Correio Braziliense
postado em 13/04/2020 06:00
Com a chegada da Páscoa e a crise financeira pesando no bolso, muitos brasileiros recorreram, durante esta última semana, a promoções e descontos de ovos de chocolate. Afinal, passar a data sem o tradicional doce não teria graça, certo? Porém, criminosos aproveitaram a oportunidade para criar links utilizando indevidamente o nome de grandes marcas com o objetivo de aplicar golpes.Durante três dias, cerca de seis links circularam nas redes sociais enganando vítimas com a oferta de cinco mil ovos de Páscoa gratuitos, que seriam entregues na casa do cliente. Durante esse período, os golpes, juntos, atingiram mais de 560 mil brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Psafe, desenvolvedora de software de segurança. Roubar dados pessoais e financeiros das vítimas ou levá-las a páginas falsas para visualizar publicidades excessivas estão entre os objetivos dos endereços falsos.
De acordo com a empresa, os cibercriminosos costumam se aproveitar de períodos específicos, como épocas festivas, feriados ou grandes eventos, para criar golpes temáticos. É o que explica o especialista em cibersegurança e diretor do Dfndr Lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, Emílio Simoni: “Ocasiões como a Páscoa são sempre utilizadas por cibercriminosos para tentar fazer novas vítimas e, para tornar o ataque mais crível, estes atacantes utilizam o nome de grandes empresas”, afirma.
Ao acessar o link, a vítima responde a questões simples, como a preferência de chocolate ou se houve compra na loja durante os últimos três meses. Por fim, pedem o compartilhamento do link com, no mínimo 15 contatos, para garantir o recebimento do prêmio. “No intuito de ganhar aquele brinde, a vítima segue os passos e acaba se tornando vetor de disseminação do golpe”, ressalta o diretor.
Foi o caso da estudante universitária Isabela Barbosa Vieira, 22 anos. Ela conta que recebeu a ligação de um primo e, apesar de ter ficado interessada ao ler que poderia ganhar ovos gratuitos, desconfiou da promoção. “A formatação do site era estranha e as perguntas, também. Já havia recebido links falsos outras vezes, então imaginei que poderia não ser verídico”, diz. Assim que ela percebeu a situação, alertou as pessoas. “Em casos assim, é bom alertarmos os outros para que não caiam na cilada. Links com promoções como essas são compartilhados rapidamente”, acrescenta.
Isabela compartilha o sentimento em situações como essas. “Nós nos sentimos vulneráveis. Hoje, com o celular, tudo fica mais fácil, assim como a chance de raquearem nossos dados pessoais.” Apesar de não ter sofrido nenhum dano com a situação, ela adverte: “Mesmo que nós não sejamos lesados, é importante não compartilhar o link com outras pessoas antes de verificar se é seguro”.
Recomendações
O delegado Dário Taciano de Freitas Júnior, da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) da Polícia Civil do DF, reforça que o usuário deve evitar clicar em links de mensagens que ofereçam brindes, prêmios ou benefícios sem uma verificação prévia. “É necessário desconfiar de informações sensacionalistas ou ofertas muito vantajosas”, recomenda.
Um dos perigos de se acessar endereços fraudulentos na web é o compartilhamento não autorizado de dados. “Em regra, os criminosos visualizaram o WhatsApp da vítima, localização e contatos. O dispositivo pode ser invadido de forma remota, logo, se têm acesso a aplicativos de bancos ou outros que contenham informações pessoais”, explica o delegado. Nesse período, em média, a Polícia Civil do Distrito Federal registra, aproximadamente, 50 de crimes praticados pela internet por dia.
Em nota oficial, a Nestlé, uma das empresas usadas ilegalmente pelos criminosos nos golpes, esclareceu que tomou conhecimento de que algumas pessoas receberam mensagens e enxergam como uma maneira de se aproveitar do momento para capturar dados pessoais. “Pelo respeito que a Nestlé tem por seus consumidores, esclarecemos que se trata de uma falsa notícia. Eventuais dúvidas podem ser esclarecidas pelos canais tradicionais de atendimento da empresa, disponíveis em www.nestle.com.br/fale-conosco.”
Já a Cacau Show reiterou, em nota, que não realiza esse tipo de doação por WhatsApp para pessoas físicas. “Informamos, ainda, que a Cacau Show já está tomando todas as providências legais e cabíveis em relação ao ocorrido”, informa.
A quem recorrer?
Para o advogado especialista em direito do consumidor Welder Rodrigues Lima, ao cair nesse golpe, é importante que o usuário fique atento, altere as senhas bancárias e de e-mail. “É prudente alertar aos contatos para os quais o link foi repassado, para que façam o mesmo”, adverte.
Welder destaca que, caso o consumidor seja lesado, é preciso ir a uma delegacia da Polícia Civil. “A denúncia subsidiará os investigadores para identificação dos criminosos”, ressalta. Para evitar cair nesse tipo de golpe, o especialista reforça a importância em desconfiar de qualquer link, evitando clicar naqueles que forem recebidos de número desconhecido ou que não esteja certo ser proveniente de fonte idônea. “Deve-se evitar repassar informações pessoais de forma virtual, a qualquer pretexto, a menos que a iniciativa tenha sido do próprio consumidor em site que saiba ser confiável.”
* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer
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