Correio Braziliense
postado em 06/04/2020 04:35
Nova rotinaE as mudanças causadas pelo necessário período de isolamento social continuam. A nova rotina, provavelmente muito parecida à de tantas mulheres em todos os cantos do mundo, acabou com minhas forças. Confinada em um apartamento apertado, com um bebê de poucos meses e o marido, não dei conta da pressão de manter a casa arrumada, atender às necessidades da criança e trabalhar.
Mesmo com divisão de tarefas e com uma autocobrança bem menor em relação à organização do lar, a situação tornou-se insustentável. Estávamos nos virando bem no preparo das refeições e mantínhamos tudo minimamente no lugar. Passamos a nos incomodar menos com a bagunça um do outro. Mas os momentos de pausa e conversa eram praticamente inexistentes. As noites, conturbadas pelo choro constante do neném que também tenta se adaptar a uma nova vida.
Resolvemos nos abrigar na casa dos vovós, que também cumprem à risca o isolamento. De máscaras, vieram ao nosso resgate como super-heróis. E como uns metros quadrados a mais fazem a diferença! Assim como a companhia e os braços para dividir os pedidos de colinho. Agradeço todos os dias por esses privilégios a que tão poucos têm acesso. Não sei o que seria de mim sem esse apoio. Dois dias depois, já me sinto renovada e pronta para começar com energia esta nova semana, cumprindo o papel essencial para o momento de manter os cidadãos informados. Conhecimento é poder e, nesse contexto, pode salvar vidas.
O caminho tem sido árduo, mas, em diversos momentos, recompensador. Emocionaram-me os relatos de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde na reportagem cuidadosa das colegas Roberta Pinheiro e Thais Umbelino. Assim como a parceria com Darcianne Diogo no texto que mostra como está a cidade em tempos de quarentena. Apesar de vários registros de desrespeito às normas vigentes, é visível a diferença na circulação de pessoas no centro da cidade, em imagens históricas captadas pelo fotógrafo Carlos Vieira.
No Domingo de Ramos, foi bonito ver o padre abençoando, de cima de um veículo, fiéis que aguardavam, cada um em sua casa, o momento. Assisti à missa pelo Facebook. A conexão com a religiosidade ajuda a vencer os desafios desse período. Espero que outros fiéis, em suas mais diversas crenças, tenham a oportunidade de fazer o mesmo. Da oração à meditação, cuidar desse lado espiritual é imprescindível para mantermos a sanidade durante o confinamento.
Temos longos dias pela frente. Para todos nós, vale o mantra: inspire, expire, não pire. Será difícil, desafiador, doloroso, mas faça o seu melhor sempre. Se puder, doe. Se acreditar, reze. Valorize negócios locais. Conecte-se a quem está longe e conforte com palavras de afeto. Exercite-se. Ria de piadas bobas. E, se puder, fique em casa.
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