Cidades

Homens são condenados por preconceito contra religião de matriz africana

Pastor evangélico desmontou oferenda enquanto outro homem gravou a ação; os dois foram condenados

Correio Braziliense
postado em 24/03/2020 16:13
Pastor evangélico desmontou oferenda enquanto outro homem gravou a ação; os dois foram condenados Um pastor evangélico e um outro homem foram condenados pela prática e incitação de discriminação e preconceito de religião por meio de rede social. A pena foi fixada em pagamento de multa e dois anos de reclusão em regime aberto, convertida em duas penas restritivas de direito, a serem definidas. A sentença é de 17 de março.

O fato ocorreu em 2016, quandos os dois homens voltavam de uma celebração em igreja evangélica da qual o acusado é pastor e o outro homem frequentador. Os réus viram um “despacho” (oferenda) em um balão do Recanto das Emas. O pastor parou o veículo que conduzia e falou para os demais passageiros do carro que mostraria como se desfaz o “despacho”.

Em seguida, ele desmontou a oferenda com desprezo, fez diversos comentários ofensivos e desrespeitosos e pediu que os demais filmassem a ação. O pastor afirmou que se tratava de trabalho feito para matar e destruir pessoas de forma cruel. As falas tinham o intuito de discriminar e incitar a discriminação aos praticantes de religiões de matriz africana.

No dia seguinte, o outro condenado divulgou o vídeo no Facebook, o que culminou em inúmeros compartilhamentos e comentários, inclusive de cunho ofensivo. A denúncia foi feita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED). Segundo o Ministério Público, ao procederem de maneira intolerante os acusados incorreram em atos manifestamente discriminatórios e profanaram ritual de religião diferente das suas.

O Tribunal de Justiça ponderou que é indiscutível a ampla liberdade de crença e de expressão, derivada da própria liberdade geral e de pensamento. Porém, não se admite, sob nenhum pretexto, a discriminação e o preconceito. Na sentença, o juiz considerou que as chamadas oferendas constituem formas que os professos das religiões de matriz africana possuem de se comunicar com seus “deuses” e que elas se igualam, em  significado, a diversas simbologias de outras religiões. Tais símbolos têm, de regra, a finalidade de pedir algo, agradecer por algo ou, simplesmente, manter uma conexão com o mundo espiritual.

Com informações do MPDFT

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