Correio Braziliense
postado em 27/04/2020 04:15
Com ou sem estampa, da cor que quiser. As máscaras caseiras foram permitidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e o uso delas no Distrito Federal tem data para se tornar obrigatório para toda a população como aliada no combate à propagação do novo coronavírus. Além de eficiente, é um equipamento que pode ser confeccionado em casa. Na capital, artesãs e costureiras aproveitaram o momento para voltarem às produções. O número de pedidos, em média, chega a 30 por dia. A atividade também é uma forma de pagar as contas do mês.
Durante a pandemia, a costureira Maria José Nunes, 61 anos, pensou em uma solução para a volta às atividades no ateliê de costura dela. “Estava sem fazer nada em casa e pensei em começar a produzir máscaras caseiras. Publiquei alguns modelos em um grupo com as minhas clientes e a iniciativa começou a dar certo”, conta. As funcionárias, que também tinham parado, foram chamadas para voltar a trabalhar. “Dessa forma, voltamos a produzir. Três costureiras me ajudam e uma outra embala os produtos”, conta.
Os conhecimentos na área de costura e os estoques de tecidos foram essenciais nas confecções. “Estou me virando com o que eu tenho. Sempre guardei muitos tecidos”, explica a costureira. Apesar de o lucro ser baixo, o dinheiro ajuda Maria José a pagar as contas. “Estava desesperada antes. Agora, vou conseguir pagar o aluguel do estabelecimento e tirar um pouco para comprar comida.” Uma máscara sai por R$ 12. “Também fazemos promoções. Na compra de duas, o preço fica em R$ 25”, divulga a costureira.
Desempregada, a autônoma Débora de Freitas, 40 anos, foi aconselhada pela amiga Renata Cavaleto, 37, a produzir máscaras. “Com a ajuda da minha mãe, que é costureira, eu confecciono os itens de proteção e depois entrego para a Renata, porque ela tem jeito para vender”, explica Débora. Como a empreendedora fazia trabalhos manuais antes da pandemia, havia bastante tecido na casa dela. “A gente pretende produzir até todos os materiais acabarem. A experiência foi muito boa, e eu aprendi que, diante de uma dificuldade, sempre é possível aprender algo bom”, reflete Débora.
Eficiência garantida
Para ser eficiente como uma barreira física, a máscara caseira precisa seguir algumas especificações. É preciso que a máscara tenha pelo menos duas camadas de pano, ou seja, dupla face. “E mais uma recomendação importante: ela é individual”, explica a médica Ana Helena Germoglio. O uso do aparato é recomendado apenas para pessoas assintomáticas. “Quando a pessoa apresentar algum sintoma respiratório, é recomendado que utilize uma máscara cirúrgica”, explica a infectologista. Mas não adianta utilizá-las sem higienizar as mãos. “É necessário que a pessoa não fique tocando na superfície do tecido”, recomenda.
As máscaras caseiras podem ser feitas em algodão, tricoline, TNT ou outros tecidos, desde que desenhadas e higienizadas corretamente. Elas devem ser feitas na medida correta, cobrindo totalmente a boca e nariz, e devem estar bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais. “Também precisa ser trocada uma ou duas vezes ao dia. Depois do uso, higienizadas com água, sabão e água sanitária”, recomenda a doutora.
Criatividade
A ideia de vender as máscaras veio por acaso para a professora de costura Marcele Gonzalez, 24 anos. Como os vizinhos do prédio em que mora, no Lago Norte, sabiam que ela costurava, começaram a fazer pedidos para doações e para uso próprio. “Foi aí que percebi que poderia fazer uma renda extra com a confecção.” A instrutora ainda recebe pedidos de bandanas cirúrgicas para os profissionais de saúde. “Certa vez, uma médica perguntou se eu fazia o adereço. Fiz e vi que deu certo, então comecei a divulgá-lo também”, conta. Como diferencial, ela e a mãe, Denise Gonzalez, também pensaram em um produto especializado: uma máscara-tiara. “Foi uma forma de nós duas pensarmos em algo novo, que também fosse prático para as pessoas que se incomodavam com o elástico atrás da orelha”, explica a costureira.
