Cidades

Coronavírus: disseminação de notícia falsa é vilã na luta contra a pandemia

A informação tem papel importante no enfrentamento ao coronavírus, mas notícias falsas ganham espaço. Para não cair em armadilhas, a dica é procurar a mídia confiável e sites oficiais

Correio Braziliense
postado em 07/04/2020 06:00
Internet na linha de frente: tanto pode contribuir quanto confundir a população com orientações erradasA informação tem sido uma grande aliada no combate ao coronavírus. Na contramão, as notícias falsas podem ser terríveis vilãs. A todo momento, surgem receitas milagrosas contra a doença, cadastros fraudulentos, entre outras informações que se espalham de maneira rápida pela internet. Especialistas destacam que é fundamental procurar sites confiáveis de notícias e fontes oficiais, pois a propagação de dados errados pode atrapalhar o enfrentamento à Covid-19 no país.

Para o professor de jornalismo da Universidade Católica, Alberto Marques, que trabalha em um projeto de pesquisa sobre fake news, no momento, a circulação de notícias falsas é mais intensa. “Há um aumento de notícias de todas as ordens, falsas e verdadeiras. A sociedade tem buscado um número maior de informações nesse período de pandemia e as fake news circulam rapidamente”, ressalta. O contexto é ainda mais perigoso quando se trata de doenças, como a Covid-19. “Não é uma brincadeira, é uma questão de vida ou morte. Essa circulação de informações pode provocar um aumento nas mortes”, alerta.

O médico e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia, Luciano Lourenço, afirma que as notícias falsas podem até mesmo atrapalhar o trabalho dos profissionais da saúde. “As orientações erradas fazem a população tomar decisões equivocadas. Essas atitudes podem complicar o quadro da pessoa. Elas podem se infectar com mais facilidade ou buscar o atendimento médico tardio ou precoce”, ressalta. Sobre a Covid-19, um dos alerta principais está relacionado a supostas medicações. “Qualquer remédio, substância, alimento, composições ou manipulações que prometam a cura ou a diminuição da capacidade de infecção é mentira. Tem muitas cabeças pensantes em diversos países envolvidos para descobrir alguma droga que ajude no tratamento, mas ela ainda não existe”, enfatiza Lourenço.

Combate

A produção e reprodução de fake news não está prevista no código penal, segundo o delegado-chefe Giancarlos Zuliani, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). Por isso, a determinação sobre se o ato é criminoso depende do conteúdo da notícia falsa. “Na nossa legislação, existe só uma hipótese de fake news, que é na legislação eleitoral, sobre a divulgação das notícias falsas na época da eleição. Fora isso, a gente tem alguns crimes que podem se encaixar nas fake news, como os crimes contra a honra, de concorrência desleal e contra o consumidor. E há outros crimes muito específicos, como o anúncio de um desastre ferroviário”, explica. O compartilhamento também pode ser considerado um delito.

A penalidade dos atos vai de acordo com o conteúdo da notícia falsa. As penas chegam até a dois anos, com exceção dos crimes mais graves, como o racismo e injúria racial. Para Zuliani, a falta de uma legislação específica a respeito das fake news atrapalha o combate e as investigações. “Para a polícia investigar esse tipo de crime, precisa das informações das empresas, como Google e Facebook, mas elas só dão com ordem judicial e, para isso, devo demonstrar ao juiz o ato criminoso”, frisa.

Fraudes

Outro ponto que preocupa as autoridades é a distribuição de links falsos relacionados ao coronavírus usados para golpes. Alguns são a respeito do auxílio financeiro anunciado pelo governo ou de criminosos se passando por representantes bancários. “Pegamos mais de 10 links falsos. Devemos tomar muito cuidado com esses links, que chegam pelo WhatsApp, SMS e e-mail. Não clique em links que você não conhece”, alerta o delegado.

Os links podem servir tanto para invadir contas bancárias, pegar dados ou instalar vírus. Provavelmente, muitos deles não são criados no Distrito Federal, segundo a polícia, mas fazem vítimas em todo o país. De acordo com Zuliani, ainda não há registro de ocorrências em Brasília. “As pessoas não percebem, imediatamente, que foram vítimas de um crime. Se elas fazem o cadastro hoje, só vão perceber daqui a duas semanas. Então, estamos na fase de identificação dos links. A polícia está se antecipando, estudando essas mensagens”, destaca o delegado.

Para evitar cair nesse tipo de golpe, a dica é não clicar nos links enviados. Busque o site oficial da instituição, do governo ou da empresa citada na mensagem e cheque se está havendo algum cadastro. Se o cadastramento realmente estiver ocorrendo, a dica é fazer pelos sites oficiais e não pelos links enviados por email, SMS ou WhatsApp.
 
O papel do jornalismo
 
Nesse momento, o jornalismo profissional se reafirma como fonte confiável e clara, segundo o professor Alberto Marques. “Pesquisas mostram que as pessoas tendem a buscar a imprensa nesse momento. O jornalismo cumpre o papel de levar informações e desmentir as fake news”, ressalta. Uma pesquisa recente do Datafolha mostrou que os meios de comunicação mais confiáveis para a população, a respeito de atualizações sobre a Covid-19, são os programas jornalísticos de TV  (61%) e os jornais impressos (56%). As rádios e os sites de notícia estão em seguida, com 50% e 38%, respectivamente.

No Correio, a empresa cumpre o papel como veículo de comunicação, buscando sempre levar notícias verídicas e de qualidade para a população. As equipes estão a todo momento em contato com especialistas e com as fontes oficiais para deixar a sociedade atualizada sobre todas as ações e fatos relacionados ao coronavírus. Todas as informações que chegam são checadas pelos repórteres e apenas são veiculadas depois de constatada a veracidade.

Para combater a propagação de fake news, o Correio conta com um núcleo de checagem, o Holofote. A iniciativa tem o objetivo verificar se as notícias que circulam nas redes sociais são falsas ou verdadeiras. As informações são checadas com base em bancos de dados públicos, estudos científicos, pesquisas, especialistas, entre outras fontes dos jornalistas.

Checagem de informação
 
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