Cidades

Coronavírus: Aulas nas escolas poderão voltar em meados de maio

O plano será voltado, especificamente, às 683 escolas da rede pública de ensino. Os mais de 460 mil estudantes serão orientados a seguirem algumas regras como medidas de prevenção à Covid-19

Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 06:00
O plano será voltado, especificamente, às 683 escolas da rede pública de ensino. Os mais de 460 mil estudantes serão orientados a seguirem algumas regras como medidas de prevenção à Covid-19O planejamento elaborado pela Secretaria de Educação para reabrir as escolas está parcialmente pronto. O prazo estimado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) para a entrega do estudo é até 1° de maio. Conforme o Correio apurou, a proposta contempla aspectos estruturais, profiláticos e pedagógicos como condições para o retorno das atividades escolares. Em entrevista exclusiva, o secretário de Educação, João Pedro Ferraz, detalhou como as instituições de ensino serão adaptadas para receberem os alunos em meio à pandemia do novo coronavírus. Unidades estão fechadas desde 12 de março.

O plano será voltado, especificamente, às 683 escolas da rede pública de ensino. Os mais de 460 mil estudantes serão orientados a seguirem algumas regras como medidas de prevenção à Covid-19. “O estudo se divide em duas partes: se as escolas terão condições físicas e sanitárias para receber os alunos, e a equipação delas na questão estrutural”, frisou Ferraz.

Segundo o secretário, entre os equipamentos que serão adquiridos pela pasta estão lavatórios e termômetros, para medir a temperatura de estudantes com suspeita de febre, e, assim, retirar o aluno do local imediatamente. Tapetes também serão comprados, e ficarão na porta de entrada da sala de aula, de maneira que os pés de quem entrar no ambiente possam ser limpos.

Dentro de sala, os alunos deverão usar máscaras. Como adiantou o secretário ao Correio, está sendo viabilizada a compra de 2 milhões de máscaras reutilizáveis. O material estará identificado com o nome do estudante, que poderá levá-lo para casa, lavá-lo e usá-lo novamente. Outro ponto a ser analisado no planejamento é como será feita a locomoção das crianças e dos adolescentes até as instituições. “É necessária a higienização dos ônibus que transportam os alunos. Os do ensino médio, geralmente, embarcam nos transportes públicos, mas estamos estudante a possibilidade em oferecer transporte específico para eles”, destacou João Pedro Ferraz.

Estrutura

Na parte estrutural, o secretário afirmou que pretende dividir as turmas. “Se uma sala tem 40 estudantes, vamos trabalhar com 20, justamente para evitarmos aglomerações, como recomendado. Não podemos retornar todo mundo de uma vez, pois nossas escolas não têm estrutura para recebê-los”, argumentou.

A ideia é de que os discentes do ensino médio retornem primeiro às aulas. Depois, os alunos dos anos finais e iniciais do ensino fundamental. “Iremos preparar os pais, responsáveis e os adolescentes. Pretendemos fazer uma campanha publicitária firme sobre as condições que serão impostas”, disse o titular da Educação do DF. A Secretaria analisa, ainda, como fará com os estudantes que apresentam doenças crônicas ou que morem com idosos.

O retorno das aulas dependerá da avaliação do chefe do Executivo local e da Secretaria de Saúde. De acordo com João Ferraz, caso a proposição seja aceita, as escolas poderão reabrir em meados de maio. “Temos proposta para o meio e para o final do mês (maio). Tudo dependerá das condições de saúde e do cenário da doença no DF. As autoridades decidirão as melhores formas de segurança para os estudantes e para a comunidade”, garantiu. 

Contrário

A possibilidade de reabertura das instituições preocupa alguns pais, especialistas e entidades. Remi Castioni, doutor em educação da Universidade de Brasília (UnB) defende o retardamento do retorno, e aposta no uso de tecnologias para incentivar o aprendizado em casa. “Essa volta deve ser determinada pelas curvas epidemiológicas. Mesmo assim, este período sem aulas deveria ser utilizado para que os professores e estudantes absorvam ao máximo o uso das plataformas digitais. Há algum tempo, estamos caminhando para uma educação híbrida”, argumenta.

A cuidadora de idosos Dureis Santos, 42 anos, é mãe de uma adolescente de 15 anos, e se diz contrária à volta às aulas. A menina estuda no Centro de Ensino Fundamental 10 do Guará (CEF 10) e está no 8ª ano. “Isso (reabertura) seria um atentado à vida à população. Aqui em casa, temos nossa posição e, caso isso ocorra, minha filha sabe que não irá. Nossa segurança deve estar acima de tudo”, ressalta.

A Associação de Pais de Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa) emitiu nota oficial em que defende a necessidade de as autoridades buscarem a participação e cooperação de todos os segmentos envolvidos no processo. “Esperamos que a comunidade escolar seja ouvida para que, junto às autoridades constituídas, possamos encontrar soluções objetivas e seguras”, diz o texto.

O diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro) Samuel Fernandes também se mostrou contrário ao retorno das aulas neste momento. “O governo colocará em risco a vida de todos. Infelizmente, teremos notícias de professores e alunos que levaram para casa o vírus, matando os familiares”, disse.

  • Duas perguntas para Catarina de Almeida, professora da faculdade de educação da UnB

    Como você avalia o possível retorno das aulas neste momento?
    Essa me parece uma ideia descabida e perigosa. Quando suspendemos as aulas, estávamos em um cenário menos preocupante. Essa decisão evitou que o vírus se propagasse de forma ampla. Agora, o cenário não é diferente. Pelo contrário, é pior. O coronavírus está se espalhando por todo o DF. Não paramos de ter novos casos.

    Caso essa decisão se torne efetiva e as escolas reabram no próximo mês, há consequências? Quais?
    Imaginávamos que as escolas seriam as últimas a abrirem. A China demorou cerca de 100 dias para as coisas voltarem a normal e, mesmo assim, tomando medidas rígidas. Aqui, não temos estrutura para isolar as crianças. Elas terão contato com pessoas. Abrir é colocar em risco a vida de todos, tanto dos alunos, quanto dos profissionais da educação e da população em geral.

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