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Correio Braziliense
postado em 16/04/2020 04:16

Política da quebradeira


Já falei, mas volto a tocar no tema, pois ele ficou abafado em meio ao caos provocado pela pandemia. Quando assisto a alguma entrevista coletiva da equipe econômica do Governo Federal, fico com a sensação de que tudo está solucionado ou ao menos encaminhado. As autoridades falam em milhões e bilhões. No entanto, até agora, poucas pessoas ou empresas viram a cor do dinheiro.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, recomendou: “Por favor, ninguém quebre os contratos de trabalho”. Claro, isso provoca um efeito cascata de quebradeira das empresas e dos empregos. E o pior é que não vai demorar, já está acontecendo e vai se acirrar nos próximos dias e nas próximas semanas.

Ora, são as pequenas e as médias empresas as que mais empregam. Os programas formulados pelo governo são, em tese, interessantes, mas insuficientes. Além de serem demasiado burocratizados e lentos para uma situação de guerra, que exige soluções rápidas e emergenciais. Mas, infelizmente, a gente não vê esse sentido de urgência nem nas medidas nem nas faces dos técnicos do governo.

De um lado, conclamam os cidadãos e as empresas a honrarem os seus compromissos. O que é corretíssimo. No entanto, de outro, não oferecem linhas de crédito acessíveis para que as pequenas e médias empresas possam sobreviver. A maioria dos países adotou políticas que a gente pode chamar de cíclicas, solidárias ou humanitárias para responder a uma situação dramática da desagregação da estrutura econômica e da necessidade de isolamento social imposta pela pandemia. O Brasil ofereceu condições muito inferiores que de outras nações. Está certo que o país não tem o mesmo poderio que os Estados Unidos ou o Reino Unido. Mas o Brasil é a oitava economia do mundo.

E o que ocorrerá nos próximos dias e nas próximas semanas? As empresas demitirão ou reduzirão drasticamente os salários dos trabalhadores. Com isso, eles não poderão pagar a prestação do carro, o seguro, o plano de saúde, a escola, os tributos, o Imposto de Renda.

Quer dizer, é uma política da quebradeira anunciada. Não entendo por que essa questão não merece prioridade. A preocupação não é com a economia? O Congresso Nacional precisa debater o tema de maneira urgente.

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