Correio Braziliense
postado em 21/03/2020 07:00
Criminosos se aproveitam da pandemia de coronavírus para aplicar golpes no Distrito Federal. Alguns podem se passar por agentes de saúde, oferecendo testes, medicamentos e até serviços de dedetização nas residências. A orientação da Polícia Civil é de que os cidadãos fiquem atentos às investidas. Na quinta-feira, dois homens fingiram ser “inspetores de coronavírus” para entrar em um apartamento da Quadra 300 do Sudoeste. O morador, no entanto, desconfiou da dupla e acionou a Polícia Militar, evitando o que poderia se tornar um assalto.
Imagens das câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito chega ao local e solicita a entrada ao porteiro. Ao Correio, o funcionário do bloco, que preferiu não se identificar, disse que estava no horário de almoço no momento da tentativa de assalto. “Nunca aconteceu isso aqui. Foi a primeira vez. Eles chegaram por volta das 14h. O homem falou, corretamente, o nome do morador e o andar onde ele mora e informou que faria um serviço de higienização na residência”, contou.
De acordo com a Polícia Militar, um dos criminosos desceu do carro e o outro permaneceu no veículo. Ao receber a ligação pelo interfone, o morador avisou ao porteiro que não havia nenhum serviço agendado e pediu para o funcionário chamar a polícia, pois se tratava de um golpe. “Ele (suspeito) começou a falar que tinha ido ao endereço errado e que iriam no Bloco O. Desconfiei muito, até porque eles não estavam vestidos como médicos ou algo do tipo. Na hora em que saíram, anotei a placa e acionei os militares”, contou o porteiro. Até o fechamento desta edição, os suspeitos não haviam sido localizados.
A funcionária pública Karina Vidal, 48 anos, mora na Quadra 300. Segundo ela, não é a primeira vez que situações como essa ocorrem na região. “Há duas semanas, chegou um cara em um dos blocos informando que era funcionário de determinada empresa. Ele chegou à portaria com o código de rastreio de uma mercadoria e falou que precisava levar o produto de volta para consertar. Mas, na hora, o porteiro desconfiou e o barraram”, disse.
Para a servidora, deveria haver uma pena de prisão mais severa para pessoas que se aproveitam da fragilidade do momento para tirar vantagens. “É terrível você ver que estamos em um momento caótico como esse e ainda ter criminosos usurpando da situação para se dar bem”, desabafou.
Prevenção
O delegado-chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), Ricardo Viana, ressalta que, em situações de emergência como a do coronavírus, são comuns ocorrências desse tipo. “Os criminosos tentam se aproximar das vítimas se pronunciando que farão o bem ou um acolhimento, mas, na verdade, usam essas técnicas para cometer uma fraude ou um roubo à residência”, alertou. O investigador detalha, ainda, que a população precisa ter consciência de que, dificilmente, um agente do órgão público chegará à residência para prestar um serviço sem agendamento. “Atualmente, temos uma carência de serviços públicos. Então, é difícil um funcionário ir à casa da pessoa para checar alguma situação. O ideal a se fazer é ligar para as entidades competentes e pedir informações”, orienta.
Segundo Ivon Iizuka, especialista em segurança pela Total Florida International, algumas dicas são essenciais para evitar o golpe. “Os cuidados, no geral, são os mesmos que devem ser tomados no dia a dia. O primeiro ponto é não permitir o acesso de pessoas estranhas sem que seja identificado adequadamente, com a credencial que obrigatoriamente o agente do Estado deve portar. Se não a possui, é de se desconfiar e não permitir, sequer, a aproximação. Se possível, faça a identificação em um ponto abrigado para que o morador não seja vítima de um ataque, por exemplo, com imposição de arma”, explicou.
O major Michello Bueno do Centro de Comunicação Social da PMDF esclareceu que o Sudoeste é um dos lugares mais seguros da capital e apresenta baixo índice de criminalidade. “Em todo o DF, trabalhamos para reduzir as ocorrências nas regiões. Estamos atentos a qualquer tipo de situação e pedimos para que toda a população redobre os cuidados em casos como esse”, esclareceu.
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