As iniciativas a ajudaram financeiramente. A costureira consegue fazer até 40 máscaras por dia. “Isso se eu começar pela manhã e produzir até de noite”, explica. “Só trabalho sob encomenda, não consigo fazer à pronta-entrega”, acrescenta. A higienização do local e das peças também é uma preocupação para a vendedora. “A cada duas horas, faço uma pausa para limpar o espaço. Além disso, tenho o hábito de limpar a máquina e as agulhas”, conta Marcele.
A variedade de estampas de Marcele chamou a atenção da clientela. Como no caso de Tatiane Torquato, 32. A autônoma ficou animada com a máscara de tecido de oncinha. A estampa também fez sucesso no local onde ela trabalha. “As pessoas elogiaram e falaram que se identificava comigo”, conta Tatiane. A escolha da arquiteta também foi para tornar o momento de cuidado e proteção ainda mais leve. “Além de definir a minha personalidade, as pessoas acham engraçada a indumentária. A gente tira o peso de lidar com a doença em si e fica mais leve para lidar com ela”, reflete Tatiane.
Com as produções paradas após início da pandemia, a designer Flávia Amadeu, conhecida por trabalhar com moda sustentável, decidiu produzir as Funtastic Mask!, em parceria com a Ratorói, estúdio de design especializado em superfícies com plásticos reciclados. “O produto é feito com borracha e plástico reciclado”, explica a empresária. Com a venda das máscaras, 20% do valor das vendas serão destinados às comunidades ribeirinhas, colaboradoras da marca. “Temos que pensar em opções que podemos adaptar e que são menos agressivas ao meio ambiente”, reforça Flávia.
Prevenção
O Governo do Distrito Federal tornará o uso da máscara de proteção individual obrigatória para toda população a partir de 30 de abril. A medida acompanha a decisão de flexibilização do isolamento social com a reabertura de parte do comércio, salvo bares, academias e restaurantes. Quem não cumprir a determinação estará sujeito a multas e advertências e poderá ser punido pelo crime de infração de medida sanitária preventiva — a pena varia de um mês a um ano, segundo o Código Penal.
Usar e higienizar
- Em primeiro lugar, é preciso dizer que a máscara é individual. Não pode ser dividida com ninguém, nem com mãe, filho, irmão, marido, esposa etc. Então, se a sua família é grande, saiba que cada um tem que ter a sua;
- A máscara pode ser usada até ficar úmida. Depois desse tempo, é preciso trocar. Então, o ideal é que cada pessoa tenha pelo menos duas máscaras de pano;
- Mas atenção: a máscara serve de barreira física ao vírus. Por isso, é preciso que ela tenha, pelo menos, duas camadas de pano, ou seja, dupla face;
- Também é importante ter elásticos ou tiras para amarrar acima das orelhas e abaixo da nuca. Desse jeito, o pano estará sempre protegendo a boca e o nariz e não restarão espaços no rosto;
- Use a máscara sempre que precisar sair de casa. Saia sempre com, pelo menos, uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar;
- Chegando em casa, lave as máscaras usadas com água sanitária. Deixe de molho por cerca de 30 minutos;
- Para cumprir essa missão de proteção contra o coronavírus, serve qualquer pedaço de tecido, vale desmanchar aquela camisa velha, calça antiga, cueca, cortina, o que for.
Fonte: Ministério da Saúde
Onde encontrar
Flávia Amadeu
Site: www.flaviaamadeu.com
Instagram: @flaviaamadeudesign
Marcele Gonzalez
Instagram: @marcelegonzalez
Contato: (61) 98122-2896
Maria José Nunes
Contato: (61) 98518-6634
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