Cidades

Tire dúvidas sobre o novo coronavírus

A equipe do Correio ouviu especialistas e instituições oficiais sobre as principais dúvidas que preocupam os brasilienses em relação à pandemia

Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 04:12
A equipe do Correio ouviu especialistas e instituições oficiais sobre as principais dúvidas que preocupam os brasilienses em relação à pandemia
Às vésperas de mais um mês que se inicia desde que o novo coronavírus chegou ao Distrito Federal, inúmeros questionamentos ainda pairam em relação à pandemia provocada pelo micro-organismo. Como forma de ajudar os leitores a sanar dúvidas sobre cuidados necessários ou hábitos que precisam mudar, o Correio entrevistou especialistas e consultou fontes oficiais para reunir informações indispensáveis neste momento.

Divididas entre quatro assuntos, as informações abordam tópicos desde a origem do vírus até serviços que podem ser contatados em caso de necessidade. Além das perguntas abaixo, é possível consultar o levantamento completo pelo link: especiais.correiobraziliense.com.br/tudo-sobre-coronavirus.


Sobre o vírus

Como essa pandemia começou?
Começou no fim do ano passado, na região de Wuhan, na China, a partir da infecção de uma pessoa. Não se sabe se pegou no mercado de peixes, de outra pessoa assintomática ou de um animal. A doença pode ter surgido de um morcego, mas também há possibilidade de que outro mamífero — o pangolin — tenha sido um intermediário.

Quanto tempo ela deve durar?
Não é possível dizer. O vírus se espalhou rápido e a porcentagem da população mundial contaminada ainda é pequena. Com o distanciamento social, a velocidade da transmissão diminui. Se todos ficarem em casa, a tendência é de que o número de pessoas infectadas diminua.

Qual é a diferença entre coronavírus, novo coronavírus, Covid-19 e Sars-Cov-2?
O coronavírus é um grupo de vírus que tem em comum o material genético de RNA (ácido ribonucleico). Sars-Cov-2 é a denominação criada para o novo coronavírus. Covid-19 é o nome da doença.

Em que ele se difere de micro-organismos que causam outras doenças respiratórias?
Pelo local onde acontece a replicação: outros vírus não afetam tanto o pulmão.

Qual a possibilidade de surgirem vírus similares ou piores que o novo coronavírus?
Vírus estão na natureza, circulam entre os animais. Por isso, a possibilidade é grande.

Por que ele se propaga tão facilmente?
Cada vírus se espalha de forma diferente. Alguns com mais facilidade que os demais. A partir de um mesmo hospedeiro, o coronavírus tem a capacidade de infectar duas ou três pessoas, em média.

Há alguma projeção de quando uma vacina estará disponível?
Existem ensaios da vacina em alguns países, mas só será possível saber se funcionará após testes em humanos. Em animal, pode haver produção de anticorpos, e, se funcionou, a metodologia pode ajudar a anular o vírus nas pessoas. No entanto, algumas vacinas levam anos para chegarem à população.

Esse vírus pode sofrer mutações e se tornar mais resistente ou perigoso?
Sim. Todos os vírus sofrem mutações. É algo normal, para eles, se duplicar. Há chance de erros nesse processo, o que pode tornar o micro-organismo mais ou menos resistente e perigoso.

As temperaturas e o calor do verão afetam a propagação do novo coronavírus?
Há alguns que atuam melhor no inverno. Mas a sazonalidade é fator importante. No Brasil, é outono e há muitas pessoas se infectando. A forma de atuação do vírus ainda é alvo de estudos.

Como funcionaria uma possível vacina contra ele?
Por meio da injeção de algo que faça o corpo produzir anticorpos contra o micro-organismo invasor. Isso poderia ser o vírus inativo ou uma parte dele. As células reconhecem essas partes e as quebram em pedaços menores. Em seguida, as proteínas do corpo aderem a esses fragmentos e criam os anticorpos.

Antibióticos são eficazes na prevenção ou no tratamento da Covid-19?
Vírus não são combatidos com antibióticos. Esses medicamentos são usados contra bactérias, pois contam com compostos que inibem a replicação delas.

