Correio Braziliense
postado em 01/05/2020 04:06
Nas empresas funerárias da capital, não há, até agora, registro de aumento significativo da demanda ou dificuldades para atender por causa da Covid-19. Felismino Alves, presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do DF, credita o ambiente de controle também à baixa taxa de letalidade registrada na capital federal. “Somos cerca de 45 empresas do ramo aqui no DF e não houve mudança nesse sentido ainda”, afirma.
O dirigente explica que a maior diferença se dá nas medidas de segurança tomadas para proteger trabalhadores e evitar a disseminação do vírus. “Nós, que estamos na ponta e trabalhamos com isso, precisamos ter um cuidado muito grande para não colocar nossas vidas em risco. Então, estamos tendo muita atenção com todo esse processo e com relação ao uso de EPIs (equipamentos de proteção individual)”, conta.
Alves acredita que, mesmo que o número de mortes seja maior do que o esperado, a estrutura de funerárias da capital será suficiente. “Hoje, nós temos cerca de 4,5 mil unidades dessas 45 empresas do ramo. Os nossos fornecedores também estão perto. Então, creio que se isso ocorrer, e esperamos que não venha a acontecer, estamos preparados.”
Distanciamento
Responsável pela situação controlada nos cemitérios e funerárias da capital — diferentemente do que se registra em outras regiões, a baixa letalidade no DF, de cerca de 2,5%, é resultado de ações restritivas no combate à Covid-19 como o distanciamento social. “Acredito, sim, que o isolamento social tenha contribuído para a situação que vivemos hoje, que é até cômoda quando comparada com outros lugares, como Amazonas, que já perdeu o controle, ou mesmo São Paulo. O DF fez o dever de casa”, avalia o especialista em doenças infecciosas e médico do Hospital de Base e das Forças Armadas (HFA) Hemerson Luz.
Ele destaca, também, como medida importante para conter a Covid-19, a preparação da estrutura do sistema de saúde. “Isso foi preparado, mesmo que não seja o ideal, para o aumento dos casos. Como pacientes têm acesso a medidas terapêuticas de forma mais fácil do que em outros lugares, chegamos a essa letalidade menor. Nós conseguimos conter um avanço esperado com todo o trabalho conjunto em cuidados operacionais, preparo das equipes, treinamentos, uso das EPIs”, argumenta.
O especialista ressalta que relaxar o isolamento, no entanto, pode trazer danos. “Será preciso fazer análise constante para saber se as decisões são certas ou devem ser revistas. Essa avaliação não é instantânea, porque os dados nos revelam um reflexo do que ocorreu dias atrás, mas precisamos tomar esse cuidado.” Ele elogia a obrigatoriedade do uso de máscaras, o que, de acordo com dele, pode contribuir para frear a disseminação, ao lado de outras medidas de higiene.
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