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Correio Braziliense
postado em 17/04/2020 04:05

Quem vai nos proteger 2?

Se o país tivesse foco, sentido de urgência e união, já seria difícil o enfrentamento do coronavírus. Mas, com um comandante que emite ordens erráticas, confusas e incoerentes tudo fica muito mais difícil.

Nada mais desastroso, neste momento tão delicado, da maior crise de saúde da história brasileira, do que demitir o ministro da Saúde. O que ele fez? Desprezou a ciência e seguiu o terraplanismo, atacou a China com gracinhas tolas, estimulou as queimadas na Amazônia, articulou a propagação de veneno na agricultura, sabotou o plano de isolamento social, é uma nulidade cujo único atributo é a bajulação escancarada?

Não, os delitos mais graves do ministro Mandetta foram os de ser competente e seguir as recomendações da ciência. Ponto para o inimigo, o coronavírus. Encontrar alguém de renome e que, ao mesmo tempo, seja contra a ciência e seja subserviente é uma tarefa difícil.

Com isso, perde-se um tempo precioso que deveria ser despendido na estratégia de combate, na organização de fábricas para produção de equipamentos para os funcionários da saúde, na importação de testes, no socorro às pequenas e médias empresas e nos planos de proteção às comunidades vulneráveis.

Se tudo que se fala em entrevistas coletivas se confirmasse ou tivesse um nexo com a realidade, os problemas estariam, não digo solucionados, mas ao menos encaminhados. Primeiro, a pandemia era uma “gripezinha”; depois, quem nos salvaria era a cloroquina; e, agora, supostamente, existem pesquisas avançadas de máquinas para detectar o vírus.

Como bem disse, em entrevista, Fernando Henrique Cardoso: “Liderar não é mandar; liderar é fazer com que as pessoas caminhem com você”. As lideranças construtivas precisam assumir uma postura menos passiva. “O vírus já está indo embora”, rezam os terraplanistas. Mas o trailer do que acontecerá com o Brasil pode ser visto é na Itália, na Espanha e na França.

Ao fim, a responsabilidade pelos cadáveres recairá sobre os inscientes. Enganam-se os que entendem ser possível surfar com projetos oportunistas durante a maior crise de saúde da história brasileira. Estão brincando com a vida de mais de 200 milhões de brasileiros.

O vírus ignora a reeleição, não faz barganha para manter o cargo de nulidades, desconhece bajuladores, não compactua com a ignorância.Todos os que aderirem a decisões irresponsáveis entrarão para a história na condição de autores, cúmplices ou colaboracionistas de um genocídio.

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