Cidades

Empresas do setor de beleza usam a criatividade para manter vendas

Com o decreto do GDF que determina o fechamento do comércio, empresas do setor de beleza têm se reinventado. Vendas de vouchers e delivery de produtos são algumas das alternativas adotadas

Caroline Cintra
Juliana Andrade
postado em 27/03/2020 06:00 / atualizado em 25/08/2020 17:34
Vanessa Rezende foi contratada pelas donas de uma empresa de maquiagem para fazer as entregas de carroA quarentena para o combate à disseminação da Covid-19 impactou diversos setores do comércio do Distrito Federal. Com os estabelecimentos voltados para a beleza não tem sido diferente. A área é uma das mais atingidas, segundo o Sindicato dos Salões, Institutos e Centros de Beleza, Estética e Profissionais Autônomos do Distrito Federal (Simbeleza). Porém, o período não é de desânimo. Empresários têm se reinventado e contado, até mesmo, com a solidariedade e parceria dos clientes para se manterem em atividade e cumprirem com o pagamento dos funcionários. 

O salão Cravo e Canela, por exemplo, decidiu vender voucher para manter a renda. São 10% de desconto para qualquer serviço, com o prazo de um ano para ser utilizado. “Estamos vivendo um momento delicado. Essa é uma alternativa que ajuda tanto a gente quanto os nossos funcionários. O cliente pode escolher o serviço e a profissional da preferência dele”, comenta a proprietária Eliene de Souza. A empresária tem seis colaboradores que dependem do rendimento do salão. “Eu tenho dois filhos para criar e não posso ficar totalmente parada”, destaca. O voucher pode ser adquirido pelo WhatsApp (veja Serviço). Ainda é possível oferecê-lo de presente para alguém. 

A venda de serviços antecipada é uma das alternativas encontradas pelas empresas, mas ainda não tem gerado uma grande receita, segundo o Simbeza. “Alguns clientes têm medo de comprar algo antecipado. Eles querem o produto de imediato”, lamenta o presidente do sindicato, Célio Paiva. Para ele, o setor tem um diferencial, pois grande parte dos profissionais recebe por serviço ou semanalmente. “Os salões não têm a possibilidade de fazer delivery, como muitos setores estão fazendo. Os empresários temem em precisar demitir. A maioria dos salões não tem uma gestão muito forte e estrutura para ficar muito tempo fechada”, alerta.

O presidente do sindicato espera o apoio do governo para se reerguer após a quarentena. “O decreto foi bem específico quanto ao fechamento do nosso setor. Espero que eles lembrem da gente também na hora de dar assistência”, destaca. 

Solidariedade

Outro salão, o Uber Beleza e Estilo, além de oferecer voucher com desconto para atendimentos após o período de quarentena, passou a vender kits de cronograma capilar. O objetivo é repassar grande parte do valor para os funcionários da empresa.

“Os nosso colaboradores não têm salário fixo. Eles recebem por produção. Na situação em que estamos, eles não estão produzindo e, consequentemente, não estão recebendo, mas tem pagamento de aluguel, alimentação. Então, montamos os kits e estamos vendendo mais barato e repassando os valores para a equipe”, comenta um das sócias Neiva Boccardi, 47.

Mais de 40 funcionários serão beneficiados com a venda dos produtos. No Instagram, as cliente aplaudiram a iniciativa. O kit vem com quatro tratamentos: nutrição, reconstrução, reparação e hidratação, e são entregues em casa. 

Serviço

Salão Cravo e Canela
98638-6030 (WhatsApp)

Uber Beleza e Estilo
@uberbeleza
98407-1542 (WhatsApp)

Maria Batom
@mariabatommakeup

Adaptação até dos grandes


O ramo de cosméticos também sente o impacto da quarentena. A  rede O Boticário, por exemplo, precisou se reinventar para manter as vendas. A multinacional está fazendo entrega grátis para todo o Brasil. O intuito é facilitar para os clientes o acesso aos produtos, sem precisar sair de casa e sem pesar tanto no bolso.

 Além disso, a marca tem espalhado mensagens de prevenção ao coronavírus. “O Boticário acredita que, quando cada um faz a sua parte, o todo fica cada vez mais forte. Neste diálogo, a ideia é conscientizar as pessoas para que cada produto tenha seu uso potencializado”, diz Aline Mori, diretora de marketing do empresa.

 O serviço de delivery também foi a alternativa encontrada pela empresa Maria Batom. Há dois anos no mercado de maquiagem em Brasília, as donas da marca, Aline Zuza e Marcela Nunes, vendiam os produtos apenas em lojas físicas, no Sudoeste, em Águas Claras e no Lago Norte. Agora, elas têm abusado da criatividade para vender pelas redes sociais.

“Estávamos paradas com o serviço de entrega, porque a demanda das lojas era grande. Mas, neste momento, a gente precisou retomar o delivery para continuar vendendo”, disse Aline. Segundo elas, desde a divulgação do decreto, as vendas caíram cerca de 99%. Mesmo em meio à crise, as empresárias contrataram uma pessoa para fazer as entregas temporariamente. “Ela vai de carro, toda arrumada e uniformizada. Usa máscara e luvas. E ainda leva um mimo para as clientes. É uma forma da gente manter a clientela e prestigiá-la”, afirma Marcela. 

Delivery

Para o especialista em empreendedorismo, o diretor comercial da Fazendo Mais Tecnologia Avançada para Eventos, Frederico Barros, nesse momento o delivery funciona bem e é a única opção em alguns casos. “Os salões de beleza oferecem mais serviços, mas se têm produtos é preciso divulgá-los para as clientes e para pessoas também do segmento. Ouvi dizer que pessoas desse ramo estão com os estoque acabando. E isso é positivo”, afirma.

Além disso, as redes sociais são aliadas na hora de vender.  “Produzir vídeos e tutoriais explicando como aquele produto funciona faz com que a cliente se sinta bem e confiante para comprar pela internet”, diz Fred.

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