Cidades

Gás incerto, luz garantida

Distribuição dos botijões sofre paralisação e deixa cozinhas ameaçadas. CEB suspende cortes de energia por 90 dias

Correio Braziliense
postado em 28/03/2020 04:06
Dificuldades logísticas provocadas pelo coronavírus e estoques de clientes prejudicam o acesso ao produto

Os desdobramentos da pandemia de Covid-19 não param. Os impactos de decretos e decisões governamentais somam-se ao medo da população diante de um cenário novo, atingindo diferentes setores envolvidos no funcionamento das engrenagens política, econômica e social. Ontem, a distribuição de gás de cozinha foi paralisada em algumas Regiões Administrativas do DF. Por outro lado, a direção da Companhia Energética de Brasília (CEB) garantiu que não fará o corte no fornecimento de luz em caso de inadimplência, pelo menos nos próximos 90 dias.

Desde a semana passada, as revendedoras de gás têm dificuldades em manter os estoques. O Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindvargas-DF) alertou, por meio de nota oficial, que as revendas estão sendo racionadas para evitar a interrupção total do abastecimento. “Revendedores têm entrado em contato conosco, informando que estão sem gás. Outros estão com estoque muito baixo”, afirmou o presidente do Sindvargas, Sérgio Costa.

Diversos fatores contribuem para a escassez, segundo o sindicato. Dentre eles, a produção da Petrobras, que teria sofrido uma redução de 30%. A estatal teria dispensado os funcionários com mais de 55 anos, em função do alto risco de contágio pelo coronavírus. Com um contingente menor, a empresa estaria com dificuldades no abastecimento.

Em nota, a Petrobras informou ao Correio que o fornecimento de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha, segue normal em todo o país. “As entregas estão sendo realizadas normalmente nos pontos de fornecimento, conforme informado às distribuidoras”, diz o texto. 

A estatal informou que, com a redução de R$ 5, em vigor desde a última quinta-feira, o preço médio nas refinarias da empresa passou a ser de R$ 24,27 por botijão de 13kg — menos 12,5%, no acumulado do ano.

Com receio das consequências da disseminação do vírus, a população passou a estocar gás de cozinha. Outro fator que contribui para a escassez pontual do produto. As entidades e órgãos do setor de combustíveis, no entanto, alertam que não há necessidade de adquirir o produto em excesso. “Muitos consumidores nem precisam comprar o gás e estão estocando. Isso prejudica famílias que necessitam do produto”, ressaltou Sérgio Costa.

A Petrobras informou que não há “qualquer necessidade de estocar GLP, pois não haverá falta de produto para abastecer a população”. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também reforçou que não há razão para corrida da população para comprar botijões.

Inadimplência

A Companhia Energética de Brasília (CEB) suspendeu o corte no fornecimento de luz em residências rurais e urbanas em casos de inadimplência neste período de quarentena. Diante de determinações do governador Ibaneis Rocha (MDB), para minimizar os impactos do novo coronavírus, a medida vinha sendo adotada antes mesmo da resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), publicada na última quarta-feira, que proíbe a interrupção do serviço por falta de pagamento.

O diretor-presidente da companhia, Edison Garcia, divulgou, ontem, as medidas adotadas pela empresa para os próximos 90 dias. “Não houve suspensão da exigência de pagamento pelo serviço. Sabemos que algumas famílias ou comércios terão dificuldade para pagar, mas aqueles que não tiverem não deixem de fazer o pagamento”, pontuou Garcia.

Apesar de suspender o corte daqueles que não pagarem a conta, os juros e correções continuarão a ser cobrados, o que pode provocar um acúmulo na dívida. O nome do consumidor também será negativado nas instituições com essa atribuição.

As agências de atendimento presencial continuarão fechadas e os consumidores podem recorrer aos canais virtuais da CEB para solicitar os serviços.

Balanço

O diretor-presidente da companhia, Edison Garcia, também divulgou o Relatório da Administração de 2019 das empresas do Grupo CEB. A companhia registrou lucro líquido consolidado de R$ 119 milhões. O dado representa um aumento de 38% em relação aos ganhos do período anterior — R$ 86,6 milhões.

Uma das responsáveis pela virada nos resultados foi a CEB Distribuição, subsidiária responsável pela distribuição de energia no DF. Ela saiu do negativo, em 2018, com prejuízos de R$ 33,7 milhões, e computou, no ano passado, lucro líquido de R$ 41,9 milhões. 

O saldo positivo, no entanto, não descartou os planos de privatização da estatal. 


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