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Coronavírus: Saiba como conseguir diminuir os gastos durante a quarentena

Especialistas dão dicas sobre medidas para reduzir o consumo e as contas durante a pandemia do novo coronavírus. Mudanças de hábitos, refinanciamento de dívidas e planejamento em casa são alguns dos cuidados para evitar contas altas

Correio Braziliense
postado em 25/04/2020 06:00
Especialistas dão dicas sobre medidas para reduzir o consumo e as contas durante a pandemia do novo coronavírus. Mudanças de hábitos, refinanciamento de dívidas e planejamento em casa são alguns dos cuidados para evitar contas altasO país vive um momento de atenção. Mas não é só a saúde que precisa de cuidados especiais por causa do novo coronavírus. Especialistas em finanças avaliam que nunca foi tão importante o equilíbrio financeiro como agora. Durante a pandemia, os brasilienses tiveram de mudar hábitos para lidar com o aumento das contas de energia, água e gás de cozinha devido à permanência em casa. Diante do cenário, economistas dão dicas de consumo e recomendam medidas que podem ser tomadas na crise.

Na visão do economista William Baghdassarian, para reduzir as contas essenciais, é necessário uma mudança de hábitos. “As faturas de água e luz, por exemplo, são contas pagas depois que o uso é feito. Por isso, é muito difícil conseguir reduzi-las no fim do mês. Portanto, é preciso, a partir de agora, começar um consumo consciente”, explica. Definir um cronograma pode ser uma das estratégias. “A pessoa que lava e passa roupa, por exemplo, pode tentar fazer todas as atividades no mesmo dia”, aconselha William.

A estratégia de fazer comida em grandes quantidades também é uma opção. “Outra sugestão é racionalizar as contas de telefone e da internet. As operadoras sempre oferecem pacotes mais baratos. Às vezes, o consumidor nem assiste a outros canais e paga por eles”, diz o especialista. O importante é aproveitar o período para refletir e colocar todos os gastos no papel. “Esses momentos assim são complexos, porque trazem uma perda de bem-estar para todos. Vale a pena contestar algumas coisas, como um automóvel que não é tão necessário ou uma operadora de televisão que pode ser substituída por outra. Nosso consumo não é racional, mas emocional. Então, é preciso ter serenidade e entender que não é tempo de gastar”, ressalta.

Reserva

Durante o isolamento social, a servidora pública Ieda Tunes, 48 anos, controla os gastos na casa. O marido e as duas filhas têm costume de deixar as luzes acesas. “Eu saio apagando todas. Com sou eu quem paga a conta de luz, vejo que é muito cara. Portanto, tenho uma preocupação maior”, detalha. As faturas individuais de março e abril, início da pandemia, foram mais baratas se comparadas a fevereiro. “Corro atrás para minimizar ao máximo o impacto financeiro.” Outra estratégia é colocar a geladeira no modo econômico. “Esse tempo mais frio permite fazer isso”, conta. Os extras também foram reduzidos. “Hoje, gasto mais com as compras de casa. Houve um significativo aumento nessa área, mas compenso deixando de comprar outros produtos, como roupas e cosméticos”, revela.

Impacto 

A redução de custo com transporte e outros serviços pode ser uma das soluções para ajustar o orçamento à nova realidade. De acordo com César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF), é possível balancear essa diminuição com o aumento de outras contas. “As pessoas devem adequar o financeiro com o período vivido”, ensina. A disciplina é a melhor amiga na pandemia. “O maior problema é a diminuição de renda dos brasilienses, que não acompanhar os gastos”, relata César.

Uma das soluções, portanto, é aproveitar o momento para guardar dinheiro. “Hoje, existem várias iniciativas pelos bancos de renegociar as dívidas e parcelar os débitos. As pessoas podem aproveitar para renegociar as dívidas de uma maneira que caiba no seu orçamento. Aumentar um pouco o prazo dos financiamentos e guardar na poupança para uma emergência e evitar qualquer tipo de gasto desnecessário nesse cenário de incerteza”, explica César. “É fundamental fazer uma reserva”, complementa.

O servidor público Maurício Teixeira, 52 anos, sentiu o impacto financeiro durante a pandemia. A conta de luz teve alta de 50%. “Nessa época, a permanência em casa de toda a família fez com que o gasto de luz aumentasse”, observa o funcionário. No total, são seis pessoas na residência. A internet passou a ser usada quase o dia inteiro. “Além disso, eu e a minha filha estamos em home office. O gasto que a as empresas teriam com uso de impressora, telefonemas, energia do computador e do ambiente passou para a gente”, lamenta Maurício.

Além da mudança na rotina, a instabilidade financeira foi mais um fator que o servidor teve de se adaptar. “Na minha empresa, não vamos mais receber auxílio-transporte, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) será pago apenas em dezembro e o empregado que sair de férias não receberá gratificação. Além dessas medidas, imagino que outras ainda serão tomadas. Ou seja, é um período de incertezas”, desabafa. “Houve uma mudança na vida financeira, mas nós, brasilienses, continuamos arcando com os mesmos gastos. Antes da pandemia, era possível projetar uma meta. Hoje, não se pode mais fazer isso”, avalia Maurício.


  • Organize-se
    Confira dicas para conter gastos durante a pandemia:

    » Definir um dia para lavar e passar todas as roupas
    » Fazer comida em grande quantidade e congelá-la
    » Renegociar dívidas
    » Guardar dinheiro na poupança para emergência
    » Colocar os gastos no papel e analisar 
    quais podem ser excluídos


  • Denuncie
    Caso o consumidor veja elevação incompatível nos preços de produtos durante a pandemia, o Procon pede que o usuário informe e formalize a denúncia pelos canais oficiais. Telefone: 151. E-mail: 151@procon.df.gov.br.


  • Palavra de especialista

    “Não podemos parar de ter esperança”

    “As pessoas endividadas têm uma condição de saúde mental preocupante e, nesse período, isso pode se agravar ainda mais, porque não há uma receita para resolver os problemas e as despesas continuam chegando. Tenho orientado para que os pacientes, neste momento, tentem negociar descontos nas parcelas e se mantenham positivos. Deixem de focar um pouco nas dívidas e passem a ver o que a vida profissional pode oferecer. Ou seja, como o negócio pode oferecer melhorias para os clientes. É tempo de pensar em alternativas, buscar conhecimentos por meio de cursos on-line e de se aprimorar na profissão. O que eu posso agregar na minha profissão que vá ser um diferencial? Este é um momento de colocar a criatividade e a imaginação para tentar reverter esse quadro de endividamento. Outras alternativas são: focar em atividades que gerem conhecimento na sua área profissional; assistir a boas séries; praticar a gastronomia; colocar em dia as conversas via redes sociais com amigos e parentes que há tempos não vê; fazer aquela geral no guarda-roupa; e praticar atividades físicas on-line (é muito importante neste momento, nem que seja de 10 a 15 minutos). Nós não podemos parar de ter esperança e pensar que estamos passando por um período que vai passar.”

    Kátia Araújo, psicóloga clínica com ênfase em avaliação psicológica

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