Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 04:06
Auxílio insuficiente
Que o leitor me desculpe se trato de temas demasiadamente áridos, mas a urgência e a dramaticidade do tempo exigem, gritam e clamam. Ainda bem que a população mais vulnerável começa a receber o auxílio de emergência dos R$ 600. Daqui a pouco não teriam como comprar comida e afundaríamos no caos social.
A rota a ser trilhada em uma pandemia é clara: o governo precisa prover a sobrevivência dos mais vulneráveis e proteger os trabalhadores e as empresas de pequeno e médio porte. É isso que evita o pânico. No caso dos mais vulneráveis, o Ministério da Economia apresentou uma proposta de ajuda de R$ 200, a Câmara aumentou para R$ 500 e o governo se viu compelido a chegar aos R$ 600.
O Congresso Nacional e os seus líderes têm assumido uma postura responsável ante a grave crise sanitária, econômica e social. Constataram, rapidamente, que R$ 200 eram muito pouco para uma família se sustentar durante um mês. No entanto, faltou a mesma atenção para proteger o emprego formal, o salário dos trabalhadores, as pequenas e as médias empresas.
Nas entrevistas coletivas, as autoridades da economia apresentam o programa de amparo do governo como se fosse um plano perfeito. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Júnior, recomenda: não quebrem os contratos neste momento de crise extrema. Quer dizer, que ninguém dê calote.
Concordo inteiramente, o conselho é sábio. Isso provoca o caos social. Eu pensava nisso. Entretanto, o mesmo governo inviabiliza cumprimento da recomendação com medidas que empurram os trabalhadores para a linha da vulnerabilidade e do desespero. Isso desencadeará um efeito dominó devastador sobre o trabalho.
As linhas de crédito para as pequenas e médias empresas estão emperradas. Seria necessário estabelecer condições especiais, pois, antes mesmo da pandemia, muitas delas já se deparavam com dificuldades para sobreviver.
Se as empresas não têm dinheiro para preservar os empregos, como é que os trabalhadores honrarão seus contratos e manterão os empregos dos pequenos prestadores de serviços?
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