Cidades

Setor de serviços pode ter até 11 mil demissões na capital federal

Enquanto a ajuda prometida pelo governo não chega à economia real, os trabalhadores das micro e pequenas empresas já sentem o impacto da recessão econômica

Correio Braziliense
postado em 27/03/2020 06:00
ilustração de um carteira de trabalhoO setor de serviços já sente os impactos da crise econômica causada pelo novo coronavírus no Distrito Federal. Segundo informações do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), desde o início da quarentena foram dispensados mais de 3 mil empregados, incluindo aqueles que estavam em contrato de experiência. A estimativa é de que as dispensas se intensifiquem, chegando a aproximadamente 11 mil demissões até 5 de abril, data prevista para o término da paralisação, que pode ser prorrogada. 

Enquanto a ajuda prometida pelo governo não chega à economia real, os trabalhadores das micro e pequenas empresas já sentem o impacto da recessão econômica. “Precisamos de alento, perceber que o governo local está preocupado. Até o momento, tivemos decisões em nível federal, do fundo de garantia. Já nos antecipamos na nossa convenção coletiva de trabalho, assinada em conjunto com o sindicato dos empregados. Previmos a antecipação das férias, possibilidade de colocar em férias sem a necessidade de aviso prévio, parcelamento”, disse o presidente do Sindhobar, Jael Antônio da Silva. 

Os empresários cobram uma medida provisória e consideram que os recursos anunciados não são suficientes para impedir o segmento de afundar. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Beto Pinheiro, se o quadro se estender até o final de abril, cerca de 50% dos 110 mil empregos diretos podem ser dizimados. “Estamos pleiteando junto ao GDF uma moratória para o adiamento de impostos, pedindo de quatro a seis meses para quitar essas obrigações até que os empregos e a economia voltem a girar.  Seria um caos social essa quantidade de desempregados. Mesmo se não ajudarem, essa conta chegará para o governo de qualquer jeito, seja com seguro desemprego ou saques do FGTS”, afirmou.

Crédito de R$ 1 bi 
O Banco de Brasília (BRB) anunciou a liberação de até R$ 1 bilhão em crédito orientado para empresas, de todos os portes, afetadas pelos impactos econômicos do coronavírus. Para o sindicato, a medida não é suficiente, já que 90% são micro e pequenas empresas, grande parte concentrada nas regiões administrativas, e não teriam condições de assumir o compromisso. “Essa medida já é um feito, mas precisamos saber também a capacidade desse pequeno empresário em pegar esse dinheiro, se estão negativados, se todos estão bem comprometidos. Estamos buscando empréstimo subsidiado a custo zero, não adianta só suspender a questão da oratória, mas como sobreviver sem receber nada, precisamos de um empréstimo para que volte a normalidade”, afirmou o presidente do Sindhobar. 

Saiba Mais

Mesmo considerando o isolamento importante, os empresários temem a catástrofe em cadeia. “Acredito que o GDF acertou em antecipar [medidas de prevenção] e temos a expectativa de que, após o prazo do fim do decreto da quarentena, o comércio seja liberado a funcionar aos poucos. O setor não tem condições de manter essas despesas como aluguel, imposto, e até mesmo o próprio salário dos empregados, sem estar funcionando. Já trabalhamos com uma margem muito apertada, vendendo com recebíveis e girando para o pagamento. Um mês parado é um desastre”, pontuou o presidente da Abrasel.

* Estagiária sob supervisão de Adson Boaventura

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