Cidades

Governo flexibiliza restrições ao comércio

Governador Ibaneis Rocha (MDB) edita decreto que libera o funcionamento de lojas de móveis e de eletroeletrônicos no Distrito Federal. No sistema prisional, além de mais de 10 agentes doentes, primeiro caso de infecção entre presos é registrado

Correio Braziliense
postado em 10/04/2020 04:05
Como em setores que tiveram liberação anterior, essas empresas terrão de respeitar regras para funcionamento como distanciamento entre as pessoas dentro do estabelescimento
O Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu flexibilizar, mais uma vez, as medidas de restrição estabelecidas para o comércio em razão da pandemia causada pelo coronavírus. Ontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou decreto autorizando a abertura de lojas de móveis e eletroeletrônicos na capital, além de permitir a retomada das atividades do Sistema S. Há mais de 20 dias com as portas fechadas, empresários começam a acumular perdas irreversíveis, segundo entidades do setor.

Apesar de permitir o funcionamento desses estabelecimentos, o decreto mantém a proibição de abertura de shoppings. O objetivo do Executivo local é liberar, aos poucos, algumas atividades restritas por força de decretos, a depender da evolução das infecções por coronavírus na capital.

Em 27 de março, o GDF já havia liberado o funcionamento de lotéricas, correspondentes bancários, lojas de conveniência e minimercados em postos de combustíveis. Cinco dias depois, permitiu a abertura de feiras permanentes que vendem alimentos. Na última terça-feira, foi a vez de agências bancárias, públicas e privadas, voltarem a funcionar com atendimento presencial, observadas algumas regras, como distância mínima entre clientes e horário de funcionamento específico.

A notícia foi recebida com certo alívio pelas entidades dos setores de comércio e serviços, apesar de as dificuldades de vários segmentos estarem se agravando diante da necessidade de adoção de medidas de isolamento social. Desde a suspensão do funcionamento das lojas de rua e de shoppings, a estimativa é de que mais de 140 estabelecimentos fecharam as portas e cerca de 6 mil pessoas foram demitidas.

Jael Silva, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), reforça que muitas empresas ainda vão fechar as portas, a depender do tempo que a quarentena durar. “Precisamos reabrir gradativamente, com segurança e planejamento sanitário”, comenta.

De acordo com ele, o segmento não vai sobreviver se permanecer fechado por 45 dias — até 3 de maio —, como determina decreto do Executivo local. “Apesar do socorro que o governo disponibilizou, não vai ser suficiente. Os empresários têm mais opções de empréstimos, mas como vão pagar isso lá na frente?”, questiona. Ele defende que, além do trabalhador, o Estado precisa proteger o empregador.

O presidente da entidade destacou que a rede hoteleira foi a que mais fez demissões e é a que menos tem perspectiva de recuperação. “O turismo vai demorar a se regularizar. Se um bar ou restaurante voltar a abrir hoje, pode ser que tenha movimentação de clientes. Porém, para um hotel voltar, isso vai demorar de quatro a cinco meses depois do período da quarentena”, lamenta.

Já Francisco Maia, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), afirma que a pressão dos empresários está muito grande, principalmente dos donos de restaurante. “Apesar disso, sabemos que não dá para cobrar o governo agora, porque a situação é muito crítica e, dificilmente, o comércio será reaberto nesse momento”, pondera.

Segundo Maia, os restaurantes devem ser os mais prejudicados. “O comércio, no geral, trabalha com estoque, que pode ser vendido posteriormente, diferentemente dos lugares de alimentação”, ressalta. Ele ainda destaca que a Páscoa era uma data muito esperada para os comerciantes da capital. “Tínhamos uma pesquisa, descartada, que indicava que o crescimento nas vendas dos ovos de chocolate este ano seria 15% comparado a 2019.”

Infecções
O Distrito Federal registrava 528 casos de coronavírus até o fechamento desta edição, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Saúde. Ontem, a pasta informou a 13ª morte em decorrência da Covid-19 na capital federal. Uma mulher de 81 anos morreu na quarta-feira. Ela tinha hipertensão e Mal de Alzheimer, e estava internada desde 17 de março no Hospital Daher, no Lago Sul.

Do total de diagnósticos até o momento, 35 são de pacientes que estão em unidades de terapia intensiva (UTI) — 16 deles em estado grave. O Plano Piloto se mantém a região com o maior número de casos: 149. Em seguida, vêm Lago Sul (60) e Águas Claras (59). A maioria dos pacientes (302) são homens; e 226, mulheres.

Por meio de nota oficial, a Secretaria de Economia informou que dialoga com o setor produtivo do DF e busca alternativas para minimizar os efeitos da crise provocada pelo coronavírus. De acordo com a pasta, várias medidas estão sendo tomadas, como a oferta de crédito de R$ 1 bilhão pelo Banco de Brasília (BRB) para as empresas e a parceria entre a Secretaria de Turismo com o BRB para disponibilizar recursos para o setor.



Suspensão de conta de luz

A Companhia Energética de Brasília (CEB) informou que consumidores de baixa renda interessados na isenção da conta de luz — prevista em medida do governo federal — devem estar cadastrados na Tarifa Social de Energia elétrica (TSEE). Para esses cidadãos, a suspensão do pagamento terá efeito retroativo a 1º de abril e valerá até 30 de junho. “Os clientes cadastrados como baixa renda e que já tiveram as leituras realizadas, não precisam se preocupar, pois será gerado crédito para a próxima fatura”, ressaltou a empresa.



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