Cidades

Máscaras: especialistas esclarecem sobre confecção, uso e higienização

Amanhã, o governo começa a fiscalização da obrigatoriedade da proteção facial. Especialistas esclarecem dúvidas sobre confecção, uso e higienização do produto. Quem for flagrado na rua sem o equipamento terá de pagar até R$ 2 mil

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 07:00
A artesã Claudia Martins confecciona máscaras para venda e segue as orientações de saúde das autoridades: cuidado na produçãoElas têm tido um papel importante no combate ao novo coronavírus. A determinação do governo em relação ao uso de máscaras está vigente desde 30 de abril, porém, a fiscalização e a multa em relação à utilização do produto começa amanhã (11/5). Como uma barreira física, as proteções faciais são mais uma das formas de luta contra a covid-19. Especialistas destacam a importância da medida e orientam sobre o material de confecção, além da forma correta de usar, manusear e higienizar a máscara.

A multa para quem for flagrado na rua sem o equipamento é de até R$ 2 mil. Para pessoas jurídicas, o valor é de R$ 4 mil. A artesã Claudia Martins, 49 anos, não só garantiu a dela, como também confecciona a proteção para venda. “Assim que surgiram os dois primeiros casos no DF, eu fiz uma para mim, para o meu filho e para uma amiga. Sou artesã, então tenho experiência com costura”, conta. Desde o começo do trabalho, ela seguiu as orientações das autoridades e fez pesquisas a respeito do tecido e da higienização, com o objetivo de repassar as informações para as clientes. “Uso dois tecidos, mais o TNT. Não posso ser irresponsável de vender falando que basta usar a máscara que estarão protegidos. É uma barreira física, que torna a contaminação mais difícil”, ressalta.

O produto é uma medida adicional para a proteção de quem precisa sair de casa, segundo o infectologista Gilberto Nogueira, da Rede D’Or São Luiz. “O uso obrigatório das máscaras não muda em nada a necessidade de manter as medidas de distanciamento social. Para as pessoas contaminadas, ela ajuda como barreira física e diminui a transmissão para as sadias. Quando essa pessoa contaminada fala, tosse ou espirra, as gotículas produzidas se prendem ao tecido, diminuindo muito a disseminação para o ambiente”, explica. Em relação ao tecido, a orientação é usar panos de algodão ou mistura com elastano, TNT e outros. “É importante ter pelo menos duas camadas. Existe estudo demonstrando que quanto mais dobras de tecido, maior a eficiência”, detalha.

A militar Erica Ferreira, 41, aderiu ao uso da máscara antes da obrigatoriedade. Ela confeccionou as próprias proteções e comprou outras. “Peguei o modelo e decidi fazer. Comprei TNT e fiz com três camadas”, comenta. Erica precisa sair diariamente para trabalhar. Para ela, a fiscalização será de grande importância, motivando a população a se proteger. “Se cada um fizer a sua parte, a gente vai conseguir vencer essa luta”, ressalta. Além de usar a proteção facial, Erica segue todas as orientações de prevenção à doença. “Estou usando álcool em gel, lavo sempre as mãos e só saio quando necessário. Quando chego do trabalho, deixo o meu uniforme na porta”, diz.


A oficial temporária do Exército Kátia Kelly e a filha, Isabella, não saem de casa sem a proteção facial


Utilização

Um ponto importante é o tamanho da máscara. Ela deve ficar ajustada ao rosto, para evitar que as pessoas toquem nela. “Recomendo utilizar a proteção bem ajustada ao rosto. Se for necessário reajustar, sempre higienizar as mãos antes e nunca tocar na parte da frente, manipulando apenas pelos elásticos ou pelas tiras laterais”, orienta o infectologista Gilberto. Ao retirar para fazer uma refeição, por exemplo, é importante ficar atento para não contaminar o produto e guardá-lo em lugar adequado. “Eu recomendo duas alternativas: um recipiente de plástico com pequenos furos, para evitar a umidificação do produto, como caixas plásticas de uvas; ou pode colocar em um envelope de papel”, aconselha.

