Cidades

Setor de turismo é o um dos mais afetados pela crise da Covid-19

Setor sofre com cancelamentos de voos e hotéis vazios e busca soluções para evitar demissões e prejuízos

Correio Braziliense
postado em 20/03/2020 06:00
Anderson Rodrigues é gerente de uma agência de viagens: A disseminação do novo coronavírus no Distrito Federal abala o mercado de turismo local. Com 84 pessoas infectadas na capital pela Covid-19, o setor avalia os impactos econômicos. Apesar de não haver dados atualizados para dar a dimensão do problema em Brasília, empresários relatam queda de vendas para viagens nacionais e internacionais.

Gerente de uma agência de viagens no Riacho Fundo, Anderson Rodrigues relata que praticamente todos os clientes cancelaram as viagens devido ao aumento da contaminação de coronavírus. “Isso (doença) quebrou o setor de turismo. Como conseguiremos manter uma empresa de viagens na atual situação? Não há procura. O sistema está impactado”, lamenta. Segundo ele, 60% dos cancelamentos são nacionais e 40%, internacionais. Ele estima um prejuízo de R$ 200 mil para a empresa. “Tivemos de recorrer a empréstimo para colocar dinheiro em caixa. Aliás, precisamos acertar as contas básicas, de água, luz, telefone e internet. Para não perdermos tanto, estamos orientando a adiarem em vez de cancelarem”, disse.

O empresário Victor Hugo Freitas, 27, administra três agências de turismo: em Sobradinho, no Riacho Fundo e na Asa Norte. Ele conta que, no início de março, apenas os voos com destino a outros países eram cancelados. Agora, os nacionais entraram na lista. “A situação é crítica. Estamos vivendo um momento de pânico. Cancelamos apenas neste mês, em média, cerca de 60 a 80 pacotes, o que equivale a uma perda de quase R$ 240 mil”, ressalta. A expectativa, segundo ele, é imprevisível. “Não tem como saber como vamos nos manter daqui para a frente. Vamos esperar passar essa pandemia para estimar os prejuízos”, explicou.

O empresário aposentado Eilton Oliveira, 63, estava com as passagens compradas desde o fim de fevereiro para o Rio de Janeiro. A viagem, marcada para 10 de abril, foi cancelada devido à pandemia de coronavírus. “É tradição da família viajar todos os anos nesse período. Mas, infelizmente, precisamos saber que o momento não é oportuno, e preferimos não nos expor, até porque tenho diabetes e estou no grupo de risco”, contou.

Setor abalado

O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih/DF), Henrique Severien, analisa os impactos da pandemia nos serviços hoteleiros da capital. “Da mesma forma que as companhias aéreas são afetadas, o nosso setor também é. Não há mais ninguém se hospedando em Brasília por causa de reunião de negócios ou de participação em eventos. Ainda há passageiros que precisam se hospedar por causa de cancelamentos de voos. Mas o cenário é quase zero”, ressalta.

O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Silva, estima que a taxa de ocupação nos hotéis da capital seja de 10% a 15%. “Temos cerca de 400 estabelecimentos desse tipo na cidade, mas não tem ninguém. A preocupação, agora, é com o desemprego. Porque, em momentos de crise, os empresários demitem os funcionários. Contudo, estamos articulando estratégias para evitar a demissão em massa”, adiantou.

Duas perguntas para

Vanessa Mendonça, secretária de Turismo

Quais os impactos da pandemia de coronavírus para o turismo local?
O setor de turismo está sendo um dos mais impactados no mundo. Em Brasília, tivemos um crescimento muito significativo no início do ano. Mas estamos enfrentando essa realidade, que requer muita união e cooperação. Estou dialogando diariamente com o Ministério do Turismo, para obtermos ações efetivas a fim de repassarmos aos setores.

Como a secretaria tem trabalhado nessa questão?
Estamos acompanhando, a cada minuto, a situação. Hoje, trabalhamos para mitigar as consequências para que a economia seja retomada no menor espaço de tempo. Pedimos que os empresários não cancelem os eventos, mas adiem. Não é cancelar, é esperar um pouco, porque a economia vai retomar.

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