Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 04:18
Duas pessoas ficaram feridas depois de serem atacadas por um pit-bull, no Acampamento Tamboril, na Vila Planalto. Na manhã de ontem, por volta das 10h30, o cachorro passeava sem coleira e sem focinheira, quando correu em direção a um morador que caminhava no bairro. José Rinaldo Barbosa, 45 anos, sofreu lesões profundas no pescoço, tórax, antebraço e na mão. Um homem que corria pela mesma via tentou ajudar a vítima, mas também recebeu mordidas. O animal só interrompeu a ação depois de ser morto a tiros pelo policial civil aposentado Carlos Alberto Brandão, 55.
Mesmo machucado, José Rinaldo buscou atendimento em um quartel do Corpo de Bombeiros próximo dali. Ele foi levado para o Hospital de Base do DF. Carlos Alberto acabou levado por policiais militares para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), assim como o responsável pelo animal, um jovem de 27 anos. Na unidade, foi emitido um termo circunstanciado contra o dono do cachorro por omissão de cautela na guarda ou condução de animais, o que resultou em lesão corporal culposa (sem intenção). A arma de Carlos Alberto ficou retida.
O policial aposentado contou ao Correio que foi à Vila Planalto para buscar um barco e, enquanto o colocava em um guincho, percebeu a presença de dois pit-bulls soltos. “Tentaram investir contra mim e o rapaz que estava me auxiliando com a embarcação. Mas alguma coisa chamou a atenção deles, e os cães saíram em disparada para a calçada. Vi uma mulher pedindo socorro desesperada e fui ao local. Lá, vi que um dos cachorros estava dilacerando o braço da pessoa”, relatou.
Na tentativa de espantar os pit-bulls, o policial atirou duas vezes para cima. No entanto, o cachorro continuou a atacar José Rinaldo. Logo depois, equipes da Polícia Militar chegaram ao local. Os PMs tomaram a arma de Carlos Alberto e o levaram para a delegacia. “Chegou a viatura e um policial perguntou o que tinha acontecido. Falei sobre os disparos, e ele não quis saber de mais nada. Deu-me um mata-leão e arrancou a arma com bastante violência da minha cintura, correndo o risco de disparar na minha perna”, contou. “Tive a sensação de dever cumprido, mas fiquei muito chateado pela atitude do PM.”
“Abuso de autoridade”
O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol/DF) criticou a abordagem. Em nota, a entidade ressaltou que os militares aplicaram uma “gravata” no policial civil e que cobrará uma resposta por parte da Polícia Militar. “Tomaram-lhe a arma à força, o colocaram em uma viatura e o conduziram à delegacia da área. (...) O sindicato acompanha o caso e pedirá à Corregedoria da PMDF que tome as providências cabíveis. O Sinpol defende que os policiais militares sejam autuados em flagrante de abuso de autoridade”, informa o texto.
A PMDF confirmou que o policial civil foi imobilizado. No entanto, a ação teria ocorrido porque o homem não “queria ser abordado pelos policiais militares” e, ao receber a ordem de apresentar o documento de identificação funcional, teria informado que estava sem o registro e dado as costas para a equipe. “Diante da desobediência, ele foi imobilizado pelos braços e desarmado. (...) Houve disparo de arma de fogo em via pública, e o cão foi morto em legítima defesa de outrem. (...) A arma de fogo do policial civil, uma pistola Taurus, calibre 38, com quatro balas, ficou apreendida na delegacia de polícia por estar com irregularidade administrativa. A ocorrência ficou registrada por disparo de arma de fogo em via pública”, informou a corporação.
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