Os infectologistas recomendam ter uma máscara extra sempre que ficar muito tempo fora de casa. Elas não devem estar úmidas ou sujas, como explica a infectologia Ana Helena Germoglio: “Depois de 3 horas de uso contínuo, ela fica úmida. Se ficar úmida, suja ou danificada, deve ser trocada”. A infectologista ainda alerta sobre a duração da qualidade do tecido. “Depois de 30 lavagens, ela pode reduzir a capacidade de barreira”, revela. Para colocar e retirar, a indicação é fazer sempre com as mãos higienizadas com água e sabão ou álcool em gel. O manuseio deve ser feito pelas laterais.


Monia de Castro e a mãe, Neusa, produzem máscaras para a garotada, com orelhinhas de gato e do Batman

Crianças

O uso das máscaras em crianças gera dúvidas. A recomendação de pediatras é de que crianças com menos de 2 anos não utilizem a proteção. “Elas não devem usar, porque há risco de sufocamento. Além disso, elas podem ficar passando a língua na máscara, e passando a mão na parte externa, aumentando o risco de contaminação”, justifica a pediatra Nathalia Sarkis, do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria. Para aqueles acima de 2 e menores de 6 anos, o uso deve ser feito apenas com a supervisão de um adulto. “As crianças entre 7 e 10 anos conseguem usar a proteção, mas seguida de observação. Os pais ou responsáveis devem sempre ficar atentos”, acrescenta a pediatra.

A oficial temporária do Exército Kátia Kelly, 35, providenciou logo as proteções para ela e para a filha, Isabella, 4. No início, a menina não aceitou muito bem o acessório, mas, com o tempo, se acostumou. “Hoje, ela ama usar máscara. Quando precisamos sair, ela não fica sem”, conta. Kátia também optou por comprar produtos com estampas infantis e combinando com a faixa do cabelo. “Eu achei muito legal. Comprei uma igual para mim e para ela, para a gente ficar combinado. Acaba sendo mais fácil de você usar junto com os filhos, e eles aceitam melhor”, explica.

As estampas e os modelos infantis ganham espaço no processo de confecção. A pedagoga Monia de Castro, 42, e a mãe dela, a artesã Neusa de Castro, 64, usaram a criatividade para conquistar a garotada. As máscaras comuns ganharam novos formatos, como orelhinhas de gato e do Batman. “Testamos com a minha filha de 8 anos, e ela adorou. Então, resolvemos divulgar. Temos tido bastantes encomendas”, comemora Monia. As mães também ganharam modelos especiais “A minha mãe (Neusa) veio com a ideia para o Dia das Mães. Ela colocou um lenço, protegendo também o pescoço do frio. Aqui em casa, a cabeça não para de funcionar e, às vezes, a criação vai madrugada adentro”, acrescenta. Após a obrigatoriedade, a procura pela proteção aumentou, segundo a pedagoga, o que complementa a renda da família. 
 
 


DF tem mais duas mortes: total chega a 39

Ontem, a Secretaria de Saúde registrou mais duas mortes e o número total de casos confirmados de 
covid-19 no Distrito Federal subiu para 2.576. O total de vítimas da doença chegou a 39, sendo que um dos pacientes morava no Entorno. A quantidade de pessoas infectadas pelo novo coronavírus subiu 5,4% em relação a sexta-feira. Até as 17h04 de ontem, 1.323 contaminados haviam se recuperado. Apesar disso, 45 pacientes estavam em estado grave e 65, internados em unidades de terapia intensiva (UTIs). Outros 99 estão hospitalizados nas enfermarias de unidades de saúde. O total de casos no Sistema Prisional do DF saltou para 427, segundo a pasta. As regiões mais atingidas são Plano Piloto, Águas Claras e Lago Sul, sendo que 61,9% dos pacientes são homens.


Higienização

» Não lave junto com outras roupas

» Use água e sabão

» Deixe a máscara de molho por cerca de 30 minutos em uma solução com duas colheres de sopa de água sanitária para cada litro de água

» Enxágue bem. Não torça com força para evitar o desgaste do tecido e deixe secar

» É importante que, após ser passada em ferro quente, a máscara seja guardada em um recipiente limpo

Fonte: Gilberto Nogueira, infectologista da Rede D’Or São Luiz 

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  • A oficial temporária do Exército Kátia Kelly e a filha, Isabella
    A oficial temporária do Exército Kátia Kelly e a filha, Isabella Foto: Arquivo pessoal
  • Monia de Castro e a mãe, Neusa, produzem máscaras para a garotada
    Monia de Castro e a mãe, Neusa, produzem máscaras para a garotada Foto: Arquivo pessoal

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