Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 04:05
Morreu, aos 73 anos, vítima do coronavírus, o médico americano James Goodrich, responsável por orientar o procedimento que separou as gêmeas siamesas brasilienses Lis e Mel no ano passado. O neurocirurgião estava internado desde quarta-feira passada no Montefiore Medical Center, em Nova York. Ele faleceu no domingo, após o teste positivo para a Covid-19, doença causada pelo vírus.
Goodrich era o principal especialista em separação de siameses craniópagos (unidos pelo crânio) do mundo, além de ser autor de artigos científicos que avançaram as técnicas usadas nesse tipo de cirurgia. Foi sob a orientação dele que as equipes no Distrito Federal fizeram a cirurgia de separação das gêmeas, no Hospital da Criança de Brasília.
“Ele acompanhou e deu orientações sobre o caso desde que as meninas estavam no útero. Foi extremamente importante em todo o processo. É uma perda irreparável, pois foi a pessoa que abriu as portas para a neurocirurgia pediátrica”, lamenta o neurocirurgião Benício Oton de Lima, que comandou a cirurgia das irmãs.
A equipe do neurocirurgião acompanhou as 20 horas do procedimento que separou Lis e Mel. “Ele deu as dicas, mas sempre muito respeitoso e generoso com a opinião de outros profissionais também”, relembra Oton. O neurocirurgião também auxiliou na separação das gêmeas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), em 2018.
Goodrich fazia parte da equipe do Hospital Montefiore Medical Center, era diretor da Divisão de Cirurgia e Neurocirurgia Pediátrica e professor de cirurgia neurológica clínica, pediatria, cirurgia plástica e reconstrutiva da Faculdade de Medicina Albert Einstein. Ele também foi professor de cirurgia neurológica na Universidade de Palermo, na Itália.
“É uma perda para a comunidade da neurocirurgia pediátrica, mas também é uma perda pessoal. Nos conhecíamos e nos encontrávamos há mais de 20 anos em congressos”, lamenta Oton.
Sucesso
Lis e Mel nasceram em 1º de junho de 2018, no Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib). Elas foram o primeiro caso de gêmeos craniópagos registrado no DF. O procedimento de separação é de extrema complexidade e foi dividido em 36 etapas, realizadas entre as 6h30 de 27 de abril e as 2h30 do dia seguinte.
Conduzida por uma equipe do Hospital da Criança de Brasília, a cirurgia foi a terceira do país e a décima do mundo. Capitaneada pelo neurocirurgião Benício Oton, uma equipe de mais de 50 pessoas se dedicou ao delicado procedimento, inédito na capital. Lis acordou primeiro. Mel, depois, mas saiu primeiro da unidade de tratamento intensivo (UTI).
Após sete meses, Lis e Mel se recuperam bem e frequentam a Escola de Educação Precoce do Governo do DF, um serviço de atendimento a crianças que nasceram com alguma deficiência física ou cognitiva. Elas também têm uma rotina de sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. As meninas já andam sozinhas e estão aprendendo as primeiras palavras.
Após sete meses, Lis e Mel se recuperam bem e frequentam a Escola de Educação Precoce do Governo do DF, um serviço de atendimento a crianças que nasceram com alguma deficiência física ou cognitiva. Elas também têm uma rotina de sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. As meninas já andam sozinhas e estão aprendendo as primeiras palavras.
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