Corpo de vítima de Covid-19 que morreu em Goiás deve ser cremado

Ao Correio, filha da mulher de 66 anos contou que o pai está internado em observação

Correio Braziliense

postado em 26/03/2020 17:37

"O controle fugiu das minhas mãos, minha vontade não prevalece mais", desabafou, ao Correio, a filha da primeira paciente morta em decorrência do novo coronavírus na região Centro-Oeste. Aos 66 anos, a mulher foi transferida da Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Ingá, em Luziânia, para o Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia, onde se constatou o óbito.

De acordo com relato da filha da paciente, o corpo da idosa, moradora de Luziânia, terá que ser cremado. "Até agora há pouco, tive a notícia que poderia fazer o velório da minha mãe com caixão lacrado, com 10 pessoas e somente por 30 minutos. Porém, chegou agora a informação de que ela terá que ser cremada", detalhou. 

Os familiares da vítima ainda não realizaram o teste para a Covid-19. Apenas o marido dela, um homem de 73 anos e trabalhador rural, está na UPA em observação. "O quadro de saúde dele é bom. Acho que o que agravou mais foi ele ter recebido a notícia da minha mãe", comentou a filha do casal. No momento no qual falou com a reportagem ela estava chegando de Goiânia para acompanhar a situação do familiar.

A princípio, os dois foram diagnosticados com dengue e pneumonia e apresentavam sintomas similares. Da mesma forma que a mulher, o homem apresenta comorbidades, como pré-diabetes e hipertensão. 

O caso

Na manhã desta quinta-feira (26/3), a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás confirmou a morte de uma mulher, de 66 anos, pelo novo coronavírus. Este é o primeiro óbito pela Covid-19 registrado no Centro-Oeste. 

De acordo com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, a vítima era hipertensa, com diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica. "[Ela] teve dengue recentemente. Não resistiu. Meus pêsames e todo apoio e solidariedade à família. Que Deus conforte o coração de todos", escreveu em uma rede social.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que a mulher esteve em Brasília 10 dias antes de apresentar os primeiros sintomas. "A paciente foi transferida [de Luziânia] pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (SAMU) para o Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia, onde se constatou o óbito, apesar das tentativas de reanimação feitas pela equipe", diz trecho da nota.