Cidades

Páscoa de alternativas

Correio Braziliense
postado em 08/04/2020 04:14
A confeiteira Amandah Louise leva os ovos de Páscoa à casa dos clientes


Com o isolamento social, as comemorações da Páscoa terão que ser adaptadas este ano. Para evitar o crescimento do número de infectados pelo novo coronavírus, os brasilienses vão passar a festividade religiosa reclusos em casa. E, para garantir a celebração da data, os comerciantes se valem de alternativas para que os produtos pascais cheguem aos lares do Distrito Federal.

Promoções, pedidos por aplicativos e deliverys são algumas das opções empregadas. De acordo com o especialista em empreendedorismo Flávio Mikami, a inovação é a principal aliada para superar a crise provocada pela pandemia.“Este é um momento de buscar parcerias, além da solidariedade. Os produtos podem ser vendidos com o propósito de ajudar os mais necessitados”, aponta Flávio. “É importante criar essa corrente do bem”, acrescenta.

A inovação trouxe bons resultados para a confeiteira Tatiene Soares, 24 anos. Há 5 anos no ramo de confecção de ovos de Páscoa artesanais, a empreendedora teve uma boa surpresa, indo na contramão da crise. “Eu achei que a produção cairia bastante por conta do coronavírus, mas, na verdade, quando abrimos a agenda, na segunda semana de março, tivemos cerca de 170 pedidos”, conta. A confeiteira está otimista. “A meta é obter uma renda maior que a do passado”, relata.

Apesar das adaptações dos comerciantes devido à pandemia, o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), prevê que 600 mil ovos sejam vendidos até domingo, 1 milhão de unidades a menos se comparado a 2019. No entanto, o número de confecção de ovos artesanais pode crescer 25%. O órgão prevê, ainda, que o gasto médio por consumidor ficará em torno de R$ 180.

Se não fosse pelas redes sociais, as vendas da confeiteira Amandah Louise Donato, 23 anos, seriam prejudicadas. “Com a pandemia, houve uma diminuição dos pedidos de cerca de 30% a 40%”, contabiliza. Para fechar o mês no azul, ela mudou a estratégia. “Passei a entregar as encomendas, e a promover sorteios pelas redes sociais para aumentar meu público”, comenta. A iniciativa atraiu a funcionária pública Mônica Coimbra, 47, que toda Páscoa compra chocolates. A tradição de se reunir com os parentes, porém, teve de ser adiada. “Eu sempre me reuni com toda minha família. Com o isolamento, vou ficar apenas com a minha filha”, conta.

Pescados

O Sindicato dos Supermercados do Distrito Federal (Sindisuper-DF) prevê uma queda de 20% nas vendas de peixes. De acordo com o presidente do Sindisuper, Gilmar Pereira, a compra do bacalhau será a mais prejudicada. “Devido ao alto custo do produto, muitos vão deixar de adquirir”, explica. “Como alternativa para estimular as vendas, muitos supermercados têm começado as promoções”. ilustra.

Apesar do declínio, o diretor da área de pescados do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas, Gêneros Alimentícios, Frutas, Verduras, Flores e Plantas do Distrito Federal (Sindigêneros-DF), Renato César Guimarães, afirma que as vendas não foram muito afetadas. “Temos um público bastante fiel na compra de peixes. Felizmente, nosso mercado continua vendendo para redes de supermercados”, afirma.

*Estagiária sob supervisão de Guilherme Marinho


Três perguntas para
Francisco Maia, presidente da Fecomércio-DF 

O que a queda no número de vendas de ovos de Páscoa no DF significa?
No caso dos supermercados, vai ter uma queda justificada pelo fato de as pessoas não estarem saindo de casa. É possível perceber que os mercados não estão cheios, depois que as pessoas se conscientizaram que não haverá desabastecimento. Infelizmente, este momento para o comerciante é péssimo, pois há expectativa de lucro nas datas comemorativas.

Qual a oportunidade que este momento proporciona?
É um grande momento para as produções caseiras. Os hábitos estão mudando. Acho que vai bombar vendas pela internet, em que você encontra produtos com mais qualidade também.

O que o setor do comércio pode tirar de ensinamentos após esta crise?
Todos vão ter que se reinventar. O mundo do comércio não será mais o mesmo. O comércio eletrônico, que já vinha ameaçando com um crescimento muito grande, vai expandir muito e brigar com os shoppings.
 
 

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