Correio Braziliense
postado em 18/03/2020 04:15
Aulas em escolas e universidades estão suspensas até 30 de março, de acordo com determinação do Governo do Distrito Federal para conter a propagação do coronavírus. No entanto, a orientação de médicos e infectologistas é de que os estudantes fiquem em casa, pois a medida adotada é justamente para diminuir a circulação de pessoas. Para Ricardo Martins, mestre em clínica médica e pneumologista do Hospital Brasília, é de extrema importância que a população se conscientize e evite as ruas. “Não são férias. A gente sabe que é difícil ficar tanto tempo em casa, mas é um sacrifício necessário”, ressalta o especialista.
Segundo Ricardo, o momento agora é delicado. “A gente está aprendendo como o vírus se comporta. Nesse caso, o melhor é ficar em casa o máximo que puder. Mesmo se a pessoa não apresente nenhum sintoma, visto que há possibilidade de estar com o coronavírus sem o vírus ter se manifestado”, pontua. A reclusão dos 15 dias leva em conta o tempo estimado da Covid-19 no organismo. De acordo com o pneumologista, não dá para afirmar o período exato, mas o que tem se mostrado nos outros países é de três a 14 dias. “Não tem preço que pague a vida de uma pessoa. Os cuidados têm de vir de todos, para não enfrentarmos o que aconteceu na Europa.”
O universitário Rodrigo Azoubel, 24 anos, se preocupa com a situação em relação à pandemia mundial do coronavírus. “No momento, passo muito tempo tentando dizer para os meus amigos o quanto é estranho ficar saindo de casa agora. Eles estão até meio chateados, porque eu não quero sair. Mas eu falo que é um perigo não só para a gente como para nossas famílias”, avalia. Ele estuda matemática na Universidade Paulista (Unip) e aproveita o período sem aula para adiantar os trabalhos da faculdade. “O pessoal está achando que, pelo fato de a gente ser jovem e não fazer parte do grupo de risco, está fora de perigo. Estavam querendo marcar o vôlei nesta semana. Falaram para irmos de máscara, mas disse: ‘Gente, temos de evitar esse contato’. Eles não entenderam muito bem, acham que é só lavar a mão e, assim, vai dar tudo certo”, relata.
João Pedro Rezende, 23, também encara como irresponsabilidade quem aproveita o momento para curtir. “Acho complicado, porque as pessoas olham o interesse próprio e não se preocupam com o fato de que outras pessoas podem se contaminar. Vejo vários colegas indo a bares, por exemplo. Isso influencia diretamente a situação, e acabamos não combatendo a doença”, comenta. Estudante de psicologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), o jovem é a favor da suspensão das aulas. “Eu vejo como uma forma de a gente ter o controle da saúde. Entretanto, só é favorável se também tiver colaboração da população”, diz.
Cuidados
Segundo Marcos Pontes, emergencista do Grupo Santa, mesmo fora do grupo de risco, há a possibilidade de os jovens também terem complicações com o coronavírus. “Se não tiverem tomando as medidas necessárias, a chance de serem contaminados é igual a qualquer um. O grande problema é que esses que têm a probabilidade menor podem passar para pessoas mais fragilizadas”, alerta.
Como segurança, Marcos detalha as medidas de higiene. “É preciso proteger a boca quando tossir, ou usar o braço para ter a proteção. Tossir para cima dissipa várias gotículas, que, se o paciente estiver contaminado, vai espalhar para outras pessoas”, explica. Segundo ele, a população não leva muito a sério a questão de lavar as mãos. “O álcool em gel é um ótimo produto para higienizar. Mas, na falta dele, água e sabão são até melhores. Uma ênfase melhor nesses princípios surtiria um efeito muito bom”, reforça.
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