Cidades

Gama campeão da série B: O craque que veio da praia

Com gols e habilidade, o paulista Rodrigo deu o toque de classe ao Gama no caminho para a elite do futebol brasileiro

Correio Braziliense
postado em 21/03/2020 06:01

Com gols e habilidade, o paulista Rodrigo deu o toque de classe ao Gama no caminho para a elite do futebol brasileiroEsta matéria foi publicada originalmente na edição de 21 de setembro de 1998 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 21 de abril de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram.

 

Das areias de Santos para os gramados brasilienses. O meia Rodrigo, um surfista apaixonado que resolveu trocar a prancha pelo futebol, veio para o distrito federal sem saber exatamente qual era o nível do esporte na cidade. Nem se preocupou muito com isso. “Vim determinado. Queria fazer o melhor que eu pudesses, sem me importar com a estrutura que encontraria. Sabia que não podia perder essa chance”, conta.

 

E não perdeu. Talvez o próprio jogador não esperasse um êxito tão grande. Contratado pelo Gama, chegou a sentir, junto com o time, o gosto amargo das últimas colocações do Campeonato Brasileiro — Série B, como aconteceu na primeira fase. Mas compartilhou também a alegria de dar a volta por cima e hoje, contra todos os prognósticos, comemora a classificação à primeira divisão. Um marco no futebol brasiliense. 

 

Com gols e habilidade, o paulista Rodrigo deu o toque de classe ao Gama no caminho para a elite do futebol brasileiroO Gama está, agora, entre os grandes do país! E parte desse sucesso deve-se a Rodrigo. Artilheiro do time, com oito gols, o meia virou ídolo da torcida e entrou definitivamente para a história do clube. 

 

Sondado por várias equipes brasileiras, ele não ficará no Gama, mas os torcedores — que por várias vezes o aplaudiram ao final das partidas — com certeza não o esquecerão.

 

Ele também guardará boas lembranças de sua passagem pelo alviverde. “Foi uma ótima experiência profissional e aqui dei um grande passo na minha carreira”, diz. “Encontrei também um grupo fantástico, de pessoas formidáveis”, elogia, sem esquecer de uma, em especial, que considerou muito importante na conquista: o técnico, também paulista, Vagner Benazi. “É um treinador maravilhoso. O melhor que eu já tive.”

 

Com 1,74m de altura e 75kg, Rodrigo Juliano Lopes de Almeida, 22 anos, certamente facilitou muito o trabalho do treinador. Driblador, habilidoso e muito determinado, esse meia canhoto foi um terror para os adversários e uma alegria para os torcedores. Os marmanjos aplaudiram o seu futebol e as moças a sua aparência, reforçada por olhos azul e um físico bem delineado.

 

O muso da torcida feminina é vaidoso, mas sem exagero. Gosta de vestir-se bem, tem uma alimentação balanceada (um cuidado que tem mesmo quando está de férias), curte cinema, música pop e rock (não encara pagode, como a maioria dos jogadores), e só não lê com muita freqüência porque diz ser muito ansioso para concentrar-se na leitura — mas não dispensa jornais e revistas.

Família

Nascido numa família de classe média alta de Santos, Rodrigo fala com carinho de todos na sua casa. “Para mim, a minha família é tudo. Amo todos eles”, declara o jogador, que mora com os pais, Carlos Alberto e Mônica, e os irmãos Carla, 23 anos, Juliano, 20, e Juliana, 18. “Somos muito unidos”, garante. 

 

O outro amor de Rodrigo é a jovem Irina Andréa Afonso, 20 anos, uma estudante de Medicina com quem namora há cinco anos. “Minha primeira e única namorada”, afirma. Mesmo dizendo-se muito apaixonado, ele não pensa em se casar. Pelo menos por enquanto. “Na minha carreira é preciso estar sempre viajando e ainda não tenho condições de levá-la comigo. Além disso, não quero que ela pare de estudar”, explica o jogador, que largou a faculdade de Administração, depois de três anos de curso, e a de Direito, onde ficou por seis meses. “Não dava para conciliar com o futebol.”

 

Ao contrário de boa parte dos jogadores, Rodrigo não se deslumbra com a possibilidade de atuar no exterior. Ele quer fazer sucesso jogando no Brasil mesmo, “que tem o melhor futebol do mundo”, conforme justifica. “Se o jogador for bom de verdade, vai receber o mesmo salário que é pago lá fora”, acredita.

 

Um sonho, porém, o meia compartilha com todos os outros jogadores: chegar à Seleção Brasileira. Para ele, a melhor definição de sucesso profissional é vestir a camisa amarelinha mais disputada do país. Se depender do talento que demonstrou no gama, o sonho é possível.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags