Cidades

Recesso escolar deve ser estendido

Diante das incertezas causadas pelos casos crescentes de infecção pelo coronavírus no DF, secretário de Educação prevê que as aulas da rede pública de ensino só retornam em junho. Universidade de Brasília decidiu cancelar o semestre

Correio Braziliense
postado em 24/03/2020 04:05
Secretaria de Educação estuda a possibilidade de oferecer ensino a distância enquanto durar a quarentena e aulas estiverem suspensas

O crescente número de casos confirmados de infecção pelo coronavírus pode levar o Governo do Distrito Federal a prorrogar a suspensão das aulas. A expectativa era de que os alunos voltassem às escolas em 5 de abril, após o fim do recesso antecipado, decretado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Agora, no entanto, com a propagação da Covid-19, a Secretaria de Educação trabalha com a possibilidade de retomar as atividades apenas em junho, como adiantou ao Correio o secretário João Pedro Ferraz, que estuda a possibilidade implementar sistema de videoaulas. O mesmo cenário fez com que a Universidade de Brasília (UnB) anunciasse, ontem, o cancelamento do semestre.

Na manhã de ontem, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UnB aprovou a suspensão do calendário acadêmico do primeiro semestre deste ano. As aulas estavam interrompidas desde 12 de março, um dia após o GDF publicar decreto pedindo o fechamento das escolas e das instituições de ensino superior por causa da Covid-19. Agora, a decisão da universidade é de manter a medida enquanto durar a situação de emergência gerada pelo coronavírus.

Apesar da suspensão, os alunos poderão aproveitar todas atividades realizadas no início do semestre. Além disso, os estágios supervisionados e as ações assistenciais na área da saúde estão autorizadas. Os estudantes também poderão apresentar defesa dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), de qualificação e defesa de dissertação ou tese, desde que não o façam no modo presencial.

Rede pública

Diante das incertezas, a Secretaria de Educação busca alternativas para minimizar o prejuízo aos alunos. “Temos quase certeza que precisaremos esticar o recesso”, afirmou o chefe da pasta, João Pedro Ferraz. De acordo com ele, existe um conteúdo de videoaulas pronto, para ser ministrado por professores e transmitido via internet. “Nós temos algumas soluções tecnológicas para ofertar essas aulas, mas dependemos de um bom sinal de internet para que isso ocorra. Nessa época (quarentena), os sinais estão ruins, mas estamos avaliando”, garantiu.

Na rede pública de ensino, no entanto, nem todos 450 mil estudantes matriculados têm acesso à internet em casa. Essa questão também é considerada pela pasta. “Precisamos ponderar essa dificuldade. Uma ideia é transmitir essas aulas pela televisão”, destacou Ferraz. A expectativa, segundo o secretário é atingir o maior número de alunos, mas o foco serão aqueles que cursam o ensino médio.


Redução no transporte

Segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), a quantidade de passageiros que utiliza ônibus no DF no sofreu redução de aproximadamente 60%. “Em razão da baixa demanda registrada nos últimos dias, a Semob autorizou as operadoras a utilizarem a tabela horária do período de férias. Tal operação deverá ocorrer entre os dias 24 e 27 de março de 2020. Para os dias 28 e 29 de março, sábado e domingo, deverá ser adotada a programação de viagens usualmente aplicada aos domingos”, informou a pasta, em nota.

Ontem, decisão do Governo de Goiás a respeito do transporte público também teve efeitos na capital federal. Mesmo após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editar medida provisória que concentra no governo federal o poder de restringir a circulação de pessoas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), publicou decreto que proíbe o transporte interestadual. As duas normas foram publicadas na sexta-feira. De acordo com a medida do estado, os meios de locomoção público e privado, incluindo por aplicativos, que estiveram em unidades da Federação com casos de coronavírus confirmados, não poderão transitar em Goiás.

Sem ter como vir à capital ou como retornar às casas no Entorno, parte do efetivo de motoristas e de cobradores da Viação Piracicabana deixou de comparecer ao serviço, informou a empresa. Em decorrência disso, a frota circulou com 15% de redução e alguns itinerários, que antes atendiam Sobradinho e Planaltina, precisaram ser remanejados para o Plano Piloto, onde há maior demanda, de acordo com a Semob.

No sábado, Ronaldo Caiado declarou em redes sociais que manterá o decreto e pediu aos goianos que venham ao DF apenas se atuaram nas áreas de limpeza, saúde ou segurança. “Temos uma prerrogativa constitucional. Não estamos de maneira nenhuma desrespeitando a medida provisória editada pelo governo federal”, defendeu. “Será feita uma triagem e uma orientação aos moradores da região. Se não atuar nessas áreas, não precisa ir a Brasília”, frisou.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), por meio de nota, informou que o transporte interestadual de passageiros continua em operação. De acordo com a autarquia, a Presidência da República publicou o Decreto nº 10.282/2020, que define os serviços públicos e as atividades essenciais em período de emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus. “Entre eles, está o transporte interestadual (longa distância e semiurbano) de passageiros. Já o transporte internacional está suspenso, excepcionalmente”, reforçou o texto.

Horário dos postos

Outra medida que vai impactar o setor de transportes entra em vigor hoje. Mais de 300 postos de combustíveis do DF passam a funcionar em esquema de atendimento especial, em razão da pandemia do coronavírus. Os estabelecimentos funcionarão apenas das 7h às 19h, de segunda-feira a sábado, e fecharão aos domingos e feriados. Segundo o Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sinpospetro), o movimento de clientes caiu 80%, o que trouxe prejuízo ao setor.

O presidente da entidade, Carlos Alves, afirma que a medida é necessária para evitar demissões em massa. “Também temos preocupação com a saúde do trabalhador, que tem contato direto com os clientes”, ressaltou. A decisão é válida por 120 dias e dá direito ao empregador reduzir até 25% o salário dos funcionários, além de adotar férias coletivas e a redução da jornada de trabalho.




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