Cidades

É tempo de colaborar

Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 04:05
Mariana Borges assume postura focada na colaboração dentro da equipe

Colaboração é a palavra de ordem neste mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo (o tal mundo vuca) em que estamos vivendo. E, para que ela aconteça de fato, é preciso um olhar especial para as pessoas. Faz algum tempo que essa cultura colaborativa está presente no dia a dia da Fundação Assis Chateaubriand (FAC), organização sem fins lucrativos ligada aos Diários Associados. “A gente já vinha repensando nossa forma de trabalho, nossas relações, nosso estilo de gestão e buscado fortalecer nosso time, buscando desenvolver competências novas. Temos trabalhado muito com o senso de responsabilidade, autogestão, colaboração, empatia, tudo para buscar o bem-estar de cada um de nós. Sabemos que é dessa forma que seremos mais produtivos para conseguir o que a gente quer no trabalho e em nossas vidas”, destaca Mariana Borges, superintendente executiva da FAC.

Mariana está à frente de um time de mais de 200 profissionais, que seguem conectados e produzindo a todo vapor em tempos de coronavírus. Ela acredita que essa mudança de cultura ajudou a equipe nessa transição para o trabalho remoto, motivada pela necessidade de isolamento social. Diante desse novo cenário, destaca Mariana, é necessário um novo olhar sobre liderança: “Acho que o maior ensinamento deste momento é que a humanidade está em plena evolução. E nós, gestores de equipes, sejam elas públicas, privadas ou do terceiro setor, temos que entender cada vez mais o nosso papel como líderes. Eu acredito que ele deva ser muito mais próximo de um facilitador, estimulador do desenvolvimento individual, para a gente extrair o potencial máximo de cada integrante da equipe do que o papel de um orientador, um detentor de conhecimento, um tomador de decisão”, analisa.

Corrente do bem
A FAC também conta com uma equipe de gestão didático-pedagógica que inclui profissionais de educação física, pedagogos, psicólogos e assistentes sociais, que atendem mais de 15 mil pessoas de todas as idades em 7 dos 12 Centros Olímpicos e Paralímpicos (COP) do Distrito Federal, nas regiões de Ceilândia, Estrutural, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho. Com a suspensão temporária dos serviços de aulas esportivas, cursos de qualificação social, eventos comemorativos e esportivos e treinamento de rendimento do Futuro Campeão, a equipe se viu numa situação difícil. E foi daí que surgiu a ideia de engajar os professores para proporem desafios por vídeo aos seus alunos e familiares.

“Nossa equipe tem um espírito de inquietação muito forte. Somos estimulados a criar novas soluções, pensar em caminhos diferentes para cumprir nossa função social de transformar a vida das pessoas, levar mais cidadania, fazer o bem”, comenta Márcio Falcão, um dos gerentes de Centro Olímpico e Paralímpico pela FAC. “Por um lado, temos profissionais competentes e acostumados a levar exercício físico para a saúde. Por outro lado, temos nossos alunos confinados em casa, exercendo sua responsabilidade social, muito importante neste momento. Um terceiro ingrediente é a tecnologia. Juntando tudo isso, lançamos o desafio #copcontraovirus, com vídeos feitos pelos professores para estimularem o movimento em casa, respeitando as restrições de não sair de casa e pouco equipamento. Esse desafio também se estendeu para a nossa equipe de projetos, que não poderia ficar parada. Lancei desafios diários no WhatsApp, inserindo a atividade física na rotina de casa, tudo isso com a minha filha de 2 anos participando junto. Para mim, também tem sido uma forma leve de encarar tudo isso”, ressalta.

A coordenadora de pessoas com deficiência do COP de Ceilândia — Setor O, Márcia Nascimento, saiu de sua zona de conforto, enfrentou a câmera e fez propostas diferentes para alunos andantes e para cadeirantes. Para os andantes, pediu que exercitassem o equilíbrio com um livro e uma garrafa plástica vazia sobre a cabeça, andando por obstáculos feitos com caixas de sapato. Para os cadeirantes, sugeriu erguer garrafas de óleo e pacotes de feijão, para fortalecimento da musculatura dos braços. O que Márcia não esperava era um retorno tão positivo e emocionado dos alunos. Ela recebeu diversas mensagens de agradecimento, de alunos com limitações físicas que estavam parados e viram a real possibilidade de se movimentarem em casa. Um dos retornos que mais emocionou a professora foi o da aluna de hidroginástica Lidianne Lee de Azevedo Oliveira, 38 anos, moradora de Águas Lindas.

“Com o isolamento do coronavírus, acabei me acomodando e ficamos eu e o marido sedentários. Depois que a professora mandou o vídeo, percebi que eu realmente estava deprimida. Foi um tapa na minha cara. Uma pessoa de fora se preocupar com o outro, fazer um vídeo com tanto carinho. Ela se dedicou, colocou amor no que estava fazendo, desejando que aquilo fosse benefício para alguém. Os exercícios fizeram bem para o meu emocional. Teve resultado no meu humor, no relaxamento. E, como consegui voltar a andar em casa, foi mais um motivo para eu fazer um vídeo e mostrar para ela. Foi uma superação total para mim. Fiz os exercícios entre a cama e o guarda-roupa, porque, se eu caísse para qualquer um dos lados, não teria problema”, relata Lidianne, que foi internada novamente na última sexta-feira com paralisia dos membros inferiores, mas já retornou para casa e recebeu os novos exercícios sugeridos pela professora Márcia, para movimentar os braços.

Autocuidado
Outro aspecto identificado nessa quarentena foi a necessidade de cuidar da saúde mental da própria equipe de funcionários da FAC e dos alunos dos COP. O planejamento desses desafios está sendo conduzido pelo psicopedagogo e gerente de Centro Olímpico e Paralímpico Ken Araújo, junto com psicólogas, pedagogas e assistentes sociais. “Nesse momento delicado que estamos vivenciando, é muito importante falar sobre nossas emoções, sentimentos, angústias e ansiedades, para que a gente consiga passar por essa crise da melhor forma possível. Criamos dicas para mostrar formas de como viver de uma maneira mais saudável, entendendo os sentimentos de agora e também para que a gente possa refletir sobre os aprendizados trazidos por essa nova realidade. Há desafios para as pessoas gerenciarem melhor o tempo, direcionarem melhor as angústias, exercerem a empatia e a compaixão com os outros, pensarem no autocuidado. A dica agora é não entrar em pânico, mas usar esse momento como oportunidade de olhar para dentro de nós mesmos”, explica Samara Amaral, psicóloga do COP Riacho Fundo I.
 
Ficou curioso? 
» Para ver os desafios de exercícios físicos em casa e de saúde mental, acesse o Facebook Centro Olímpico e Paralímpico DF (www.facebook.com/centroolimpicoeparalimpicodf ) ou o site www.facbrasil.org.br.

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