Cidades

Vivências da quarentena

Correio Braziliense
postado em 30/03/2020 04:25



A situação sem precedentes que vivemos traz incertezas, sofrimento, angústia. E também nos exige a capacidade de encarar mudanças cotidianas. Como bem sabe o leitor, não gosto de escrever textos melancólicos demais. Mesmo naqueles mais tristes, busco palavras suaves para amenizar a dureza da informação. Nem sempre é possível, mas acho que vale a tentativa. Diante desses dias difíceis - prenúncio de momentos ainda mais tristes - resolvi, hoje, compartilhar histórias divertidas.

A quarentena, por exemplo, me permitiu ter o primeiro contato com o colega de Redação e cronista Severino Francisco pelo famoso WhatsApp. Tive a impressão de que foi, para ele, se lançar num universo desconhecido. E a estreia foi digna de aplausos: mensagem recebida com sucesso pela interlocutora. Deu até tempo de rirmos um pouco e aliviar a tensão do dia. A semana estava próxima do fim e o cansaço começava a bater.

Vez ou outra, as piadas que correm pelas redes sociais nos ajudam nesse sentido. Aproveito para compartilhar uma que me fez rir bastante, sob o título “Alerta dos psicólogos”. “O fato de você, que está em isolamento, estar conversando com as plantas ornamentais da sua casa é um fenômeno natural. Não há necessidade de nos ligar. A ajuda profissional deve ser procurada apenas nos casos em que as plantas começarem a responder.”

O fim de semana chegou e dediquei o sábado ao descanso. Houve, claro, muita troca de informação pelo mesmo aplicativo de mensagens, mas uns bons cochilos ao longo do dia ajudaram a renovar as energias. Tudo isso para explicar o contexto em que cheguei ao domingo, num evento dramático que quase arruinou o fim de semana. Eu sei que prometi que só falaria de coisas boas. É que agora, passada a irritação, dá para deixar rolarem algumas risadas.

Havia traçado como objetivo do dia assar um bolo de cenoura. Depois de limpar a cozinha e deixá-la impecável (o marido havia cozinhado o almoço) lá fui eu começar a receita. Cenoura, óleo, açúcar, ovos. Mistura pronta no liquidificador cuidadosamente colocado em cima de uma banqueta na tentativa de alcançar a única tomada disponível (Já viu o que vai acontecer, não é?).

Eu sabia que o eletrodoméstico era desses insolentes, que sambam por aí à própria vontade e à revelia de qualquer cozinheiro. Estava de olho, juro! Mas foi então que abri o pote de farinha e avistei, incrédula, um daqueles bichinhos passeando pelos grãos. Aquilo me desestabilizou. E o liquidificador, solidário, ao que parece, caiu com tudo no chão, espalhando a massa toda.

Meus segundos de distração com o inseto arruinaram o restante da receita, que, pelo visto, já não tinha mesmo futuro. Moral da história: não adianta chorar pelo bolo de cenoura derramado.



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