Cidades

''O isolamento é físico e não afetivo'', diz psicóloga da UnB

Larissa Pollejack, diretora da Diretoria de Saúde da Universidade de Brasília (UnB), explica sobre como lidar com o período de isolamento

Correio Braziliense
postado em 10/04/2020 14:57
Psicóloga ressalta a importância de administrar o próprio tempo para as pessoas que estão isoladas dentro de casa O isolamento provocado pelo novo coronavírus mexe com os sentimentos do brasiliense. Mudar completamente a rotina para evitar o contágio da Covid-19 pode trazer consequências à saúde mental das pessoas. Em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — nesta sexta-feira (10/4), a psicóloga Larissa Pollejack, diretora da Diretoria de Saúde da Universidade de Brasília (UnB), fala sobre os transtornos que podem ser gerados durante a pandemia e como combatê-los. 

A especialista também participou da criação do Plano de Contingência de combate ao coronavírus desenvolvido pela UnB no início do ano. Responsável pelo eixo de Saúde Mental, ela ressalta a importância de administrar o próprio tempo para as pessoas que estão isoladas dentro de casa. "Aprendemos a ter um ritmo de vida que nos demandava respostas rápidas. Agora, a gente pode usar esse momento para entrar em contato com a gente mesmo e resgatar coisas que nos davam prazer. Essa situação pode ser uma oportunidade de ressignificar relações com o tempo e o trabalho", orienta. 

Larissa frisa que falta consciência por parte da população. "Temos dois grupos de pessoas: aqueles que não compreenderam o que está acontecendo e deixam de se cuidar, e aqueles que estão muito assustados com toda uma situação nova." De acordo com a estudiosa, o período é propício para o aumento abusivo de álcool e outras drogas. "As pessoas encontram nessas substâncias um canal, que a médio e longo prazo será um problema", diz. 

Rotina

De acordo com a psicóloga, existem várias possibilidades para aquelas pessoas que estão mais ansiosas com a quarentena. "Precisamos entender qual é o nosso sentimento. O isolamento físico de forma alguma significa deixar de receber afeto. É uma oportunidade de ressignificar o uso da tecnologia. Se antes ela afastava as pessoas, hoje, é uma forma de aproximá-las." 

Para as famílias, Larissa indica fazer rotinas juntas e tentar entender melhor o próximo. Aqueles que moram sozinhos ou não têm parentes, também podem buscar apoio em uma rede de amigos. "A gente vive em uma sociedade que valoriza pouco o autoconhecimento. O ter e o fazer estão sofrendo um pouco por causa das restrições. Agora, o ser está sendo chamado de volta", comentou. 

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