Quão letal é o novo vírus em comparação àqueles que causam a gripe comum?
A letalidade é variável e depende de quem foi infectado. O cálculo da taxa depende dos resultados de testes e diagnósticos em cada região, comparado com o total de mortes. O índice real só poderá ser calculado com precisão mais para frente.

Quanto tempo o Sars-Cov-2 sobrevive em superfícies?
A definição das horas ainda é alvo de pesquisas. Mas estudos recentes calculam uma permanência de até três dias do novo coronavírus em materiais como plástico, aço inoxidável, cobre e papelão. No entanto, o mais importante é que o micro-organismo pode ser desativado com o uso de desinfetantes domésticos ou água e sabão.

A chuva elimina o vírus?
O vírus não gosta de umidade, prefere ambientes secos. Como ele é transmitido pelo ar, a umidade atrapalha a proliferação.

Todo mundo vai pegar o vírus em algum momento?
Não. Muita gente ainda será infectada, mas não 100% da população. Quem tem contato com quem está infectado tem mais chances de contrair a doença. Por isso, a estratégia de isolamento social é importante.

É possível se contaminar pelo ar?
Sim. A transmissão é pelo contato com gotículas que também se disseminam pelo ar. Houve identificação do vírus em fezes, mas não há pesquisas comprovando que essa seja mais uma fonte de contaminação.

O coronavírus ficará ativo na natureza após a pandemia?
Na natureza, ele já está. Muitas pessoas ficam infectadas, são curadas e, depois, o vírus pode voltar a contaminar. As pessoas podem ficar suscetíveis de novo, a depender do intervalo de produção de anticorpos suficientes para neutralizar o vírus.


Sobre a saúde

Quais sintomas pessoas contaminadas podem apresentar?
Os sintomas mais comuns são febre, tosse seca e cansaço. Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, dor de garganta ou diarreia. Esses sintomas são, geralmente, leves e começam gradualmente. Em média, uma a cada cinco pessoas apresenta sintomas graves e dificuldade para respirar.

O que elas devem fazer nesse caso?
Para os pacientes que apresentem formas leves da doença, a recomendação é evitar prontos-socorros e permanecer em repouso domiciliar, com uso de medicamentos em caso de febre. É preciso obedecer as orientações de isolamento domiciliar, higienização das mãos e de objetos pessoais, além do uso de máscara.

Como saber se estou infectado, mas sem sintomas?
Atualmente, a orientação é de testar só pessoas que têm ou tiveram sintomas respiratórios.

Perda de olfato ou paladar é um sintoma da Covid-19?
Sim. A perda do olfato (anosmia),  geralmente associada a ageusia (falta de paladar), pode estar presente em pacientes com confirmação ou suspeita de infecção pelo novo coronavírus.

Em quanto tempo costumam aparecer os sintomas?
Pessoas infectadas com o novo coronavírus costumam apresentar sintomas entre quatro e cinco dias após a contaminação, mas o início dos sintomas pode aparecer entre um e 14 dias.

Quantos dias uma pessoa contaminada deve ficar em quarentena?
Até o momento, o período de isolamento para a Covid-19 é de 14 dias, podendo ser estendido conforme avaliação médica.

Uma pessoa curada pode se contaminar novamente pelo vírus?
Ainda não existe confirmação se a infecção pelo novo coronavírus proporciona imunidade curta ou duradoura. Aparentemente, a reinfecção é pouco provável.

Todo mundo deve tomar a vacina contra a gripe? 
Todas as pessoas que não têm contraindicações à vacina contra a gripe devem ser imunizadas. Apesar de ela não proteger contra o novo coronavírus, caso a pessoa apresente sintomas respiratórios e tenha histórico da vacina, o diagnóstico de possível Covid-19 é facilitado. Além disso, a redução dos casos de gripe ajuda os sistemas de saúde público e privado a concentrar ações no combate à pandemia.

Existe remédio que cure a doença?
Não. Ainda não há evidências científicas que apontem qualquer medicamento ou vitamina que possam proporcionar a cura da Covid-19.

Como saber se estou recuperado?
A partir do momento em que a pessoa não apresenta mais sintomas de infecção respiratória, está clinicamente curada.

