Cidades

Formaturas antecipadas

Mais de 180 universitários da área da saúde de várias faculdades do Distrito Federal colaram grau antes do previsto. MP autoriza a antecipação enquanto durar a situação de emergência de saúde pública. No entanto, algumas universidades não aderiram à prática

Correio Braziliense
postado em 15/05/2020 04:15
O médico Eduardo Resende formou-se antecipadamente para ajudar no combate ao coronavírus

A colação de grau de centenas de estudantes da área de saúde de faculdades do Distrito Federal foi antecipada para reforçar no combate à covid-19. Segundo levantamento feito pelo Correio, estima-se que 183 universitários foram contemplados com uma medida provisória (MP) publicada pelo Ministério da Educação (MEC), em Portaria nº 374. A MP autoriza a antecipação da formatura nos cursos de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia, enquanto  durar a situação de emergência de saúde pública.

Os alunos devem ter 75% da carga horária prevista para o período de internato médico ou estágio supervisionado, e devem receber pela Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) o certificado da participação no esforço de contenção da pandemia da covid-19, com a respectiva carga horária, além do acréscimo de 10% na nota final do processo de seleção pública para o ingresso nos programas de residência. "O objetivo dessa medida é reforçar o combate à pandemia do novo coronavírus. Permitir que mais profissionais possam atuar nessa situação de emergência é imprescindível", destacou o secretário de Educação Superior do MEC, Wagner Vilas Boas de Souza.

Na Universidade Católica de Brasília (UCB), colaram grau antecipadamente — e virtualmente, para evitar aglomeração — 46 estudantes da 27ª turma do curso de medicina. Em 16 de abril, alunos, familiares, amigos e convidados participaram de uma live via YouTube. “É um misto de emoções. Você fica feliz por realizar um sonho, mas ao mesmo tempo não pode comemorar fisicamente com as pessoas que ama. A cerimônia foi bem legal, tivemos todos os protocolos da colação, mas foi uma relação mais distante entre as pessoas”, observa Laura Lima, 23 anos. Em menos de uma semana, a recém-formada conseguiu vaga em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Valparaíso (GO).

Eduardo Resende, 23, colega de faculdade e de trabalho da médica, também ficou satisfeito com o decreto. “Assim que ele foi publicado, nossa turma entrou em contato com a faculdade, que também estava adepta à ideia. Então foi um processo rápido. Em um dia, fizemos a colação on-line e no dia seguinte fomos pegar o certificado de conclusão de curso”, conta. A entrega do diploma aconteceu em modo drive-thru, o estudante não pôde sair do carro.

“Insegurança a gente sempre vai ter, tendo formado no período regular ou não. Nunca vamos nos sentir 100% seguros. No entanto, o momento para a formatura era crucial. Passar pela pandemia sendo médico é uma experiência única e que, se Deus quiser, a gente nunca mais vai passar na vida”, explica a médica Mayara França, 25, formada há menos de um mês pelo Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac). Ela trabalha atualmente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cristalina (GO).
Para o coordenador de medicina da Uniceplac, Flávio Moura, “a antecipação das formaturas diante do contexto pandêmico é uma decisão necessária, e traz diversos desafios aos novos profissionais”. A universidade formou 87 profissionais em colação de grau em drive-thru.

Controvérsias

A decisão de adiantar as formaturas, porém, tem trazido discussões e controvérsias em alguns centros de ensino da capital que não aderiram à MP. Para o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), a decisão é uma forma de assegurar a formação integral do aluno.

“O UDF informa que decidiu, com base na estrutura dos cursos ofertados e com a autonomia universitária, por não conceder a antecipação da conclusão do curso, devendo os alunos concluírem as aulas pendentes e obterem as respectivas aprovações para que, de fato, possam ter assegurada a capacidade laborativa da profissão”, informou a instituição, em nota.

A Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) também esclareceu que não concedeu colação de grau antecipada a nenhum estudante. “A metodologia da Escola é diferenciada em comparação ao ensino tradicional, então, por enquanto, não há previsão de estudantes que atendam aos critérios da Portaria”, informou.

A Universidade de Brasília (UnB) ainda não realizou a outorga antecipada de nenhum estudante da área de Saúde, mas há um processo em tramitação para a formatura de oito estudantes de fisioterapia. De acordo com o diretor técnico de Graduação, Wilson Theodoro, porém, não há um prazo específico para a formatura. O departamento de medicina prevê que até 20 alunos recebam a outorga antecipada.

 

Hospital de campanha do Sesc

O Serviço Social do Comércio (Sesc Nacional) construirá um hospital de campanha em Brasília para receber pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. A medida foi confirmada pelo presidente da Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), Francisco Maia, ao governador Ibaneis Rocha (MDB), em reunião realizada ontem.


O hospital contará com 400 leitos, sendo 360 de internação clínica e 40, de tratamento semi-intensivo. O local onde a estrutura será erguida não foi definido. Com a presença do ministro da Saúde, Nelson Teich, Ibaneus assina, hoje, um acordo para dar início à instalação da unidade de saúde temporária.

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