Cidades

Síndicos criticam horário estendido de higienização nos condomínios

Para quem administra esses espaços, a grande questão apresentada é em relação ao horário de limpeza determinado na lei sancionada, na última quarta-feira, pelo governador Ibaneis Rocha

Correio Braziliense
postado em 02/05/2020 06:00
Para quem administra esses espaços, a grande questão apresentada é em relação ao horário de limpeza determinado na lei sancionada, na última quarta-feira, pelo governador Ibaneis RochaA obrigatoriedade da higienização de portas, maçanetas, corrimões e elevadores a cada duas horas pelos condomínios e prédios no Distrito Federal divide opiniões. Para síndicos que administram esses espaços, a grande questão apresentada é em relação ao horário de limpeza determinado na lei sancionada, na última quarta-feira, pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). De acordo com o texto, a assepsia deve ser feita — com álcool 70% ou com material análogo capaz de exterminar o vírus da Covid-19 — diariamente, das 6h às 22h, sujeito à multa de R$ 2 mil para quem descumprir a regra. A medida foi criada para conter a disseminação da Covid-19 e garantir maior segurança na saúde da população.

No entanto, a proposta foi vista como exagero para alguns síndicos. As principais críticas são o horário estendido da higienização e a possibilidade de precisar contratar mais funcionários para adequar a regra. Prefeito da quadra 316 Norte e síndico do bloco D, Geraldo Eustáquio Moreira acredita que a medida é justa, principalmente, em um momento de pandemia. Porém, ele afirma que a ampliação do horário até as 22h é desnecessária. “No meu bloco, limpamos de duas em duas horas com álcool em gel os espaços com maior contato. Mas não temos condições de contratar mais duas pessoas para trabalhar no período noturno, onde há pouco movimento de pessoas”, ressalta. Para ele, a alternativa seria dividir os funcionários entre diurno e noturno.

Na Asa Sul, o síndico de três blocos na 413 recebeu auxílio dos próprios moradores na limpeza. Caio Nascimento conta que a nova regra pegou todos de surpresa. “Com a pandemia, reduzimos a frequência dos funcionários da limpeza como forma de segurança para eles. Muitos utilizam transporte público e ficam mais expostos ao vírus”, justifica. De acordo com ele, é complicado propor um gasto extra atualmente. “Para isso precisaríamos de convocar uma assembleia, o que geraria aglomeração, algo inviável nesse momento”, explica. Moradora do bloco M, na 413 Sul, Priscila Freitas, 40, conta que ela mesma tem limpado os corrimões e maçanetas da portaria. “Moro no térreo, então é tranquilo fazer isso no meu andar. É mais prudente cada morador limpar o próprio espaço de circulação do que trazer pessoas de fora para fazer isso”, argumenta.

Mudança

Após forte pressão dos síndicos e prefeitos, o deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante) criou um novo projeto de lei que altera o texto sancionado na última quarta-feira. “Muita gente veio me procurar para questionar sobre a determinação do horário”, admite. A nova proposta extingue a exigência de higienização de duas em duas horas, no período das 6h às 22h. “Deixamos a frequência da limpeza a critério dos síndicos, porém, agora eles terão que prestar uma maior transparência aos moradores sobre como será feita a assepsia”, afirma o deputado. O projeto de lei que altera as determinações sancionadas será lida em plenário na próxima terça-feira e deve seguir para votação na quarta. Em nota, o Governo do Distrito Federal informou que não há previsão para a publicação do decreto que regulamenta a competência específica de fiscalização desta lei.

O presidente da Associação dos Síndicos de Condomínios Comerciais e Residenciais do DF, Emerson Tormann, tem orientado para que todos sigam a recomendação. “Muitos condomínios já têm essa cultura de limpeza, acredito que essa lei não deva causar tanto impacto para eles, é mais um ajuste de comportamento”, comenta. Ele estima que no Distrito Federal tenha cerca de 8 mil condomínios verticais. Só em Águas Claras, são 580.

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