Cidades

"Este momento não é uma competição"

Correio Braziliense
postado em 19/04/2020 04:09


“Quando os funcionários da empresa onde trabalho foram liberados para fazer home office, tive a doce ilusão de que trabalhar em casa seria fácil como nos tempos de freelancer. Acontece que, naquela época, não havia a pandemia de um vírus desconhecido, e eu sempre podia recorrer a cafés, bibliotecas e casas de amigos toda vez  que me cansasse da minha escrivaninha — e essa era uma coisa que eu fazia bastante.

Nunca fui caseira. Quem me conhece sabe que não paro quieta. Cheguei a ouvir de uma amiga que minha vida era ‘um eterno sábado’, porque tenho o privilégio de morar perto de várias pessoas queridas e de encontrá-las ao menos três vezes por semana. Agora, esses encontros são videochamadas. Essa tem sido a parte mais difícil para mim. Namorei três anos a distância e estava farta de trocar afeto virtualmente. Hoje, essa é a única forma de me comunicar com todos que conheço — e viver nesse mundo digital é um prato cheio para a ansiedade.

Além dos números alarmantes de casos de Covid-19, somos bombardeados com posts de pessoas que estão passando a quarentena fazendo exercício, ioga, faxina... Quando comparamos esse cenário com nossa pia cheia de louça, nos sentimos fracassados (risos). Mas temos de lembrar que aquele post é só uma parte da vida da pessoa e que este momento não é uma competição de produtividade. Conversar com amigos sobre isso tem me ajudado a ficar menos ansiosa e perceber que não estou sozinha nessa. Tenho aproveitado também para ver o lado bom da reclusão. Posso ficar mais tempo com meu cachorro e fazer coisas que nunca pensei, como aprender passos de dança e ver videoaulas de escultura em cerâmica.”

Mariana Araújo, 27 anos, 
redatora, moradora da Asa Norte
 
 
 
 

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