Correio Braziliense
postado em 01/05/2020 04:06

Ao contrário do cenário em outras unidades da Federação, como o Amazonas, a situação de cemitérios e funerárias do Distrito Federal se mantém controlada durante a pandemia do novo coronavírus. A taxa de letalidade — cerca de 2,5% — mais baixa do que a média nacional — por volta de 7% — é um dos fatores que contribuem para que a oferta de jazigos e de serviços assistenciais para os óbitos esteja longe do colapso. O DF registra, até então, 30 mortes causadas pela Covid-19.
Atualmente, há 1,7 mil jazigos construídos e disponíveis no seis cemitérios da capital federal. O total é suficiente, na demanda atual, para cerca de cinco meses — podendo chegar a seis —, de acordo com o consórcio Campo da Esperança, responsável pela gestão dos locais. Além disso, há 90 mil gavetas disponíveis. No entanto, elas são destinadas a famílias que compraram o espaço anteriormente. Essa quantidade é suficiente, de acordo com o consórcio, para oito anos.
A expectativa é de que o número de mortes no DF não chegue a um volume que possa causar a necessidade de abertura de mais jazigos. O consórcio, no entanto, afirma que a construção desses espaços é rotineira e que há diálogo constante com o governo local para avaliar a necessidade de expansão das áreas destinadas para os corpos. “Se necessária, o que esperamos que não aconteça, qualquer medida nesse sentido será definida em conjunto com o GDF”, diz nota encaminhada pela assessoria de imprensa ao Correio.
Apesar de não haver carência de jazigos, a Covid-19 alterou a rotina nos cemitérios do Distrito Federal. O GDF publicou um protocolo de manuseio de cadáveres e prevenção ao coronavírus, que deve ser seguido na preparação dos corpos. Os caixões de vítimas da doença chegam lacrados para o sepultamento e não há velório. As medidas se estendem também para segurança dos trabalhadores, que passaram a usar máscaras, luvas e óculos.
No início de abril, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) manifestou preocupação com a situação e recomendou ao Campo da Esperança que protocolos, como o limite de pessoas nas cerimônias, fossem seguidos. De acordo com a instituição, “todos os pontos da recomendação foram cumpridos”.
Atualmente, não há pontos de cremação no DF, mas, em dezembro de 2019, o Ibram liberou a atividade ao consórcio Campo da Esperança. O equipamento para esse tipo de procedimento foi adquirido e funcionará em um espaço ao lado da unidade da Asa Sul. A área precisa ser liberada pelo GDF para o início das reformas necessárias.
O Correio encaminhou, por e-mail, questionamentos sobre o tema para a Secretaria de Justiça do DF, responsável pelo acompanhamento e fiscalização de cemitérios e funerárias, em 23, 27 e 28 de abril. A pasta, no entanto, não se manifestou até o fechamento desta edição.
Mais espaço
Houve exumações recentes na unidade de Taguatinga do Campo da Esperança. A concessionária, porém, nega qualquer relação do processo com a pandemia do novo coronavírus. “Ele faz parte de um plano de reaproveitamento do espaço para novos sepultamentos iniciado há quatro anos, muito antes do surgimento do novo coronavírus. O procedimento é feito de acordo com a legislação”, destaca nota da concessionária.
As exumações são feitas em jazigos sociais, cedidos ao GDF para o sepultamento de pessoas em situação de vulnerabilidade, e os restos mortais são preservados no ossário do próprio cemitério ou entregues aos familiares que manifestarem esse desejo.
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