Cidades

Crônica da Cidade

Correio Braziliense
postado em 26/03/2020 04:17
Economia solidária

Em meio ao caos instalado pelo coronavírus, quando foi anunciado um pronunciamento do presidente da República, imaginava-se que ele faria uma conclamação à união, à cooperação e à solidariedade no sentido de derrotar o inimigo comum. É isso que se espera de um líder em um momento tão grave como esse.

Mas, para surpresa de todos, em um discurso insensato, o presidente deu uma aula de desconhecimento sobre saúde,  economia, ciência, história, jornalismo e política. Pediu aos trabalhadores que voltassem a suas atividades e desdenhou a pandemia global como se ela fosse uma "gripezinha".                  

Disse que, por ser atleta, estaria imune ao coronavírus. Ora, os jogadores Dybala, Rudy Govert, da NBA e o tenista Wild foram infectados. Rudy sentiu sintomas não usuais como a perda de paladar e olfato. O presidente parece desconhecer que as Olimpíadas do Japão foram adiadas por causa do coronavírus.  

O dilema entre tratar da saúde em detrimento da economia é falso. É preciso cuidar dos dois problemas simultaneamente. No entanto, em uma situação de pandemia todos os esforços devem ser concentrados em salvar vidas. E isso cabe, em primeiro lugar, ao Estado. Em uma situação de pandemia,  o Estado deve arcar com os custos da sobrevivência dos desvalidos e com estímulos para a sobrevivência das pequenas e médias empresas.

Os mais vulneráveis precisam ser protegidos. Essa é a maneira de garantir empregos. Pode parecer utopia, mas é nessa direção que trilharam as medidas tomadas por Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos e ídolo de Bolsonaro. Ele injetou 2 trilhões de dólares na economia para socorrer as empresas e para garantir uma renda básica aos trabalhadores no período da pandemia. É isso que os economistas brasileiros recomendam; e foi o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial.              

Claro que o Brasil não é os Estados Unidos. Mas temos recursos suficientes para atravessar essa tormenta de uma maneira digna. A criatividade dos economistas precisa ser mobilizada para fornecer ideias no sentido de criar uma rede de proteção. Seria preciso transformar a solidariedade em um projeto de Brasil.  




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