Cidades

Engenheiros e profissionais de saúde de Brasília criam respirador mecânico

O próximo passo do grupo é aprovar esse equipamento junto a entidades reguladoras

Correio Braziliense
postado em 12/05/2020 09:42
O equipamento é simples e ainda vai ser apresentado à AnvisaUm grupo de engenheiros, médicos e fisioterapeutas de Brasília desenvolveu um respirador mecânico de baixo custo e agora pretende disponibilizar o equipamento em grande escala. Eles não têm fins lucrativos com o projeto e pedem ajuda política para realizar os trâmites burocráticos de aprovação do produto o mais rápido possível.

A disponibilidade de respiradores mecânicos na pandemia de coronavírus é importante porque essa doença pode apresentar como complicação a pneumonia, que produz um processo inflamatório atingindo os pulmões de forma severa. Neste quadro, os pacientes não conseguem respirar sozinhos e, assim, necessitam de suporte ventilatório, segundo informações do Ministério da Saúde.
 

Saiba Mais

O projeto de criação do respirador de baixo custo foi financiado pelo movimento Brasília Maior que Covid (BMC), fundo destinado a ações contra o coronavírus e administrado por voluntários. “Tecnicamente o equipamento não é um respirador mecânico, mas um automatizador de um respirador manual, mas podemos chamar de respirador para ficar mais fácil de entender”, explica Diego Heleno, engenheiro e articulador logístico do projeto.

Segundo levantamento feito pelo grupo, um respirador básico pode custar entre R$ 8 mil e R$ 15 mil, mas existem tipos de respiradores que custam até R$ 100 mil. Diego explica que a intenção do equipamento de baixo custo não é disputar com os respiradores usados nos hospitais. “Nosso equipamento não vem para substituir os respiradores mais caros, porque esses equipamentos são extremamente complexos, a nossa ideia é dar uma alternativa eficiente para quem precisa, mas não tem como usar um respirador”, disse.

Barateamento

O respirador criado pelo grupo custa até R$ 1 mil, a depender do custo dos insumos necessários para montar o respirador em cada município. No DF, o preço total varia entre R$ 500 e R$ 600. Esse barateamento foi possível ao se usar peças facilmente achadas, e portanto de baixo custo.

“Até chegarmos ao protótipo testamos vários materiais. Conseguimos baratear nas peças menores. Por exemplo, o tipo de motor que a gente usa tem em alta escala de disponibilidade, que é motor de para-brisa de carro”, explicou Paulo Souza, designer e programador e um dos participantes do projeto. Para ele, uma produção em larga escala poderia baratear ainda mais o equipamento.

Regulamentação

A ideia do grupo é disponibilizar uma licença de livre utilização do respirador de baixo custo, com restrições para que não seja permitido o uso com fins lucrativos. Para isso, precisarão regularizar o equipamento junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula o uso de equipamentos médicos no Brasil. “Estamos documentando o funcionamento do produto para passar para a Anvisa. Depois disso esperamos conseguir disponibilizar o equipamento para parcerias, seja com o governo ou com a iniciativa privada. Acredito que teremos êxito em relação a isso”, afirmou Paulo Souza.

“A gente não quer morrer na praia. Trabalhamos muito, foram muitas horas nos dedicando a esse projeto. Sabemos que não é possível ajudar as pessoas sem uma autorização ou registro”, disse, Diego Heleno.

Diego afirma que recebe todos os dias mensagens de pessoas doentes pedindo o respirador. “É de apertar o coração, a gente fica pensando ‘Como faz agora, envia ou não envia?’ A pessoa pode assinar um termo de responsabilidade, mas e depois? Juridicamente, qual o melhor caminho?”, questiona.

Desde o início da pandemia, a Anvisa disponibilizou um passo a passo de como registrar um respirador ou ventilador pulmonar. Até a produção disponível em mercado um equipamento precisa passar por nove etapas, passando pela documentação do projeto, verificação e validação do equipamento. A Agência afirma que só registra um produto (seja ele medicamento, equipamento para saúde, cosmético ou alimento) se houver a solicitação da empresa interessada em fabricar e se houver a comprovação de eficácia e segurança deste produto.


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