Cidades

''O único remédio é o distanciamento um do outro", diz epidemiologista

Em entrevista ao CB.Poder, Wildo Navegantes de Araujo, epidemiologista da UnB, destaca que é "melhor sofrer mais um pouco em casa do que perder a vida". Para ele, uso de máscaras permanece até a descoberta de uma vacina contra a covid-19

Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 14:57
Wildo Navegantes explica que não havendo remédios nem vacinas, o isolamento ajuda a ganhar tempo e protege a populaçãoO isolamento social ainda é a maior arma na guerra contra a disseminação do novo coronavírus, segundo o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB), Wildo Navegantes. O assunto foi um dos pontos abordados na entrevista desta quarta-feira (13/5) do CB.Poder -- parceira do Correio Braziliense com a TV BrasíliaO especialista ainda analisou medicamentos que estão sendo propostos e o uso de máscara. 

Durante a entrevista, Wildo ressaltou a importância da população permanecer em casa, mesmo após a abertura do comércio. Para ele, se não houver isolamento social, o sistema de saúde não vai aguentar. "Não tem outra saída. Ou faz o distanciamento ou não teremos leitos na magnitude que essa doença remete. É melhor sofrer um pouco mais dentro de casa do que perder a vida.", destaca. 

Saiba Mais

Uma alternativa para aqueles que sofrem com a crise econômica é reforçar ainda mais o apoio financeiro do governo. O professor explica que a parte da população que pode ficar em casa tem papel fundamental na proteção de quem  precisa sair, pois quanto menos pessoas na rua, menor é a circulação do vírus.

Remédios e máscaras

No últimos dias, vários remédios, como a cloroquina, foram apresentado como alternativas para o tratamento da covid-19. Porém, para Wildo, o uso dos remédios ainda é arriscado. "Estudo nenhum afirma a eficácia dele. Não só esse, como outros medicamentos. Infelizmente, não temos nenhum dado para dizer use esse medicamento", ressalta. Sobre a recomendação do próprio presidente da república, o professor ressaltou que quem prescreve medicamento são os médicos. "Isso não deveria ser orientado para a sociedade como um todo", alertou. 

Sobre o  uso das máscaras, ele deve permanecer até o surgimento de uma vacina, segundo Wildo. Para epidemiologista, após a quarentena, a população vai aprender a viver com os hábitos de higiene e saúde. Para as crianças, a dica do especialista é evitar sair de casa com elas, mas caso seja necessário, protegê-las e ficar atento, além de manter as mãos sempre limpas e longe do rosto. 

Quando ir ao hospital


A população não deve deixar de lado tratamentos de doenças durante a pandemia. Para Wildo, o isolamento social é importante, porém a vida continua e há procedimentos médicos que não podem esperar. 

Em relação à suspeita de covid, é preciso ficar atento aos sintomas para saber o momento de procurar um hospital. "Se tiver um quadro clínico mais leve, como sintomas de uma gripe comum, o ideal é procurar um posto de saúde, mas sentir falta de ar é o grande gatilho para procurar uma unidade hospitalar", orienta. 

Pesquisas

Enquanto o mundo luta contra o vírus, pesquisadores de todos os lugares, inclusive Brasília, trabalham em busca de soluções para a crise sanitária. Na UnB há pelo menos 235 projetos em andamento, segundo Wildon. Entre eles, produção de máscaras, pesquisas sobre vacinas e produção de álcool em gel. 
 
A universidade ainda trabalha na busca por um fragmento do vírus que possa produzir uma vacina. Segundo o professor, o objetivo é encontrar partes dos vírus que possam infectar a pessoas sem causar danos à saúde, produzindo assim proteção. A expectativa do especialista é de que em novembro ou até o incio do próximo ano, especialistas brasileiros consigam chegar a esse fragmento.   
 
 

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