O que devo fazer depois disso?
Para os pacientes que se recuperaram clinicamente, a sugestão é de que permaneçam em isolamento por 14 dias a contar do início dos sintomas. Posteriormente, devem seguir as mesmas recomendações para a população geral e manter hábitos saudáveis.

Quais são os tipos de teste para detecção do vírus e como são feitos?
Há dois principais tipos em uso. O PCR detecta a presença de material genético do vírus no organismo paciente, mesmo que o micro-organismo não esteja causando a doença. Esse exame é recomendado principalmente para pessoas que perceberam o início dos sintomas há quatro ou sete dias. O material analisado é uma amostra coletada da garganta ou do fundo das narinas do paciente. Os resultados saem entre dois e seis dias depois. O outro tipo são os testes rápidos, que permitem a detecção por sorologia. A análise do sangue coletado detecta proteínas próprias do vírus ou descobre se o paciente produziu anticorpos contra o micro-organismo, o que indicaria que houve exposição ao novo coronavírus. No entanto, esse tipo é mais recomendado se o contato com um paciente ocorreu entre sete e 10 dias antes do exame. O resultado fica pronto em 20 minutos.

Quanto tempo o vírus pode permanecer indetectável?
O exame de PCR apresenta resultado positivo após cerca de cinco dias após a contaminação. Entretanto, dependendo da carga viral do paciente, o tempo pode variar para mais ou para menos.

Lactantes podem transmitir o vírus para o bebê?
A amamentação pode ser mantida em caso de infecção pelo vírus, desde que a mãe deseje amamentar e que esteja em condições clínicas adequadas. Os benefícios da amamentação superam potenciais riscos de transmissão do vírus por meio do leite materno.

Existem pessoas mais suscetíveis a contrair a doença?
O risco é maior entre pessoas que se expõem mais. Por isso, a recomendação é de isolamento domiciliar sempre que possível.

E quem tem mais chances de apresentar um quadro grave da Covid-19?
Pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, doenças respiratórias e indivíduos com mais de 60 anos são os mais propensos a ter manifestações graves e complicações.

Pessoas com rinite alérgica ou alergias em geral fazem parte desse grupo?
Não. Pessoas com rinite não compõem grupo de risco. Neste período de grande circulação de outros vírus respiratórios, é importante que esses pacientes mantenham os quadros alérgicos sob controle.

Soropositivos para HIV devem tomar alguma precaução especial?
Apesar de ainda não haver dados consistentes sobre o novo coronavírus em pessoas com HIV, o risco pode ser maior para pessoas com baixa contagem de moléculas CD4 e para aqueles que estão sem a adequada adesão ou acesso ao tratamento antirretroviral.

Álcool em gel e álcool líquido 70% têm a mesma eficácia?
Ambos têm a mesma eficácia. Entretanto, o álcool em gel é mais agradável ao toque, proporciona menor desperdício durante o uso e é menos inflamável.

Quando ir e quando não ir ao hospital?
A orientação é de buscar atendimento hospitalar só em casos necessários. Para pacientes com quadros gripais leves, a recomendação é o cuidado domiciliar. Entretanto, pessoas com falta de ar devem buscar assistência médica imediata. Indivíduos com doenças que demandem assistência clínica ou cirúrgica urgentes devem procurar uma unidade de saúde que atenda a pacientes com suspeita de Covid-19 separadamente.

Caso suspeite que fui infectado pelo novo coronavírus, posso tomar alguma medicação?
Sim. Pacientes que têm quadros leves, com febre ou dor de cabeça, podem tomar analgésicos e antitérmicos aos quais estejam habituados.

Há risco se duas pessoas contaminadas dividirem o mesmo ambiente e os mesmos objetos?
O ideal é que pessoas com suspeita de Covid-19 fiquem em ambientes separados e evitem compartilhar objetos. Em caso de impossibilidade de separação desses ambientes, pode-se fazer a alocação deles em um mesmo lugar, mas deve-se evitar o uso de objetos comuns pelo risco de transmissão cruzada de outros agentes infecciosos.

Pessoas internadas podem ficar com acompanhantes no hospital?
A maioria dos hospitais tem restringido a presença de acompanhantes para pacientes com suspeita ou confirmação da Covid-19, com ressalva para pessoas com menos de 18 anos. A política varia a depender da unidade de saúde.


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