrega de alimentos a quem precisava”, lembra Asline.
Os advogados da família informaram que entrarão com um pedido de alteração da queixa-crime para homicídio. O inquérito foi registrado na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) e o acusado identificado pela DP em agosto daquele ano. Ele se entregou, mas não foi detido por não ter sido pego em flagrante. Agora, é réu de uma ação penal que tramita no Tribunal do Júri de Taguatinga.
Em nota, a Polícia Militar informou que foi instaurada uma sindicância para apuração do fato e o que processo ainda está em andamento. “A depender das investigações, o caso pode resultar na exclusão do militar da Corporação. Mesmo na reserva remunerada o militar poderá ser submetido a Conselho de Disciplina previsto na Lei 6.477/77, conforme previsão do parágrafo único do artigo 1º. A apuração do crime comum ocorre em paralelo, podendo resultar nas penas previstas na tipificação para o crime”, informou o texto.
O Ministério Público denunciou Francisco por homicídio duplamente qualificado, na modalidade tentada, mas de acordo com a advogada especialista em direito penal Hanna Gomes, caso seja comprovada a intenção de matar, ele pode responder por homicídio duplamente consumado e pegar de 12 a 30 anos de reclusão. “O promotor também classificou o crime com os qualificadores de motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima”, afirmou a advogada.
Velório
Familiares e amigos se reuniram na noite de ontem, na capela especial 1 do Cemitério da Campo da Esperança na Asa Sul, para prestar homenagens a Wéverton. O corpo do técnico de TI será sepultado em Ribeirão Preto (SP).
Wéverton foi colaborador da viação Expresso São José por mais de 10 anos. Em homenagem ao funcionário, a empresa afirmou que ele deixou o legado de alegria e de espontaneidade. “Sempre esteve disposto a fazer o melhor”, diz o texto. “A nós, ficam as boas lembranças de Wéverton e o agradecimento por toda a dedicação à Expresso São José”, finaliza a nota.
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